Delação acusa Marcelo Bretas de parcialidade e politicagem na Lava Jato do Rio

Bretas é acusado de usurpar função do MP ao negociar diretamente com advogados os termos de acordos de delação, além de favorecer Witzel em troca de cargo para irmã

Advogado disse ter documentos que comprometeriam Marcelo Bretas Fernando Frazão/Agência Brasil

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Jornal GGN – O jovem advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho há não muito ocupava páginas de jornais por causa de rumores a respeito de seu relacionamento com a Lava Jato do Rio de Janeiro. Com apenas 31 anos, o criminalista construiu uma clientela notável e causou alvoroço entre colegas de advocacia, que passaram a questionar uma possível relação de privilégios com o juiz Marcelo Bretas e os procuradores da força-tarefa.

Corta para 4 de junho de 2021. Após o ex-juiz Sergio Moro, da Lava Jato em Curitiba, ter sua parcialidade praticamente reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no caso triplex, contra Lula, chegou a vez de Marcelo Bretas. Mas em vez de habeas corpus no STF, Bretas é alvo de uma delação premiada feita por Nythalmar com a Procuradoria Geral da República.

O jovem advogado, que está disposto a admitir que combinava o abrandamento de penas para seus clientes diretamentecom Bretas, decidiu denunciar as exorbitâncias do juiz.

Trechos da delação, que ainda não foi homologada pela Justiça, estampam a revista Veja desta semana. A reportagem afirma que Nythalmar tem áudios que mostram Bretas usurpando a competência do Ministério Público Federal ao negociar os termos do acordo de delação de Fernando Cavendish.

“(…) Bretas não é imparcial. Muito pelo contrário. Ele se comporta como policial, promotor e juiz ao mesmo tempo: negocia penas, orienta advogados, investiga, combina estratégias com o Ministério Público, direciona acordos, pressiona investigados, manobra processos e já tentou até influenciar eleições — evidentemente tudo à margem da lei”, descreveu Veja com base na delação de Nythalmar.

No áudio acessado por Veja, Bretas diz que conversou com o procurador Leonardo Cardoso de Freitas, então coordenador da Lava-Jato no Rio de Janeiro, para afinar os termos do acordo de Cavendish. O juiz antecipou ao advogado que abrandaria a pena na sentença e ainda observou que Cavendish estava assustado com a possibilidade de ser sancionado como o almirante Othon, condenado por Bretas a 43 anos de prisão.

Na reportagem, Bretas também é acusado de ter tentado interferir na disputa eleitoral de 2018 ao vazar um material da Lava Jato para prejudicar a candidatura de Eduardo Paes e favorecer o candidato Wilson Witzel, que perdeu o cargo de governador em recente processo de impeachment.

Em troca do apoio a Witzel, diz a delação, a irmá de Bretas, Marcilene Cristina Bretas, ganhou um cargo na Controladoria-Geral do Estado.

O juiz da Lava Jato fluminense também é acusado pelo delator de ter poupado a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo negociando diretamente e informalmente a delação de Sergio Cabral.

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