José Padilha, cineasta, reconhece que se enganou com Moro

Sergio Moro foi de “samurai ronin” a “antiFalcone”. Seu pacote anticorrupção é, também, um pacote pró-máfia, diz o cineasta.

Jornal GGN – José Padilha é cineasta, criador e diretor da série de televisão brasileira ‘O Mecanismo’, que enaltece os feitos de Sergio Moro e da equipe da Lava Jato, bem como apertou mais um parafuso em torno da demonização do PT. Padilha agora assina artigo intitulado ‘O ministro antiFalcone’, na Folha, afirmando que o pacote anticrime de Moro vai fortalecer milícias e que ele se enganou com o personagem.

Padilha enumera fatos que Sergio Moro sabe, tem que saber. Coloca o que são as milícias, organizações criminosas controladas por policiais civis e militares corruptos e violentos. Que esses policiais utilizam o aparsto do Estado para expulsar o tráfico e dominar as favelas. Que cobram por proteção e dominam atividades econômicas importantes nas áreas que controlam. Que decidem quem é eleito e para isso decidem quem entra e financiam campanhas. ​E que milicianos e políticos ligados a eles foram eleitos para cargos legislativos e executivos em todas as esferas, inclusive a federal.

E aponta que Moro, mesmo sabendo tudo isso, declarou que as milícias representam a mesma coisa que facções criminosas dentro das prisões, como se fossem do varejo do tráfico de drogas.

E diz que sempre apoiou a Lava Jato e, inclusive, chamou Moro de ‘samurai ronin’, em alusão à ‘independência política’ que ele acreditava ter o juiz. E, agora, quer reconhecer o erro que cometeu.

E considera erro por não ver outra explicação possível, já que Moro finge não saber o que é milícia pois perdeu sua independência e hoje trabalha para a família Bolsonaro. E aponta o fato de que Flávio Bolsonaro não foi o senador mais votado em 74 das 76 seções eleitorais de Rio das Pedras por acaso.

Acredita Padilha que o pacote anticrime de Moro, enviado ao Congresso, é razoável no quesito combate à corrupção corporativa e política, mas é um absurdo no que se refere à luta contra as milícias. Vai mais longe, dizendo que o pacote é pró-milícia, posto que facilita a violência policial.

Daí enumera fatos que Moro saberia se tivesse estudado os autos de resistência no Brasil. Primeiro que, só no Rio, policiais em serviço matam alguém a cada seis horas. Que a versão apresentada por tais policiais costumam ser a única fonte de informações nos inquéritos porventura instaurados. Que, já que o policial tem fé pública, a sua versão ‘embasa a excludente de ilicitude’, evitando prisão em flagrante. Que a Polícia Civil raramente escuta testemunhas ou realiza perícias, e tem mania de desfazer as cenas do crime para prestar socorro às vítimas, apesar de a maioria morrer instantaneamente em decorrência de tiros no tórax. Que desde 1969, quando a ditadura editou a ordem de serviço 803, que impede a prisão de policiais em ‘auto de resistência’, apenas 2% dos casos são denunciados e menos ainda chegam ao Tribunal do Júri.

Caso o pacote de Moro seja aprovado, esse número vai para o zero, já que prevê, para justificar a legítima defesa, que o policial diga que estava sob ‘medo, surpresa ou violenta emoção’, ou então que era ‘ação para prevenir injusta e iminente agressão’.

Padilha continua dizendo que o hábito dos policiais milicianos de plantar armas e drogas nos corpos das vítimas para justificar execuções é tão comum que deu origem ao jargão: todo bom miliciano carrega consigo um ‘kit bandido’. E, caso aprovado o pacote de Moro, nem de ‘kit bandido’ os milicianos precisarão a partir daí.

O cineasta diz que Moro nunca sofreu atentados ou lidou com a Máfia, mas que o juiz Giovanni Falcone, em quem o atual ministro diz se inspirar, foi morto aos 53 anos de idade por bomba colocada pela máfia em seu caminho. Além dele morreram sua mulher e seguranças. E discorre sobre a operação ‘Maxiprocesso’ que prendeu mafiosos na década de 1980 e deu origem à operação ‘Mãos Limpas’.

E finaliza: “Ora, no contexto brasileiro, é obvio que o pacote anticrime de Moro vai estimular a violência policial, o crescimento das milícias e sua influência política. Sergio Moro foi de “samurai ronin” a “antiFalcone”. Seu pacote anticorrupção é, também, um pacote pró-máfia”.

Leia o artigo na íntegra aqui.

Redação

14 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Fica uma sugestão para o cineasta Padilha: produzir um filme de “ficção” ou documentário que aborde da Operação “Mãos Sujas” (Lava Jato) ao Pacote “Pró-Crime” do Moro.

  2. Mil perdões mas é necessário.

    O cineasta com pinta de Pateta apresenta seu primeiro espasmo após sono profundo.
    Sono beligerante, orgânico e raso.

    Tem uma trajetória espinhosa pela frente. Contribuiu com a satanizacao do PT e criou um ideário Fascista com o seu tropa.

    Inté!

  3. não importa muito se padilha é um canalha;;;
    importa que agora pelo menos está do lado correto
    e não a favor do estado de exceção.

  4. Que este tal padilha vá pros quintos dos infernos. Se é tão inteligente assim e interessado em processos, porque não leu o do Lula e avalizou este canalha do direito de curitiba em suas perversões jurídicas que condenou e encarcerou um inocente que tirou 40 milhões de pessoas da fome? Agora vem se fazer de lesado, ensaiando uma mini mea-culpa? De tudo que fez de barbaridade com a câmera na mão contra o Lula, Aquela de colocar o conversa daquele escroque do jucá na boca do personagem Lula do seriado é imperdoável. Fdp é pouco pra este canalha!

  5. Sem credito nenhum………nem me importa de que lado está…….

    Foi esse senhor que colocou falas que Lula nunca disse……………..pra mim o que pensa ou deixou de pensar é irrelevante….como seus filmes ruins…

  6. Faça um filme que mostre seu erro e que mostre realmente quem é o Lula com depoimentos dos humanistas que o defendem no mundo todo! Mostre a verdade!

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador