Atualizado: a velha Veja de volta, com a história do funcionário que queria ser presidente

Leia, primeiro, o título

Investigação de VEJA nos e-mails do Planalto complica Lula na Zelotes

Toda a denúncia se baseia em uma entrevista de um funcionário de carreira da Casa Civil, reclamando que Lula, e, depois, Dilma, tratava medidas diretamente com os Ministros, sem passar antes por sua  augusta aprovação:

“Nenhum governo do presidente Lula, e depois também do presidente Dilma, tornou-se muito comum ou ministro levar uma medida provisória e despachar diretamente com o presidente. Saía do gabinete já com o sinal verde. No mesmo dia, à noite, receba uma proposta de MP, às vezes pelo e-mail, com a seguinte orientação: ‘Olha, tem que sair amanhã’. Isso é absolutamente equivocado. Implantar uma lógica própria da análise de mérito da matéria, uma das atribuições da Casa Civil. ”

É fantástico! À Casa Civil compete analisar a legalidade das medidas assim como o seu encaminhamento jurídico. O funcionário em questão exigia mais: analisar antecipadamente  o mérito das MPs.

A denúncia sobre a prorrogação dos incentivos à indústria automobilística é hilária, se não fosse tomada como álibi para mais um ataque da Polícia Federal de Sérgio Moro.

Sem nenhum medo do ridículo, a revista endossa a “denúncia” do funcionário, de que o presidente da República e o Ministro da Fazenda planejavam acordos “entre quatro paredes”. Não era o presidente e um lobista, ou o Ministro da Fazenda e um lobista: era o Presidente com o Ministro da Fazenda, as duas autoridades que poderiam decidir sobre o tema.

Diz a revista:

“Na noite de 24 de novembro de 2009, por exemplo, Santos anunciou Dilma e Erenice Guerra de Lula “despachava” diretamente com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre as isenções fiscais para o setor automobilístico oficializado por MP 471. A Casa Civil faz referência a um acordo feito em quatro paredes no gabinete de Lula, sem critério técnico”.

Tornou-se reunião “entre quatro paredes”, porque o Presidente cometeu a falta imperdoável de não consultar antes o novel funcionário, para saber o que ele achava do mérito da questão.

O fecho da reportagem é o mais extraordinário.

Primeiro, “o técnico afirma que, quando Lula assinou uma medida provisória 471, investigada na Operação Zelotes, alertou o então titular da Casa Civil para uma forma afoita com que o assunto era tratado”.

Depois, indagado sobre a suspeita de pagamento de propina para a MP ser editada, o funcionário responde:

“Já vi tudo isso com preocupação. É óbvio que ninguém assinou um contrato de firma ou compromisso de entregar uma MP a A, B ou C, mas não é totalmente absurdo que isso possa ter acontecido. Nesse caso específico, o setor automotivo, se alguém pagou, foi enganado, comprou um terreno na Lua. Era quase impossível que aquele benefício não fosse prorrogado. ”

É a velha Veja de volta, contando casos confiando na total falta de discernimento dos leitores.

Atualização

O funcionário Luiz Alberto Santos deu o seguinte depoimento ao juiz, do caso Zelotes, que a Veja não incluiu em sua atualização da reportagem:

Luiz Alberto dos Santos: Não. Esse e-mail, inclusive, isso causou na época certo estranhamento, porque na revista Veja de forma muito irresponsável fez uso de vazamento de informação pra publicar, inclusive, uma matéria que eu julgo de caráter sensacionalista, tentando associar um documento de 2009, uma mensagem de 2009, que se referia a Decretos Presidenciais, especificamente a três Decretos Presidenciais que foram submetidos à Casa Civil no prazo praticamente 24 horas para exame e reclamação aos técnicos que não tiveram tempo de examinar, eu registrei e encaminhei ao ministro da Casa Civil e sua secretaria executiva no sentido de preocupação que essa pratica pudesse comprometer a qualidade da nossa análise. Esse e-mail não Absolutamente relação com o conteúdo a Medida da questão.

 

Luis Nassif

6 Comentários

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  1. Com base em que recomendação divina, os ministros da Casa Civil do governo Lula aceitaram “colaboração” de funcionário tão “competente”, “tão ciente das suas atribuições subalternas” e, sobretudo, tão honestamente
    “leal”? Trazendo o assunto para hoje, pelas insinuações levianas sobre acordos, ele está a serviço de quem?

  2. Nomes, por favor: redação, edição, reportagem etc. Quem são esses péssimos profissionais se fazendo passar por jornalistas? Sim porque ficarem escondendo suas pusilanimidades e falta absoluta de ética atrás do nome de uma revista, mesmo que a desculpa seja “ah, mas eu preciso manter meu emprego”, é vergonhoso. Agora, se em vez disso os trabalhadores que produziram tal vilania são mesmo é néscios, mais uma razão: que suas ignorâncias não se revistem de credibilidade só porque a firma em que trabalham tem algum poder.

    Quem é responsável por essas barbaridades?

  3. Outro cretino e calhorda querem receber alguns caraminguás por fora: de quem? Ora, ora e ora, dos de sempre. E dizer que nossos poliças federativos e seu desMoronado ministreco ficam gastando dinheiro público com esses estropícios. Mas, país de merrecas é isso.

  4. O ódio e o preconceito produz a devastação do raciocínio e abre a porta para a estupidez do ridículo. Também estampa para o mundo, o tamanho da degradação ética, moral, intelectual e editorial, daquela que se tornou uma ignorada e desacreditada publicação.

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