Quem é o Doutor Nico, delegado à frente do caso do delator do PCC morto no aeroporto de Guarulhos

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Nesta semana, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, anunciou a criação de uma força-tarefa para dar uma resposta rápida à execução de um empresário que delatou o PCC e acabou executado, em plena luz do dia, no aeroporto de Guarulhos. À frente do grupo está o experiente delegado de Polícia Civil, Osvaldo Nico Gonçalves, mais conhecido como Doutor Nico, que andou chamando a atenção da mídia e da classe política nos últimos anos.

Doutor Nico é o atual secretário executivo da Secretaria de Segurança Pública, braço direito de Derrite. Na eleição de outubro de 2024, foi cotado por Derrite e o governador bolsonarista Tarcísio de Freitas para ser o candidato a vice-prefeito de Ricardo Nunes, que acabou reeleito tendo outro policial (militar) na chapa.

Segundo jornalistas que cobrem segurança em SP há décadas, Nico é respeitado no meio em que atua e vem escalando cargos ao longo de sua carreira, tendo passado pela chefia de um grupo de operações policiais estratégicas e pelo cargo de delegado-geral da Polícia Civil, por exemplo.

Preterido na chapa de Nunes, foi cogitado também para assumir a secretaria de segurança municipal no próximo governo. Está está na polícia civil desde os anos 1990 e sua família é dona da franquia Sala Vip, uma rede de pizzarias e restaurantes com unidades espalhadas pela capital, ABC Paulista e litoral.

No passado, Doutor Nico recebeu holofotes por ter atuado em casos midiáticos, como o sequestro da empresária, herdeira do SBT e filha do apresentador Silvio Santos, Patrícia Abravanel. Nico também esteve na equipe que conseguiu encontrar e prender o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, ligado à milícia de Rio das Pedras, no Rio de Janeiro, e investigado pelo Ministério Público fluminense por esquema de corrupção.

Em artigo no R7, o escritor e comentarista de TV Percival de Souza escreveu que Nico é “um delegado de polícia super-experiente, com longa carreira no Garra, o grupo da Polícia Civil contra roubos e assaltos, e primeiro diretor do recém-criado Dope, o Departamento de Operações Estratégicas. É do ramo. Faz polícia por paixão. Tem vocação. Muita vontade. É melhor [que Derrite, capitão da PM que não conta com o respeito do alto escalão da corporação para comandar a SSP]. Detesta o que chama de “vagabundos”. Ninguém gosta. Mas também esta é a primeira vez que um delegado da polícia assume o comando da pasta”, pontuou Souza em na publicação de março de 2024.

Em outras reportagens, Nico afirmou que não tem participação direta na administração da franquia de restaurantes de sua família. Nos últimos anos, a rede conseguiu abrir, no mezanino do Mercado Municipal de São Paulo, reformado no âmbito do Projeto de Revitalização do Centro, abrir um restaurante de comida italiana. A franquia que fez o patrimônio declarado de Nico chegar a mais de R$ 12 milhões conta com unidades em Moema, Jardins, Guarujá, Ipiranga, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul.

Na força-tarefa para investigar a execução do delator do PCC estão, além de Nico, o delegado Caetano Paulo Filho, do Departamento de Inteligência da Polícia Civil, a delegada do DHPP, Ivalda Aleixo, o coronel Pedro Luís de Souza Lopes, chefe do Centro de Inteligência da PM, o coronel Fábio Sérgio do Amaral, da Corregedoria da PM, e a perita criminal Karin Kawakami de Vicente.

Integrantes do Ministério Público e da Polícia Federal foram convidados a participar das investigações por meio do compartilhamento de informações.

Nesta terça (12), a força-tarefa criada SSP determinou o afastamento de oito policiais militares que são investigados pela Corregedoria da instituição. 

Um inquérito policial militar instaurado pela Corregedoria da PM há mais de um mês apura o envolvimento dos policiais na escolta pessoal do delator do PCC, o que seria uma ação irregular. A Corregedoria da Polícia Civil também investiga se policiais civis supostamente envolvidos com o empresário. 

Com informações do Governo de SP