Ainda falta o terceiro turno
por Guilherme Scalzilli
A campanha bolsonarista foi abertamente criminosa. Perdeu, mas ficou impune. E seguiu naturalizando esse privilégio, nos posteriores deboches à norma constitucional.
Como previsto, a sucessão de golpes que pariu o governo Bolsonaro tornou-o tão ilegítimo que o deslocou para fora do regime da legalidade. Assim termina o mandato.
Talvez (ainda) não haja muito a fazer na seara governamental, pois o Congresso aliou-se ao banditismo. Individualmente, porém, a história é bem outra.
O caminhoneiro que expõe crianças, o policial prevaricador, o líder dos piquetes, o jurista mentiroso, a deputada pistoleira, todos podem e devem ter punição imediata.
Não faltam provas. Não há controvérsias, brechas legais ou direitos a preservar. São criminosos notórios, em atividades documentadas, de ampla repercussão pública.
Assim como os hábitos ilícitos de Bolsonaro, o vandalismo fascista aproveita a cumplicidade e a omissão das cúpulas judiciárias. A anistia é um projeto institucional.
“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn “
Ou acreditamos realmente que nossos heróis togados não conseguem identificar os organizadores dos ataques? Que não têm prerrogativa para meter nazistas na cadeia?
Um ano atrás alertei que as autoridades atiçavam o golpismo fingindo combatê-lo. Agora fingem surpresa diante dos ataques mais previsíveis do universo.
Não basta liberar estradas, recolher pistolas, abrir sindicâncias, bloquear contas digitais. Não estamos lidando com ameaças ou tentativas, e sim com delitos flagrantes.
Perdoar delinquentes é o exato oposto da pacificação. É um desatino incendiário que alimenta a instabilidade social e convida o golpismo a alargar seus limites.
Enquanto nos contentamos em tirar bodes da sala, os facínoras ganham adeptos e melhoram sua organização. Hoje voltam para casa. Amanhã saem armados. E depois?
Sem uma ação imediata e rigorosa do Judiciário, a posse de Lula ocorrerá no meio de batalhas campais. E ele presidirá um país à beira da guerra civil.
A esquerda otimista ri dos patetas, mas continua com medo de sair à rua usando roupa vermelha. Sonha com a Bolívia de Arce e periga despertar no Chile de Allende.
O que falta é pressão de democratas corajosos. Menos chororô perplexo e mais atitude efetiva. As instituições precisam responder para quem, afinal, estão funcionando.
http://guilhermescalzilli.blogspot.com/2022/11/ainda-falta-o-terceiro-turno.html
Guilherme Scalzilli é historiador e escritor. Mestre em Divulgação Científica e Cultural, doutor em Meios e Processos Audiovisuais. Website: www.guilhermescalzilli.blogspot.com
O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].
Leia também:
Uma estratégia para a reta final, por Guilherme Scalzilli
Ninguém checou o TSE, por Guilherme Scalzilli
Vamos falar de golpe?, por Guilherme Scalzilli
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Num estado democratico de direito nao existe espaco para “punicoes imediatas”. O devido processo legal, o principio da ampla defesa e da presuncao de inocencia sao garantias constitucionais… Vc nao passa de um lavajatista e um bolsonarista com sinal ideologico invertido, sr. Guilherme. Gente de temperamento autoritário e solucoes simplistas para problemas complexos, como vc, sao uma ameaca mais perigosa do que o proprio bolsonarismo, uma vez que cre que seu punitivismo primitivo e vingativo estaria a favor do “lado certo”. Nao e o caso, Guilherme: voce e tao ou mais autoritario que qualquer bolsominion. E o discurso que vc entoou aqui o demonstra cabalmente. Cresca.
E a impunidade, depois de “engolir o PT” vai engoli-los também. Querem apostar?
As multas aplicadas… estão sendo cobradas?
É impossível a existência da democracia sem justiça.