Prisão de Lula: A lógica que interessa não é a do povo brasileiro, mas das oligarquias internacionais.

Prisão de Lula: A lógica que interessa não é a do povo brasileiro, mas das oligarquias internacionais.

Dezenas de articulistas e comentaristas, nos mais diversos locais em que opiniões mais plurais ainda são permitidas, parecem que não entenderam bem como é a estrutura do golpe e em que conjuntura vivemos agora. Ficam surpresos que os movimentos contra uma liderança como Lula e o PT podem causar sérios embates físicos no Brasil, levando ou a situações de tumulto, ou a situações pré-revolucionárias ou mesmo situações de guerra civil, deixa todos os comentaristas espantados. Porém, esta perpectiva sinistra para a população brasileira, não tem a menor importância, pois os fatos são naturalizados para o poder das Oligarquias internacionais, e servem perfeitamente ao plano geral, não o do golpe no Brasil, mas do que é idealizado para todos os países periféricos.

Para se entender o porquê desta frieza em procurar com ações do tipo, prisão de Lula, que potencialmente eliminam a capacidade de mediação num caso de ruptura do tecido social brasileiro, deve ter por ponto de partida de onde saiu o golpe e de onde ele se sustenta! Sem colocar este parâmetro de importância absoluta, vamos sempre ficar como cachorros, correndo atrás do rabo, e sem entender a “logica golpista”.

Os mais apressados vão dizer que o golpe saiu do mesmo ponto em que saiu o de 1964, porém estes não entendem que esta simplificação é extremamente grosseira a medida em que não leva em conta as percepções externas que o Imperialismo norte-americano vê não só o Brasil também o resto do mundo.

O golpe que ocorreu até agora e que está em direção de aprofundamento através de um provável mando militar claro em todas as esferas, assim como o de 1964 foi tramado em conjunto com as forças reacionárias internas ao Brasil e o Estado norte-americano. Entretanto pode-se dizer claramente que a visão externa das forças conspiratórias é completamente diversa, e sem desviar muito do ponto principal vamos a visão atual que os USA tem das forças militares nacionais e a diferença que tinha em 1964.

Em 1964 a segunda grande guerra havia terminado a 19 anos, e nesta guerra o Brasil havia participado como um ator menor, porém claramente um aliado. A geração de militares norte-americanos que estava no comando, muitos deles haviam sido companheiros de armas das tropas brasileiras, pequenas, mal treinadas, mas aliadas. Esta visão dentro do espírito militar é importante, mesmo que não significativa para a definição da guerra, a aliança e a luta conjunta deixa marcado uma imagem que só desaparece quando desaparece a geração que participou da luta. Por este motivo, e por outros geoestratégicos também importantes, como a presença da União Soviética, Cuba como um fator de desestabilização da América Latina, trazia os militares brasileiros para o status de aliados. Além disto temos que levar em conta que na época a visão global do governo civil norte-americano era também diferente, com o fracasso da Baia dos Porcos, se via a necessidade de golpes organizados de dentro para fora e com o auxílio total do USA.

Também temos que levar em conta que em 1964 o “deep state” ainda não tinha totalmente se organizado. O famoso discurso do fim de mandato do presidente norte-americano Dwight Eisenhower, o general comandante de todas as tropas na Europa do lado norte-americano que vaticinou com todas as letras o seguinte presságio:

…Um imenso poderio militar e uma grande indústria armamentista são novos na experiência americana. A sua total influência – econômica, política e até espiritual – pode ser sentida em cada cidade, cada estado, cada escritório do governo federal. Nós reconhecemos a imperativa necessidade deste desenvolvimento. Ainda assim, nós não devemos deixar de compreender suas graves implicações. …Nós devemos nos guardar da aquisição de influência indevida, buscada ou não, do complexo militar-industrial. O potencial para o desastre do poder mal-usado existe e vai persistir. Nós não devemos deixar o peso dessas combinações pôr em perigo nossas liberdades e processos democráticos

O poderoso presidente norte-americano, que possuía cinco estrelas nos seus ombros, deixou claro que algo se levantava para governar o país que não era realmente os poderes eleitos, mas sim um “deep state”, que cada vez governa mais do que o próprio governo norte-americano.

Pois bem, voltando ao assunto, quem organiza os golpes nos outros países não é mais a Casa Branca como parcialmente ela fez em 1964 nas mãos de John Kennedy e posteriormente Lyndon Johnson, mas sim uma Oligarquia Internacional que tem claramente um plano para qualquer forma INDEPENDENTE de organização de qualquer país, fora do círculo de comando, seja excluído e minimizada a sua importância externa e interna. Se para isto o país entre em convulsão interna e mesmo guerra civil e ter demolida a sua infraestrutura isto é um GANHO E NÃO UMA PERDA.

Mas voltando a visão que o Imperialismo Internacional tem das forças armadas dos países, é que somente uma das forças devem ter importância e poder, as forças armadas norte-americanas, ou devem contribuir para ações norte-americanas através de pactos como o da OTAN, e estes exércitos preferencialmente armados com equipamentos militares norte-americanos.

Porém enquanto para os países europeus é guardado um status de aliado, para as forças armadas dos outros países periféricos é guardada uma posição extremamente vil, para as forças armadas em países como o Brasil, elas devem mesmo a servir como uma força complementar as polícias militares estaduais, não ao contrário, para combater o inimigo que o Estados Unidos escolherem, no caso da Europa é o terror islâmico, como no Brasil e na América Latina não há muçulmanos suficientes para serem tidos como uma organização que vá atacar o Estado Nacional (apesar dos elementos de extrema-direita totalmente toscos e ignorantes, o terror islâmico é um alvo), a guerra às drogas é o principal inimigo. O mais interessante é que dentro dos USA mais e mais estados começam a considerar as drogas como legais. As drogas, devido ao seu potencial poder de corrupção, são o inimigo ideal para ser combatido pelas forças armadas, pois qualquer um pode ser colocado dentro deste mercado como agente, e a corrupção resultante enfraquecerá ainda mais as forças armadas dos países periféricos.

A imagem que querem transmitir os governos centrais dos países periféricos alia governos “corruptos” com traficantes de drogas, logo, qualquer extermínio de corruptos e de traficantes fica automaticamente palatável para o poder central, pois ela pode ser utilizada como propaganda na imprensa internacional e validar ações como a prisão de Lula.

O importante que quero descrever aqui, que caras de espanto quando notícias sobre uma provável prisão de Lula, são produto mais de uma ignorância dos espantados, do que a lógica do fato. Uma prisão de Lula pode levar a tumultos e atos mais graves. Estes tumultos terão duas imagens, uma interna do país que já ciente do golpe jurídico que foi armado contra o ex-presidente, verá como uma manifestação legítima do povo, logo uma repressão violenta a esta será tomada pela população em geral como um golpe sobre o golpe.

Por outro lado, os mesmos fatos narrados na imprensa Oligárquica Internacional, a visão do leitor será de um país de corruptos e traficantes que estão sofrendo uma punição das forças armadas. A medida que o tempo passar a visão passará a ser de mais uma daquelas forças armadas que aparecem em seriados e filmes norte-americanos em que enchendo de dólares as mesas dos generais, quem paga fica com direito de fazer o que quiser.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador