Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Amor e ódio, preconceito e demérito, delações premiadas: Lula e Neymar, por Rui Daher

Independência

Amor e ódio, preconceito e demérito, delações premiadas: Lula e Neymar

por Rui Daher

Hoje em dia, o Brasil atravessa uma das piores etapas de sua história. O País está em decomposição. Sinto em minhas andanças descrédito, falta de rumo, opções, todos inermes, parecem erráticos, mesmo em suas esperas, pois esperanças ninguém ousa tê-las.

Bovinamente, olhamos, nem sei se atônitos, perdermos patrimônios, soberania, aparelhos educacionais, de saúde, e programas de inserção social.

E em nome de quê? De ilusão rentista capaz de elevar às raias as diferenças de classes, através de mentiras econômicas, quedas de inflação e taxas de juros incongruentes com as realidades de emprego e renda, premonições do que virá pela frente na política, formadas por pesquisas eleitorais inúteis, interessadas apenas em comerciar favoritismos.

No mais, um repetitivo escrever inócuo, egocêntrico e escravo; arte incrustrada num muro de falsa modernidade aos moldes do que acontece em centros culturais mais consolidados; o inferno da miríade de redes sociais para enviarmos recadinhos de quermesse uns para outros: “vejam o que comi hoje no restaurante ‘Vim aqui me ver’. Gastronomia brasileira.

Querem a verdade? Está tudo parado, fechando, vendendo, alugando, passando o ponto. Mesmo na agropecuária, que me dá sustento e onde mexo e bem, percebo bolsões de penúria, sem reversão próxima.

Curioso e dramático: nosso Arranjo Secular de Elites se metamorfoseou para pior. Antes, demorava-se anos para aprovar uma lei que fosse contra os interesses da nação e de sua população. Agora passam como rolo-compressor sobre todos nós, apoiados por um golpe antidemocrático, Congresso escroto, Judiciário tosco, mídia conivente e jornalistas cagões.

Acompanha o planeta do ainda (por pouco tempo) hegemônico EUA do seu presidente pele-laranja Donald Trump, em guerra comercial com a China, a desarranjar o comércio internacional que, mesmo mal e porcamente, ainda seguia regras conhecidas e menos perversas.

A fome cresce, diz a FAO, órgão para agricultura e alimentação da ONU. O drama dos refugiados faz chorar uma apresentadora de telejornal. E daí? São vidas retiradas de suas vidas que já devem somar mais do que os mortos nas duas  Guerras Mundiais. Mas, ora, “I Don’t Care”, sugestão para um futuro sucesso de Anita ou quem a valha.

O título? Dois crimes em tudo convergentes. O de Lula tem extração de direita. O de Neymar de esquerda. Sim, porque assim ainda é como se dividem justiças e injustiças.

Por que Lula, o maior e melhor governante e estadista que o Brasil teve em mais de meio século, está preso, sob a guarda de quem saiu às ruas, de camisa amarela e batendo panelas, para apoiar crimes nunca provados como corrupção?

Por que as mesmas camisas amarelas se misturam a outras vermelhas para condenar um artista da bola que povos e outros povos e mais povos pagam para tê-lo em seus times. Ah, cai sem que ninguém o derrube. “Muito individualista”. Brilhou no Barcelona e brilha no PSG, como garçom. É estatístico. “Gasta os tubos com bobeiras vaidosas”. E daí? Não pode ser ele mesmo, com suas idiossincrasias, algumas até menos maléficas que as nossas.  

Se não professa bom-mocismo político, quem no mundo do futebol brasileiro o faz ou fez? Quantos jogadores de opinião política à esquerda tivemos? Reinaldo, do Atlético Mineiro, Afonsinho e um trio da democracia corintiana? Se chora, é marketing.

Há três meses, machucado e sem poder jogar ou treinar. Queriam-no voando nos primeiros jogos da Copa.

Sim, Lula e Neymar, caso de amor e ódio, preconceito e demérito, disseminados, no primeiro caso, por delações premiadas de canalhas, estes sim corruptos, e de Neymar pela inveja de quem é cobiçado, bem pago, e tem idade que justifica seu direito de usar a fortuna como quiser, inclusive com instituição destinada a crianças pobres, que tanto o adoram e ele as trata sempre com um sorriso. Dois ídolos vilipendiados pelo nosso complexo de vira-latas indestrutível.

Como vimos em Brasil e Costa Rica, a Copa na Rússia não é abominável, mas uma Alegria do Povo, como foi Garrincha e seus defeitos. Abominável é o que acontece hoje no País, sob as margens plácidas de nossos Ipirangas.

Nota: sei que ninguém mais lê crônicas. Mas a oferta feita ao GGN em minha última crônica, também publicada em CartaCapital, está mantida enquanto eu aqui escrever.

 

   

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

19 Comentários

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  1. Valeu Rui.

    Precisa avaliação do nosso mundo, nossa atualidade. Para mim o tosco judiciário está podre e infecta todo nosso ambiente.

    1. Serralheiro,

      Chego a pensar, pode parecer absurdo, mas o Judiciário é pior do que os Executivo e Legislativo brasileiros.

      Abraços de São João

  2. as vezes eu fico pensando

    as vezes eu fico pensando se é verdade, que dom pedro estava na moita quando deu o grito de independência ou a merda. que teria sido corrigida, para ficar mais nobre, e entrar na história.

    pois essa eterna dependência das nossas elites, dos comandos americanos, é uma merda!

    deviam ter deixado a forma original. ficava mais fácil para o povo entender.

    maldita pós verdade.

  3. “Sem paixão não dá nem para chupar picolé.”

    Rogério Marques

    21 min ·  

    “Sem paixão não dá nem para chupar picolé.”

    Acho que essa frase do Nelson Rodrigues resume tantas críticas ao Neymar, à seleção, à descrença em qualquer coisa no Brasil.

    Acabou a paixão do brasileiro pelo Brasil, como acabou a paixão do carioca pelo Rio.

    Essa paixão foi sendo minada lentamente, em sucessivos e dolorosos atos de traição, como na relação de um casal.

    Falo do Rio porque sou carioca, sempre vivi aqui. Mas esse mesmo sentimento certamente atinge os moradores de outras cidades que trocaram o romantismo pela exclusão, pela violência.

    Reparem só quantas músicas lindas o Rio inspirou. Valsa de uma cidade, por exemplo, um hino de amor à cidade, foi composta por um pernambucano, Antônio Maria, e um paraense, Ismael Neto. “Rio de Janeiro, gosto de você, gosto de quem gosta deste céu, deste mar, desta gente feliz.”

    Um outro paraense, Billy Blanco, também compôs uma declaração de amor ao Rio, Domingo azul. A música descreve um passeio de barco e cita um clube que já não existe do outro lado da baía, o Samanguaiá, em Niterói: “Quanta coisa linda no Samanguaiá, como é bom fazer domingo azul por lá.”

    E temos “Rio”, do capixaba Roberto Menescal e do carioca Ronaldo Boscoli, e Garota de Ipanema, de Tom e Vinicius. São inúmeras.

    O subúrbio carioca não foi esquecido nessas homenagens. Festa da Penha, de Cartola e Adalberto Alves de Souza, fala da festa que era um grande acontecimento, frequentada por todos, da Zona Norte à Zona Sul: “Hoje é domingo e eu preciso ir à Penha, levarei dinheiro pra comprar velas de cera. Quero levar flores para a santa padroeira.”

    Atualmente pouco se fala da Festa da Penha, nesses tempos em que atravessar a cidade virou um programa de risco, de Norte a Sul.

    Cada um certamente tem a sua própria teoria para o descrédito em tudo a que chegamos, essa falta de paixão, no Rio, no Brasil inteiro. Eu tenho a minha teoria. Forças poderosas — as de sempre — tentaram fazer desse país riquíssimo um feudo onde uma minoria vive bem e é servida por uma maioria que sobrevive. Essas forças poderosas conseguiram arrastar a classe média para essa aventura insana, cruel, desumana. Deu no que deu.

    De Aquarela do Brasil, do Ary Barroso, às Querelas do Brasil, de Maurício Tapajós e Aldir Blanc, temos feito uma viagem desastrosa. Que o Brasil deixe cantar de novo o trovador. Que o Brasil não continue matando o Brasil.

     

    1. Porra Fernando,

      você precisava chegar neste meio-dia de São João, como o Salgueiro, nem melhor nem pior, apenas diferente, para me fazer derrubar lágrimas por entre (a) Vale da Canastra que ora sorvo?

      O Brasil era um todo. Hoje em dia precisamos de sua pinça e minha lupa para enxergarmos e pinçarrmos toda a maravilha que somos. 

      Ainda bem que continuamos tentando.

      Abraços de São João a você e Dimea. 

  4. M…. Dominante!

    A mídia brasileira é uma m…. que amestra os desinformados m….s replicantes, para garantir o poder da m…. dominante, que a controla, junto com as instituições da república, para fazer do Brasil essa eterna m….. que repudiamos, mas não fazemos nada para acabar de vez com isso. 

    1. Fr@ancisco,

      Não temos como acabar com isso. Fomos amestrados a isso. E as gerações que vierem já nos parecem piores.

      Abraços de São João!

  5. Sim meu amigo

    Faço minhas as suas palavras, infelizmente estamos em tempos onde os baixos instintos são os mais estimulados.Outro dia estava pensando numa questão> 

    Qual será a diferença entre o Jornalismo do PIG e o Jornalismo esportivo. Ambos parecem trabalhar sempre com os mais baixos instintos . E infelizmente me parece que quem surgiu primeiro foi o Jornalismo Esportivo.

    1. Amigo Frederico,

      É a mesma falta de coragem. Vivos, João Saldanha, Sandro Moreyra e Armando Nogueira já teriam se insurgido contra o massacre tanto a Lula como Neymar.

      Abraços de São João!

  6. O egocentrismo agudo – um valor-mor da sociedade hodierna

    Neymar sofre de um dos grandes males da atual nsociedade braileira: vaidade egocêntrica aguda.

    Na era dos Instagrams, do facebook, do selfies, das bocas e caras, onde a imagem é suprema, acima da inteligência e do humanismo, Neymar é a sumo síntese do talento-imagem, nem vítima nem algoz. 

    A propósito de nossa atual vaidade egoêntrica aguda, abaixo um resumo-síntese do que é ser paradigma desses valores:

    https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nizanguanaes/2018/05/o-homem-que-amanha-chega-aos-60-anos-nao-e-bem-um-homem-mas-uma-errata.shtml

     

    1. Eden,

      creio que ontem a ESPN fez uma matéria sobre o início da carreira de Gabriel Jesus. Não estou comparando. Como todos, te,os caráteres de vaidade e egocentrismos diferentes. Talvez, Neymar as extrapole, mas não por isso merece o massacre que sofre.

      Abraços de São João!

  7. ONDE ESTA O PAIS PROMETIDO NA ANISTIA DE 1979?

    “India, seus cabelos 

    Nos ombros…caídos

    Negros como a noite que não tem luar…” Grande Lembrança. Cascatinha e Inhana. Minha Mãe adorava.

    Neymar é Gênio. Mas não vê, ou finge não ver,  que faz o jogo dos gângsters e do monopólio do futebol. Vai ser descartado assim que utilizado.  Estes já criaram seu símbolo, sua marca e seus títulos com Ronaldo e Romário. E a busca pela desmistificação do Maior Mito do Futebol Mundial: A Camisa 10 da Seleção Brasileira. Ou é coincidência, tais jogadores deste período de vitórias de RGT/CBF/NIKE/Teixeira/Havellange/GalvãoBueno/Zagallo/Parreira/J.Hawilla serem camisas 9 e 11? Mas estamos no País das Coincidências, não é mesmo?  FBI e PFmostraram que não com tanta coincidência. Quanto a Lula, com sua Vivência e Praticidade, mostrou para o Brasil inteiro que sempre foi muito, mas muito, mas (bota) muito maior que a esquerdopatia tupiniquim. Muito maior que a Alopração do PT. Fosse diferente, era só a esquerda confirmar outro Nome e indicar seu caminho ideológico, seus programas e sua direção. Onde estão? Com Ciro? Boulos? Manuela? Freire? Freire é traidor? Marta? Deixou de ser esquerda? Paris sabe. Marina? EsquerdaGourmet-Evangélica-Chic-BemRelacionada? 40 anos para isto? Se nem a Esquerda se acha, quer indicar o caminho à uma Nação? Só com muito Fanatismo e Ilusão. Mas olhando para 40 anos passados, constatamos que nossos problemas de meio século atrás, falta de escolaridade, de saúde, de transporte público, de saneamento básico, de segurança, de infraestrutura, de empregos qualificados e universitários, de controle do Estado, de corrupção não como regra mas como exceção, continuam TODOS aí. Novamente 40 anos perdidos, com Lula e toda a ‘tranqueirada’ que veio junto. Apostar na continuidade deste lixo, só com muito fanatismo e ilusão. Já deu !!! abs.  

    1. Zé, te entendo

      e muito concordo. Volto com uma pergunta. O Mino, na última edição da CartaCapital, diz que já que as pesquisas dizem que o indicado de Lula será eleito, ele sugere Celso Amorim. O que você acha?

      Abraços de São João!

      1. O BRASIL DESPREZA SEUS GÊNIOS

        Celso Amorim é um gênio. Um Homem que transitou com maestria entre a Esquerda e as Forças Armadas. Reinventou a “Diplomacia Brasileira”. E foi desprezado pelo Governo que ele ajudou a criar e a ter sucesso ?! Não é muita Bipolaridade Esquerdopata ?!!! Foi jogado para escanteio, esquecido em alguma ‘prateleira’ qualquer. Estamos falando numa Figura de Esquerda. Seu Colega de Veículo (AA), vive escrevendo sobre Brasileiros Geniais que foram desprezados ou subutilizados, apenas por contrariar viés ideológico. Celso Amorim mostra que esta regra da Imbecilidade Tupiniquim é maior que este parametro. Mas caro sr., somente agora? Outra Dilma a ser derrubado pela Esquerdopatia Tupiniquim?  Não somos assim tão ingênuos, para discutir e não perceber que quem derrubou a Dilma foi seu próprio ‘exército’. Os mesmos Aloprados que encarceraram Lula. Esta pseudo-esquerda que o sr. mesmo critica parou estagnada no tempo. E arrasta a todos com ela. O país, Lula, Dilma, a Democracia, a Governabilidade. Não evoluiu desde que chegou ao Poder juntamente com um fascista nos anos 40.(Saindo da Castelo, no pedágio da Castelinho, olhando para o lado esquerdo, vê-se o bairro da Aparecidinha e no alto um conjunto de casas do MCMV. Pegue imagens da construção dos Conjuntos Habitacionais da década de 1950 e verá que são exatamente iguais. Urbanização, estrutura, ruas, áreas de lazer, descaso, pobreza, ‘fundão’. É nossa esquerda. É nossa Elite. É nosso Poder Público. São nossas discussões. É o Brasil. abs)

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