Jornal GGN – O ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, braço direito de Eduardo Pazuello, disse à CPI da Covid, nesta quarta (9), que a Pfizer enviava de 3 a 4 e-mails por dia, reforçando as tratativas em torno da oferta de vacina contra o novo coronavírus.
A informação foi revelada após os senadores questionarem o motivo de o secretário ter deixado o laboratório sem respostas por vários meses. A Pfizer entrou em contato, pela primeira vez, em maio de 2020. Mas só em meados de agosto a pauta começou a ser tratado com mais atenção pelo ministério. Na semana passada, o senador Randolfe Rodrigues, relator da CPI, revelou que a Pfizer mandou mais de 50 e-mails à Pasta, sem resposta. Élcio afirmou que muitas vezes a empresa enviada um e-mail pela manhã e, ao longo do dia, enviava mais dois ou três “reiterando” o assunto.
Franco repetiu à CPI as mesmas desculpas usadas por Pazuello para não ter efetuado a compra de vacinas com antecedência e com um leque maior de laboratórios. No caso da Pfizer, o principal motivo teriam sido as tais “cláusulas leoninas” e o condicionamento do contrato ao pagamento antecipado e assinatura de Jair Bolsonaro, sem antes apresentar as conclusões dos testes sobre eficácia e segurança da vacina. Franco entendeu que a vacina era um negócio de risco. O mesmo não ocorreu com a Astrazeneca.
A Pfizer também teria, na visão do ex-secretário, demorado para apresentar uma solução para a questão do armazenamento da vacina e, quando apresentou, o Ministério ainda viu empecilhos no uso de caixas com gelo seco – Franco alegou que são poucos os fornecedores desse item no Brasil.
O coronanel, amigo de Pazuello de outras empreitadas, também falou sobre a resistência à Coronavac (leia mais aqui) e poupou Bolsonaro ao dizer que seus ataques à “vacina chinesa” não mudaram o curso das negociações com o Butantan. Para Franco, foi o governador João Doria quem “politizou” a Coronavac em suas trocas de farpas com Bolsonaro. “A vacina era do Butantan, não do governo de São Paulo.”
Questionado sobre o chamado “gabinete paralelo”, Franco admitiu ter encontrado a médica Nise Yamagushi e outros nomes do grupo – Arthur Weintraub, Osmar Terra, Paulo Zanotto, Carlos Wizard e Carlos Bolsonaro – em eventos do governo ou reuniões no Ministério, mas negou a existência da assessoria informal ao presidente da República. “Que eu saiba, esse grupo não teve nenhum poder de influência sobre o ministério e suas ações finalísticas”, disse.
Sobre a tese da imunidade de rebanho, ele negou que o ex-ministro Eduardo Pazuello ou outro agente público tenha conversado sobre isso. Já sobre o “tratamento precoce”, ele defendeu que é a “melhor solução” para qualquer doença.
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