Pfizer mandava de 3 a 4 e-mails por dia, diz Élcio Franco à CPI da Covid

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Ex-braço direito de Pazuello culpa Doria por polititizar a Coronavac, diz que tratamento precoce "é a melhor saída" e nega gabinete paralelo na Saúde

Foto: Agência Senado

Jornal GGN – O ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, braço direito de Eduardo Pazuello, disse à CPI da Covid, nesta quarta (9), que a Pfizer enviava de 3 a 4 e-mails por dia, reforçando as tratativas em torno da oferta de vacina contra o novo coronavírus.

A informação foi revelada após os senadores questionarem o motivo de o secretário ter deixado o laboratório sem respostas por vários meses. A Pfizer entrou em contato, pela primeira vez, em maio de 2020. Mas só em meados de agosto a pauta começou a ser tratado com mais atenção pelo ministério. Na semana passada, o senador Randolfe Rodrigues, relator da CPI, revelou que a Pfizer mandou mais de 50 e-mails à Pasta, sem resposta. Élcio afirmou que muitas vezes a empresa enviada um e-mail pela manhã e, ao longo do dia, enviava mais dois ou três “reiterando” o assunto.

Franco repetiu à CPI as mesmas desculpas usadas por Pazuello para não ter efetuado a compra de vacinas com antecedência e com um leque maior de laboratórios. No caso da Pfizer, o principal motivo teriam sido as tais “cláusulas leoninas” e o condicionamento do contrato ao pagamento antecipado e assinatura de Jair Bolsonaro, sem antes apresentar as conclusões dos testes sobre eficácia e segurança da vacina. Franco entendeu que a vacina era um negócio de risco. O mesmo não ocorreu com a Astrazeneca.

A Pfizer também teria, na visão do ex-secretário, demorado para apresentar uma solução para a questão do armazenamento da vacina e, quando apresentou, o Ministério ainda viu empecilhos no uso de caixas com gelo seco – Franco alegou que são poucos os fornecedores desse item no Brasil.

O coronanel, amigo de Pazuello de outras empreitadas, também falou sobre a resistência à Coronavac (leia mais aqui) e poupou Bolsonaro ao dizer que seus ataques à “vacina chinesa” não mudaram o curso das negociações com o Butantan. Para Franco, foi o governador João Doria quem “politizou” a Coronavac em suas trocas de farpas com Bolsonaro. “A vacina era do Butantan, não do governo de São Paulo.”

Questionado sobre o chamado “gabinete paralelo”, Franco admitiu ter encontrado a médica Nise Yamagushi e outros nomes do grupo – Arthur Weintraub, Osmar Terra, Paulo Zanotto, Carlos Wizard e Carlos Bolsonaro – em eventos do governo ou reuniões no Ministério, mas negou a existência da assessoria informal ao presidente da República. “Que eu saiba, esse grupo não teve nenhum poder de influência sobre o ministério e suas ações finalísticas”, disse.

Sobre a tese da imunidade de rebanho, ele negou que o ex-ministro Eduardo Pazuello ou outro agente público tenha conversado sobre isso. Já sobre o “tratamento precoce”, ele defendeu que é a “melhor solução” para qualquer doença.

Leia mais: Na CPI, Elcio Franco culpa incertezas e tecnologia do Butantan ao explicar resistência à vacina chinesa

Acompanhe a CPI da Covid pela TVGGN:

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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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