Os motivos alegados para o afastamento do juiz Eduardo Appio

Enquanto o afastamento de Appio era executado, em sigilo, a juíza Gabriela Hardt pediu transferência para Santa Catarina

O TRF4 (Tribunal Regional da 4a Região) decretou o afastamento cautelar do juiz Eduardo Appio, da 13a Vara.

Segundo o relatório do TRF-4, a representação partiu do desembargador Marcelo Malucelli, da 8a Turma do tribunal – onde ficam os processos da Lava Jato – e que, anteriormente, havia se declarado suspeito de analisar os casos, mas só depois da imprensa ter divulgado as relações de seu filho com o casal Sérgio Moro-Rosângela Wolff. Além de sócio do escritório de ambos, o filho de Malucelli namora a filha do casal.

Logo depois, outro desembargador da mesma turma, Loraci Flores, declarou-se impedido de julgar caso envolvendo o ex-Ministro da Fazenda Antonio Palocci, por ser irmão do delegado Luciano Flores, da Polícia Federal, que atuou na Lava Jato.

O terceiro membro da 8a Turma, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, que atuou ostensivamente em favor da Lava Jato, quando presidia o Tribunal.

Segundo Malucelli, o juiz Eduardo Appio – que assumiu a 13a Federal – teria telefonado para seu filho, para confirmar a filiação, e o teria ameaçado.

O relatório da corregedoria esclarece que o procedimento nada tem a ver com os atos processuais de Appio, nem quanto às entrevistas que concedeu no período. Mas apenas em relação a um episódio de ligação telefônica para o filho de Malucelli, que teria sofrido ameaças e constrangimento.

Quando vazou a informação sobre as ligações do filho de Malucelli com os Moro, era obrigação do juiz investigar a veracidade ou não dela, consultando dados cadastrais do Imposto de Renda. Appio, de fato, não se identificou na ligação. Quanto às supostas ameaças, soam inverossímeis e nem são comprovadas pela transcrição da ligação.

Com base no relatório, decidiu-se pelo afastamento temporário de Appio, “não se considerando que o afastamento seja configurado como medida punitiva em tal espécie de caso, mas, sim, acautelatória, exigindo-se, de toda sorte, decisão fundamentada”. O afastamento se dará até o final do julgamento.

O afastamento implicará:

(a) do ponto de vista físico, imediata suspensão do acesso às dependências e prédios da Justiça Federal , inclusive não podendo acessar a vara e suas dependências;

(b) do ponto de vista dos sistemas eletrônicos, imediata suspensão de acesso aos seguintes sistemas: (1) à rede corporativa interna da Justiça Federal, inclusive com suspensão de acesso à Intranet; (2) aos sistemas corporativos do Conselho Nacional de Justiça, exceto o PJeCor (neste PJeCor ele continua vinculado para que possa exercer seu direito de defesa); (3) ao SEI (assegurado o acesso externo aos expedientes disciplinares necessários à sua defesa); (4) aos demais sistemas corporativos da Justiça Federal, exceto E-mail funcional e SERH.

(c) quanto à arrecadação e ao acautelamento de bens , visando à necessária instrução e por se tratar de bem da União, em relação ao computador de mesa (desktop) do gabinete do magistrado , deverá o Diretor do Foro da Seção Judiciária do Paraná, acompanhado de duas testemunhas, proceder à arrecadação e ao acautelamento do bem em local seguro, em estrutura devidamente lacrada, a ser acautelada na Direção do Foro do Paraná.

Sintomaticamente, enquanto o expediente acontecia, em sigilo, a juíza substituta Gabriela Hardt – notoriamente ligada à Lava Jato – pediu transferência para Santa Catarina. E um novo juiz substituto deverá ser indicado.

Todos os procedimentos, em relação à Lava Jato, ficam suspensos a partir de agora, mostrando que, por outras vias, a 8a Turma conseguiu interromper a revisão de Appio.

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Luis Nassif

7 Comentários

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  1. Sendo verdade que o referido juiz realmente passou um “trote” no filho do desembargador, é caso nao só para afastamento do cargo, como também de internacao compulsoria em hospital psiquiatrico. Nao se trata de um “bandido”, mas sim de um enfermo mental.(para utilizar expressao do Codigo civil)

      1. Não faz sentido que o Juíz Appio tenha feito ligações para achacar o filho de Maulicelli, isso é mais uma armação da República de Curitiba.
        Imitar voz através de um especialista ou via AI é trivial.

  2. Já passou da hora de colocar estes vagabundos da lava rato atrás das grades.
    Estão se borrando de medo de uma investigação séria porque sabem que muito lixo será encontrado por baixo do tapete, então dificultam de todas as maneiras que podem essa investigação.
    Penso que TODOS os desembargadores daquele tribunal deveriam ser afastados e uma correição profunda deveria ser feita naquele TRF4.
    Ali, com certeza tem ma quadrilha encastelada.

  3. Enquanto isso, a Hardt assume o lugar do Appio, destrói todas as provas colhidas por ele, altera dados no sistema, interrompe todos os procedimentos da lava-rato, a ainda planta uma capivara pra ele. O quadrilhão está fazendo tudo pra livar a cara do marreco e a própria pele. SQN. Vai dar ruim porque a safadeza é muito clara. Mesmo que o Appio tenha em algum momento sido tolo o suficiente, não havia, como não há motivos para afasta-lo da 13ª vara. A menos, é claro, que se inventasse um, como o fizeram.

  4. a voz não é o único parâmetro, amigo, tem o registro da chamada, do nº chamador, e do chamado, a ERB (localização) onde estavam, enfim, uma série de dados.

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