Não há limites para o show de horrores. Depois da histeria do dia 15 de março – e que, apesar disso (ou por causa disso) não pode ser ignorada – topo com essa postagem do sítio “Addicting Info“. Se aqui os pais estão transformando as crianças a colheradas de ódio, nos EUA já fazem o que alguns preconizam aqui: criminalizá-las. No mais das vezes, arbitrariamente.
Me pergunto se aqueles exibindo cartazes em inglês no dia 15/03 não vão querer implementar medidas parecidas aqui…
Criança ‘Superdotada e talentosa’ de 11 anos suspensa por um ano por levar uma folha à Escola
No estado da Virginia, um aluno de sexta série, participante de um programa para “superdotados e talentosos” adorava a escola em que estudava e tinha um futuro brilhante pela frente, até que ele levou uma folha para lá.
Linda e Bruce Bays, ambos professores da escola, ficaram surpresos ao receberem um telefonema de Bedford Middle School em setembro de 2014, quando lhes foi dito que seu filho de 11 anos tinha violado a política anti-drogas da escola. O aluno foi suspenso por um ano inteiro por “posse de maconha”, e foi-lhe ordenado que passasse por uma avaliação para problemas de abuso de substâncias por um psiquiatra pediátrico. Ele também foi enviado ao tribunal de infância e adolescência, acusado por porte de drogas.
Porém, a escola e escritório do xerife do condado sabiam o tempo todo que a folha que o menino levou à escola era totalmente inofensiva. A família só descobriu que seu filho era inocente das acusações em novembro, quando seu advogado solicitou testes de laboratório da folha; isso apesar de os promotores já terem confirmado o fato três vezes.
Como Dan Casey relata para o Roanoke Times:
Havia apenas um problema: Meses após o fato, o casal veio a saber que a substância não era maconha. O promotor da infância e adolescência desistiu do processo, porque exames de laboratório deram negativo três vezes seguidas..
A ação movida pela família acusa o gabinete do xerife de Bedford County de litigância de má fé, pois processou o menino apesar de possuir os resultados de exames de laboratório que comprovaram a folha não era maconha.
“Os exames de laboratório não foram inconclusivos, mas sim negativos”, disse o advogado dos Bays, advogado Roanoke Melvin Williams. “No entanto, a xerife declarou ao juiz, sob juramento, que o menino levou maconha para a escola.”
A ação também acusa as Escolas do Condado de Bedford de violarem os direitos ao devido processo legal de seu filho garantidos pela Constituição dos Estados Unidos.
“Essencialmente, eles o chutaram para fora da escola por algo que não podiam provar que ele fez”, disse Williams.
Apesar de saber que não havia drogas ilegais no caso, o diretor adjunto da Bedford Middle School Brian Wilson exigiu a expulsão imediata do menino no momento do incidente – e agora, ainda que permita o seu retorno, o menino ainda estará sujeito a regras probatórias estritas, como se fosse uma espécie de “liberdade condicional”.
O menino, que antes era um menino alegre e comunicativo e com notas quase perfeitas, sofre agora com ataques de pânico e depressão depois de meses de estresse. Ele disse a seus pais que ele acredita que sua vida escolar e profissional acabaram, devido a essas acusações.
O que poderia ter sido descartado como uma brincadeira inofensiva (como muitos de nós que fizemos piadas semelhantes nesta idade, como eu mesma) tem sido usado, cada vez mais, como justificativa por escolas e funcionários para destruir uma vida ainda em formação. Isso se insere no crescente problema do comportamento de crianças em idade escolar, principalmente em áreas carentes e de não-brancos, em que se criminaliza o mau comportamento dos jovens.
Em vez de professores, muitas escolas têm agora ‘School Resource Officers ‘ patrulhando os corredores, que criminalizam maus comportamentos fora do padrão esperado. Quais são os crimes que tais crianças cometem?
- Em Fairfax County, Salecia Johnson, de seis anos de idade foi algemada, acusada de espancamento e colocada em uma cela por fazer birra.
- No Texas, Sarah Bustamantes, de doze anos de idade, foi presa por usar perfume, numa tentativa de impedir que valentões mexessem com ela e dissessem que ela fedia.
- Em Albuquerque, um menino de 13 anos de idade, foi algemado e levado para a detenção juvenil por arrotos em sala de aula.
- Uma estudante do ensino médio teve o braço quebrado por um guarda de segurança da escola por deixar migalhas no chão depois de derrubar um pouco de bolo de aniversário no refeitório. Ela então foi presa por jogar lixo no chão.
- Um estudante de sete anos de idade, com necessidades educativas especiais recebeu spray de pimenta no rosto aplicado por um policial na escola, por subir em cima de uma estante.
Em 2011, a polícia de Nova York prendeu mais de um estudante de um dia no sistema de ensino público, e 90% deles eram negros.
Em 2010, só o estado do Texas sozinho emitiu 300.000 bilhetes de ‘contravenção Classe C‘ para crianças de escolas norte-americanas a partir de seis anos – resultando em multas, serviços comunitários e até mesmo prisões.
Essencialmente, esta é a auto-estrada escola-prisão em ação. E agora, temos mais uma criança criminalizada aos 11 anos de idade que poderia ser simplesmente mandada para casa, onde receberia um belo sermão e voltaria às aulas no dia seguinte, sem maiores problemas. Se não se enfrentar a histeria da guerra às drogas e a conexão entre o negócio de prisões com fins lucrativos e as escolas dos EUA, outras crianças terão o mesmo destino.
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