Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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Bolsonaro, autor ideológico da resistência armada do facínora Roberto Jefferson, por Francisco Celso Calmon

O Ministro da Justiça do governo Bolsonaro ao se fazer presente no caso colocou a digital do governo no imbróglio

Alan Santos/PR

Bolsonaro, autor ideológico da resistência armada do facínora Roberto Jefferson

por Francisco Celso Calmon

Fiquei reflexivo como muitos formuladores de esquerda sugeriram, enfaticamente, no dia do ocorrido, que não se postasse a respeito do assunto criado pelo quadrilheiro Jefferson. Tipo: não vamos dar trela, não alimentar o algoritimo, não desviar o foco…

Frente a essa atitude criminosa de Roberto Jefferson, e, talvez, de frustrada e reveladora estratégia, tão amplamente abjeta e de consequências altamente perniciosas ao sistema democrático, já combalido, ficar prisioneiro do viés eleitoral, se ajudaria ou não a campanha do Lula comentarmos e repudiarmos a resistência armada a um mandado legal de prisão, com armas de efeitos precisos e contundentes (fuzis com mira) e de efeito espacial amplo e de precisão insegura (granadas de fragmentação), privativas das forças armadas, ocasionando lesões corporais a dois agentes estatais, foi bem equivocada a orientação e os fatos posteriores demostraram.

Sejamos mais humildes.  Afinal, temas de costumes atingem às classes médias, temas de economia atingem mais as classes trabalhadoras, de zero a cinco salários mínimos.

Enquanto Jefferson atirava freneticamente, a sua filha clamava para os bolsonaristas irem a casa do pai para evitar dele ser morto, e Bolsonaro anunciava a ida do Ministro da Justiça ao local, e posteriormente chamava Jefferson, seu amigo de longa data, de bandido.

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O apelo da filha, militante bolsonarista, não surtiu efeito. E o bandido diz agora que não quer ser abandonado.

O enredo ainda está por fechar.

Felizmente a campanha e o próprio Lula não embarcaram nessa e vêm associando o homicida fascista ao presidente candidato.

Os 50 tiros de fuzil e as três granadas foram em direção dos agentes e de suas viaturas. Lesão corporal e danos ao patrimônio público estão evidentes, e, sem escapatória, a tentativa dolosa de homicídio.

Os agentes não eram bonecos para treinamento do oligopata bolsonarista.

Assim como foram atingidos em lugares não vitais do corpo, poderiam ter sido mortos ou ficarem com lesões permanentes.

Nesse quadro surgiram os “especialistas”, os PHDs, doutores e pós doutores, a ditar regras de comunicação, num afogadilho sensacionalista, que parecia que iriam tirar alguém da forca.

“Ame-o ou deixe-o”; “sabe com quem está falando?”, comuns e usuais na ditadura, devem ser espanados de nós. Afinal, desejamos uma sociedade plural que exerça a consciência crítica, e que também reconheça os próprios erros, por omissões e ações, causadas por desinformação, por analfabetismo político, pela postura do não-protagonismo.

É assim que fomentaremos a necessária consciência de rejeição ao pretérito das quadras traumáticas vividas pelo Brasil, que carecem de memória e reparação.

Assim, construiremos uma democracia, na qual o povo seja sujeito do seu destino. E cada uma pessoa tenha apenas uma identidade, a de batismo como cidadão brasileiro, singular e livre, sem precisar de título, seja o de um mandato, que não é, é estar, seja o da profissão ou da academia.

Ainda sobre o episódio do ex-presidente do PTB: uma: quem escolheu os policiais que foram negociar a rendição do facínora? E estavam lá como polícia judiciária? duas: tendo cometido o crime de resistência à prisão, com outras consequências criminais (lesões corporais, tentativa de homicídio), a qual polícia (singular ou plural) cabia, naquela altura, efetuar a prisão do delinquente bolsonarista? 

O Ministro da Justiça do governo Bolsonaro ao se fazer presente no caso colocou a digital do governo num imbróglio que legalmente não lhe cabia e nem era mister a sua participação, era uma questão sob comando e controle do TSE, especificamente do ministro Alexandre de Moraes, autor da ordem de prisão, e da PF, como polícia judiciária cumpridora da ordem.   

Fosse qual fosse o plano do facínora, bolsonarista raiz, o que estamos sentindo é que causou rachaduras e desgastes na campanha do genocida-canibal-pedófilo.

E se confirmado o declínio, pelas pesquisas de terça e quarta feiras, terá sido uma bola fora dos companheiros que defenderam não alimentar o caso. E uma granada política no colo da campanha bolsonarista e uma pá de concreto na derrota do genocida-canibal-pedófilo.

Ratifico: Lula é virtualmente o novo presidente do Brasil.  Até o mercado está reagindo negativamente e precificando, como pressão para ser indicado o Henrique Meirelles para a área econômica.

E retifico a fala do Lula ontem no Tuca (PUC, SP), “Nós precisamos fazer um governo além do PT”, “Não será um governo do PT, será um governo do povo brasileiro”, declarou.

Eu diria que o advérbio certo é aquém. Pois não será um governo de esquerda, nem partidário, será de centro, uma miscelânia de transição. A conferir!

Sendo um governo do povo, o PT e outros segmentos de esquerda contribuirão muito, pois defendem exatamente um governo do povo.

Estar no centro é ser pendular, significa ora estar à direita, ora à esquerda, dependerá do jogo de pressões.

As esquerdas durante os quatro anos do governo de transição terão que se fortalecer, lutar por um programa mínimo unitário, e se prepararem para a disputa em 2026.

Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça

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Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

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