Tenente-médico é apontado como figura central no gabinete paralelo de Bolsonaro

Anestesista seria o autor da minuta do decreto que mudaria a bula da cloroquina. Gabinete paralelo foi denunciado à CPI da Covid pelo ex-ministro Mandetta

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Jornal GGN – O tenente-médico Luciano Dias Azevedo, da Marinha, está no “centro” do esquema do gabinete paralelo que orientou Jair Bolsonaro a apostar no “tratamento precoce” com hidroxicloroquina e outros medicamentos sem eficácia cientificamente comprovada contra Covid-19, em vez de respeitar as medidas de mitigação da pandemia recomendas por epidemiologistas, como máscara e distanciamento social. A informação foi revalada pelo Correio Braziliense nesta segunda (24).

Segundo o jornal, Azevedo é o autor da minuta de decreto presidencial que buscava mudar a bula da cloroquina para fazer constar a indicação para tratamento de Covid-19, mesmo sem a conclusão de estudos clínicos. À CPI, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta revelou a existência do “assessoramento paralelo” e da reunião em 20 de abril de 2020, em que a minuta de decreto foi apresentada. Já o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, explicou que apenas a empresa detentora dos direitos sobre a hidroxicloroquina no Brasil poderia requerer e providenciar a mudança na bula.

“Em todas as conversas com médicos como Nise [Yamagushi] e o virologista Paulo Zanotto para se chegar à proposta de mudança na bula da cloroquina, o tenente Azevedo deixou claro que o tema era prioridade para o Palácio do Planalto, pois o presidente Bolsonaro precisava reforçar o discurso dele em favor do tratamento precoce contra a covid-19”, informou o Correio.

Mandetta não quis saber da proposta e o presidente da Anvisa também rejeitou acatá-la na reunião, mas “o tenente Azevedo continuou auxiliando Arthur Weintraub em suas peripécias no gabinete paralelo.” Arthur, segundo a imprensa noticiou no último final de semana, teria sido encarregado de buscar médicos para sustentar as ideias de Bolsonaro na pandemia.

De acordo com a reportagem, o tenente Azevedo ganhou um cargo no Capes durante a gestão de Abraham Weintraub no Minsitério da Educação. “A ligação do militar com os irmãos Weintraub (…) permanece forte. Assim como ele continua dando consultoria ao gabinete paralelo, segundo fontes.”

Azevedi já participou de eventos elogiando o Bolsonaro por ter tomado cloroquina quando teve Covid, e ainda entregou ao presidente da República uma carta, em nome de 10 mil médicos do país, incentivando o uso da substância. “Aprendemos, com o atendimento precoce, que atacar o vírus já na fase inicial da doença usando remédios simples, como a hidroxicloroquina, a azitromicina, o zinco, junto com outros medicamentos, torna essa doença mais branda e impede que a maioria dos doentes se agrave. Isso faz com que consigamos tratar a maioria dos pacientes, ainda que piorem, sem a necessidade de internação e no conforto dos seus lares”, declarou.

O Brasil registra hoje mais de 16 milhões de casos de Covid-19 e 449.068 mortes.

Redação

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  1. As Forças Armadas recrutam anualmente centenas de médicos e outros profissionais de nível superior para cumprirem o Serviço Militar Obrigatório ou serviço temporário por até nove anos. Portanto, há uma quantidade enorme de civis que passaram pela caserna e hoje são reservistas de primeira ou segunda categoria. São militares? Bem… Os oficiais recebem uma carta patente e permanecem com ela mesmo na reserva, mas são militares? depende do ponto de vista. Quem cumpriu o Serviço Militar Obrigatório, por um ano, pode se dizer militar? Até pode, mas não passa de um embusteiro. Pois se for assim, a maioria da população brasileira é militar.

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