As revelações do The Intercept trarão à luz a pusilanimidade dos que se portaram como covardes, por Eduardo Ramos

O caso, é que tempos infames despertam quase sempre o melhor ou o pior que temos guardado em nós apenas como "potencialidades adormecidas".

As revelações do The Intercept trarão à luz a pusilanimidade dos que se portaram como covardes

por Eduardo Ramos

(sobre o post “A operação PF-Intercept e cenas do puteiro Brasil”, por Luis Nassif, no GGN)

É comum nos esquecermos que as pessoas nunca são apenas o que nos revelam no dia a dia envolvido em normalidade – quando o cotidiano se arrasta nas convenções consolidadas de um determinado espaço/tempo de viver. Todos temos infinitas “possibilidades de ser”, guardadas, secretas, muitas delas inconscientes até de nós mesmos, e só reveladas em momentos de elevada pressão. É quando ocorrem as surpresas, para o bem e para o mal.

Lembro da perplexidade que senti ao ler um desabafo do ex procurador Eugênio Aragão, narrando um duro embate que teve quando sua amizade com Rodrigo Janot praticamente foi desfeita, num diálogo áspero que mantiveram sobre as mudanças de caráter radicais havidas em Janot, até então tido por muitos (inclusive pelo próprio Aragão!) como pessoa íntegra, democrática, incorruptível…

Ah… o que não fez ao fraco e medíocre Rodrigo Janot a percepção do poder absoluto que veio com o apoio da Globo à Lava Jato, e a vaidade (e até um certo sadismo…) lhe subiu à mente e ao coração, levando de roldão caráter, princípios de vida, dignidade pessoal e profissional…? Não tivesse experimentado a pressão desse poder e certamente essas sementes “do mal”, quietinhas em um canto obscuro da alma, provavelmente ali teriam permanecido, e sua carreira, falas, ações, seguido o “padrão ético do Janot-antes-do-cargo-PGR”. Quem sabe um dia o próprio não caia em si, e chore amargamente o ter vendido sua alma a Mefistófeles, como outros e tantos tolos, antes dele…?

O caso, é que tempos infames despertam quase sempre o melhor ou o pior que temos guardado em nós apenas como “potencialidades adormecidas”. Infelizmente, por conta do “efeito manada”, e o desejo movido por carências do ego, a maioria sucumbe à necessidade de acolhimento em seus meios sociais, profissionais e familiares. Em tempos de fascismo, ódio e nojo a Lula e ao PT, quebra dos direitos mais basilares e falas e atos de selvageria inomináveis, muitos são os que desabaram de um chão de humanidades e princípios civilizatórios que levaram décadas para construir, jogando-se no abismo fácil da renúncia de si mesmos, TUDO PARA SE SENTIREM SEMELHANTES E ACEITOS PELA TURBA QUE DETERMINA NAQUELE TEMPO DE HORROR, O CAMINHO A SE SEGUIR…

Os mais pérfidos, sequer passam por esse processo, já eram pérfidos, abomináveis, sórdidos! É com prazer que se jogam no pântano das brutalidades, dos massacres mais covardes aos adversários políticos, não têm em si uma mínima decência, humanidades, princípios de vida, nada: são como uma matilha de cães selvagens a destruir tudo em seu caminho. Sérgio Moro, Bolsonaro, o procurador Carlos Fernandes dos Santos, certamente se encaixam à perfeição nessa descrição.

O sadismo, a frieza, o ódio e a selvageria presentes em algumas de suas falas e ações gritam o que são, não houve “processos transformadores” ali, ou dúvidas, ao contrário, lutaram e buscaram um ambiente propício para o seu gozo narcísico pelo poder absoluto – uma patologia comum a esses seres.

Mas muitos são os que se corromperam no meio do processo, desconstruíram-se, venderam suas almas, renegaram-se! Covardes, preferiram o comodismo da aceitação social e os holofotes da mídia – além do fato de evitarem assim serem incomodados e/ou perseguidos… – do que a solitária e sofrida decisão da coragem do enfrentamento, o desespero da lucidez, a frustração de tantas lutas que se sabem perdidas, e ainda assim têm que ser enfrentadas – em nome de tudo o que é digno no ser.

Uns e outros estão prestes (os envolvidos diretamente na Lava Jato, ao menos…) a pagar um preço caro por sua covardia e pusilanimidade. Uma dessas pessoas já emitiu sua confissão de culpa e seu grito de desespero: a juíza Gabriela Hardt, patética em seus receios de desmascaramento, anunciando o intento de “processar quem vazar suas conversas”… – Ora, só faz tal ameaça quem sabe que tem do que se envergonhar.

É inevitável! No ritmo que queremos ou não, tudo o que foi entregue ao The Intercept virá a tona. Moro, Dallagnol, Hardt, Gebran, jornalistas, ministros, políticos, muitos serão envergonhados para sempre.

A História saberá honrar os homens e mulheres, anônimos ou não, que escolheram o que é digno, justo, verdadeiro, nesse tempo de horror, selvagerias e insanidade.

Muitos, terão um longo tempo para se arrependerem por suas escolhas pusilânimes e covardes.

Redação

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