Para voltar a presidir Senado, Renan se alinha ao governo

Senador ameniza críticas à pauta liberal e diz que “sentimento do MDB é ajudar governo e fazer mudanças” no país 
 
Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado
 
Jornal GGN – O senador Renan Calheiros (MDB-AL) irá concorrer, mais uma vez, à presidência do Senado e sua campanha inclui uma aproximação com o governo Bolsonaro. “O sentimento do MDB é de ajudar o governo e fazer as mudanças de que o país precisa. Eu só posso ser produto da indicação da minha bancada se concordar com isso”, declarou o político em entrevista ao jornalista Bruno Boghossian, da Folha de S.Paulo, publicada nesta quarta-feira (09).
 
Se vencer o pleito, será a quinta vez que Renan assumirá a presidência da Casa. A campanha atual deve ser a mais difícil de sua carreira, como foi para conseguir se reeleger como senador, na última eleição. Renan Calheiros simboliza a velha política. Menos da metade dos deputados federais eleitos em 2014 conseguiu se reeleger nestas eleições e, no Senado, dos 32 que tentaram, só oito parlamentares conseguiram se reeleger. 
 
Apesar da presidência da Casa ser decidida pelos seus pares, uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, determinou que a votação que irá decidir a nova composição da Mesa Diretora do Senado, prevista para 1º de fevereiro, seja aberta, o que afastaria os parlamentares simpatizantes ao alagoano que podem não querer se expor aos eleitores.

 
O MDB entrou com um recurso no Supremo que a votação volte a ser secreta. O pedido está nas mãos do presidente e ministro do Supremo Dias Toffoli que negou hoje o pedido de votação aberta para a eleição da presidência na Câmara dos Deputados. O recurso sobre a votação no Senado deve ser decidido ainda nesta semana. 
 
Segundo informações da Folha, uma projeção feita por aliados de Renan, aponta para um placar de 52 votos, garantidos se a eleição for secreta. 
 
Para o jornal, Renan que foi um dos principais críticos no Senado às reformas econômicas do governo Michel Temer, amenizou sua posição à pauta liberal do novo governo, e se mostrou disposto a se alinhar ao ministro da Economia, Paulo Guedes. 
 
O senador tem utilizado suas redes sociais para fazer ataques às indicações políticas para cargos públicos, acompanhando o perfil dos eleitores de Bolsonaro: “Quando a sociedade muda os costumes, o Parlamento tem que atualizar as leis. Muitos itens da pauta de costumes do Bolsonaro eu vou ajudar”, disse.  
 
Renan repete a movimentação de Rodrigo Maia (DEM-REJ), presidente da Câmara dos Deputados que, para aumentar a base de apoio à releição, fechou um acordo com o partido do presidente, o PSL. Porém, o nome do alagoano enfrenta resistência dentro do partido que elegeu o presidente da República.
 
Na Câmara, a articulação entre Maia e o presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), inclusive criou revolta entre os parlamentares do MDB que prometeram, como retaliação, apoiar a candidatura Fabio Ramalho (MDB-MG), adversário de Maia na disputa. Em troca do apoio, caso vença à reeleição, Maia dará ao PSL o comando da Comissão de Finanças e Tributação, da Comissão de Constituição e Justiça  e a segunda vice-presidência da Mesa Diretora, cargos que antes estavam sendo articulados com o MDB e o PP.
 
Mas aliados e Renan acreditam que o senador tem condições de conquistar a simpatia e o apoio do novo governo, se conseguir mostrar que não será fonte de conflitos com o Executivo. Isso explica a mudança do seu comportamento nos últimos dias diante de senadores que não estão dispostos a enfrentar Bolsonaro, avalia o repórter Bruno Boghossian. 
 
“Como eu, muitos senadores não são tão liberais. Mas nós achamos que a economia vive um estágio que precisa de mudanças”, explicou Renan à Folha sobre sua aproximação com Guedes, ainda no fim de novembro. 
 
Leia também: O significado do acordo entre Maia e o PSL na Câmara dos Deputados
 
 
Redação

7 Comentários

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  1. Aberta? Uai, não se pode trair mais?

    Queria entender por que o STF (via Marco Aurelio) determina que a eleição do Senado seja aberta e a da Câmara seja fechada conforme Dias Toffoli. É trilegal ter duas opções. Se o Congresso fosse votar o destino do STF poderiam escolher simples destituição ou fuzilamento?

    1. Mais humanitário seria

      Desterro para a Ilha da Queimada Grande, também conhecida como Ilha das Cobras no litoral paulista.

      O problema seria o perigo para a fauna local…

  2. Renan, sendo o Renan

    Renan, sendo sempre o Renan….  vai onde o vento leva… onde tem mais privilégios…. No NE acho que o chamariam de “cabra safado”….

  3. Adjetivos
    Camaleônico, por sua capacidade se desaparecer no ambiente agressivo. Bagre ensaboado, pela aparente impossibilidade de prende-lo em alguma acusação. Irradiação Gama, porque atravessa governos, tempos, movimentos, e situações. Esse é o Renan!

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