Orçamento é um “problema”, mas “proponho que a gente olhe para frente e avance”, declara nova ministra dos Direitos Humanos

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Macaé Evaristo falou sobre os desafios da pasta e afirmou que sua prioridade neste momento é "fortalecer internamente a equipe”

Crédito: Ricardo Stuckert

A nova ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, concedeu sua primeira entrevista à frente do cargo, ao jornal O Globo, publicada nesta quinta-feira (12). Na ocasião, ela falou como pretende enfrentar os desafios da pasta, como a redução do orçamento e a necessidade de avançar em temas já colocados na mesa, como a proteção de vulneráveis. 

Evaristo classificou o orçamento do Ministério dos Direitos Humanos como um “problema” para o sucesso de sua gestão, já que o aporte da pasta teve uma redução de 37% em 2024, e as previsões para 2025 continuam abaixo dos níveis de 2023. “Eu vejo, claro, isso como um problema”, afirmou. 

Segundo ela, os esforços para contornar essa questão se concentram na busca por parcerias, a fim de garantir recursos suficientes para implementar as políticas previstas. “Vou ter que bater em muitas portas, não só para aumentar especificamente o orçamento, mas também para avançar na efetivação do que foi acordado com outros ministérios em políticas ligadas a esta pasta”, explicou. 

A ministra destacou ainda que é preciso que a “gente olhe para frente, trabalhe bastante e que avance nas pautas, cumpra os objetivos. A gente tem um orçamento restrito, mas vamos executar esse para a gente poder pedir mais. Ano que vem nós queremos mais”, disse. 

Evaristo ressaltou que uma de suas prioridades neste momento é “fortalecer internamente a equipe” da pasta, além de programas de apoio aos mais vulneráveis, como o “Ruas Visíveis”, voltado para a população de rua.

A população brasileira cresceu em uma medida, a população de rua cresceu N vezes mais. Então, tem aqui iniciado um plano, chamado Ruas Visíveis, ainda com um orçamento, na minha avaliação, que precisa ser incrementado e com ações que são desenhadas, mas que precisam ir com muito mais força para a rua”, destacou. 

Questões de raça

Ao falar sobre as questões de raça e representatividade, a ministra deixou claro que foi escolhida por sua trajetória, e não por ser uma mulher negra.

A grande questão para mim é que eu estou aqui também porque eu sou uma mulher e também porque eu sou negra. Mas não é isso que faz a diferença. Eu acho que o que faz a diferença é que eu tenho uma trajetória de muita responsabilidade, de compromisso com os direitos humanos e tenho uma experiência de gestão que também é importante”. 

Caso Silvio Almeida

Evaristo também abordou as repercussões do caso de denúncias de assédio envolvendo seu antecessor, Silvio Almeida. A ministra foi firme ao criticar a generalização de comportamentos individuais no contexto de uma sociedade racista. “Quando a gente dá certo, é mérito, é individual. Mas se alguma coisa não funciona bem, o conjunto dos indivíduos é penalizado”, declarou.

Sobre a forma como o caso de Almeida foi tratado, Evaristo disse não conhecer os procedimentos adotados, uma vez que não estava no ministério, mas defendeu políticas que protejam e preservem as vítimas, além de garantir a responsabilização dos infratores.

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