Nossa humanidade está em risco, por Milton Hatoum

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Nossa humanidade está em risco

por Milton Hatoum

em seu perfil no Facebook

Como se sabe, um obscuro capitão reformado, político vulgar e ineficiente, é candidato à presidência. Essa figura sinistra tem feito discursos contra as mulheres. Chegou ao cúmulo de afirmar que deu “uma fraquejada” quando nasceu sua filha.

O descalabro não para por aí. Afirmou que as mulheres devem ganhar menos do que os homens. Esses insultos machistas, a que se somam outros discursos explicitamente racistas e homofóbicos, são inaceitáveis na boca de qualquer cidadão.

Na boca de um candidato à presidência, revela a total degradação moral de um político perigoso. Se ele for eleito, certamente vai desestabilizar nossa frágil democracia.

De um modo geral, as mulheres (mães, tias, avós, irmãs) exercem o papel de lutadoras: um papel solidário, vital para consolidar a família, a comunidade, para proteger os seus filhos, os filhos dos amigos e dos vizinhos. Isso predomina nas famílias pobres das periferias, mas é comum também em inúmeras famílias de classe média. Em muitos lares sem um pai, são essas mulheres que, além de trabalhar, cuidam das crianças.

O general Hamilton Mourão (o vice do capitão), afirmou que famílias sem pai e avô que moram em áreas carentes “são fábricas de elementos desajustados que tendem a ingressar em narcoquadrilhas”.

Essa chapa presidencial reúne o que há de mais desumano, brutalmente desumano na política brasileira. Nessa dupla não há nada de solidário, compassivo e respeitoso em relação aos outros: negros, indígenas, mulheres, pobres, intelectuais, artistas. Ao contrário: as palavras asquerosas dirigidas a todos eles (principalmente às mulheres, indígenas, negros e homossexuais) são a expressão mais perfeita e repugnante dos preconceitos de classe social, etnia e sexo.

Uma parte da elite econômica (investidores do mercado financeiro e empresários) apoia a chapa sinistra. No fundo, são oportunistas profissionais: defendem interesses pessoais e corporativos, e estão se lixando para a ética e para o povo brasileiro. Aliás, essas pessoas vêm apoiando golpes e baixezas políticas desde 1964.

Mas há alguns jornalistas que querem convencer a população de que o segundo turno das eleições será uma competição entre extremistas. Isto é falso e desonesto. Nos discursos e na carreira política de qualquer outro candidato (com maior ou menor chance de passar para o segundo turno) não há um único gesto ou palavra de extremismo.

Só há uma chapa extremista nessas eleições presidenciais. E ninguém precisa ser de esquerda para dizer NÃO ao extremismo. Na última eleição presidencial da França, partidos de direita, de centro-direita, de centro e de esquerda se uniram para derrotar Marine Le Pen, a candidata antissemita, racista e xenófoba da extrema-direita.

Não foi apenas uma ampla união para defender a democracia, mas também um gesto de adesão aos princípios básicos de liberdade e solidariedade humanas.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Milton Hatoum na FLIMA 2018

    Estive na Flima – Festa Literária Internacional da Mantiqueira, em Santo Antonio do Pinhal (SP), de 14 a 16.09. No primeiro dia, Milton Hatoum participou da mesa 4, mediação daquele que faz a pergunta em 4 minutos, e também responde pelo entrevistado, em mais 6 minutos, o Manuel da Costa Pinto, do canal Arte 1. Numa das raras vezes em que deixou o Milton Hatoum falar, a pergunta veio da platéia, seca, objetiva: “Em quem votas?”. Resposta do Milton: “Voto no ex-ministro da Educação”. E sempre que pôde, execrou, com a elegância habitual, o ex-capitão candidato. O Manuel da Costa Pinto tem problemas com a palavra ditadura, prefere governo/período militar, ao contrário do Milton. 

    Na fila do autógrafo no livro A noite da espera, permiti-me um brevíssimo diálogo com o Milton Hatoum, abordando 2 assuntos: 1) contei que havia visto ele por mais de uma vez nas manifestações na Paulista, quando tentávamos evitar a tragédia atual. E ele: Pois é, não deu para evitar. 2) disse-lhe da minha experiência de 3 anos no coração da Amazônia, em Óbidos. Seus olhos brilharam, e lembrou que o governo Lula havia instalado a UFOPA – Universidade Federal do Oeste Paraense, em Santarém. E passei uma informação que ele não sabia, que já havia uma extensão da UFOPA em Óbidos. Agradavelmente surpreso, perguntou o curso. Pedagogia, respondi, entre outros programados. Fez um gesto com a mão, e disse: É o que eu sempre digo, educação, a saída está na educação!

    Milton Hatoum é um brasileiro digno. 

    https://www.facebook.com/flima2018/videos/740953562916166/?__xts__%5B0%5D=68.ARBjdsrSIKg3CzTRzqebjxOlaaG_hHv2q2QYQEH2kc1ef0Eo4v2X9TdyOvcaGCFkRckPxkr4PKV1pvpWdidjtTlUdBq8YklQbw01G6Gxrg14QREgpoDkHfp_VyQuduWXDVuji8cWOV4U2Xx503cXo31sPJpyo7kxUBCGLOpMW8D9Hjig8vDd&__tn__=-R

    1. Esse cara é um bocó, um

      Esse cara é um bocó, um analfabeto, um brucutu, que está sendo instrumentalizado, teleguiado e manipulado por forças reacionários das mais diversas matizes. O que tem a contribuir que justifique essa palestra num reduto que se supõe intelectualmente elevado?

      Respondo : N A D A! Como nada tem a dizer sobre qualquer assunto e em qualquer ambiente um tosco que até “ontem” era tratado com desprezo pelo mesmo nichos diferenciados que hoje o aplaudem. Por que, então, a inversão?

      Simples: ele vocaliza o que eles não tem coragem de dizer; ele assume “teses” que eles sempre acalentaram. 

      Hitler não foi a origem do Mal. Ele apenas vocalizou e corporalizou boa parte do alemão ressentido, preconceituoso, nacionalista e racista. O mesmo faz Bolsonaro agora. 

      De certa maneira – isso pode parecer trágico demais, mas é preciso dizer – essas figuras emergem na História para desnudar o que há de mais obscuro no espírito humano. 

  2. O que fazer?

    Como conviver em paz com pelo menos 30 milhões de bolsonaristas? O que esperar do país com esse pessoal ,com o perfil que já conhecemos? Alguém tem ideia?

    1. Lá vai pitaco

      Caro JJLopez, se você me permite o pitaco, creio que a base pode ser o desmonte da mídia oligárquica e o incentivo pro-ativo de meios progresistas. Isso é possível com medidas administrativas e judiciais que, respectivamente, solapem e questionem o papel social de tais oligarcas monopolistas, sem descurar do redirecionamento das verbas publicitárias governamentais. Reforço econômico e jurídico que vise a blindar a EBC de interferências governamentais, destacando e preservando seu caráter estatal perene. Amplas medidas efetivas de verdadeira reeducação de nosso judiciário e forças repressivas classitas (fim da Polícia militar, inclusive) seguido de legislação que discriminalize decisivamente o uso de drogas. Vigilância efetiva sobre os algorítimos pilantras dos googles et caterva da vida contra a disseminação do discursos de ódio, em relação aos quais simplesmente fazem vista grossa e assim acabam incentivando tais propagandas anti-civilizatórias, a exemplo do que ocorre na União Européia. Para complementar tais medidas, a atuação de base das militâncias progressistas junto ao povo e amplos programas culturais  de incentivo à peças, filmes, eventos, propagandas e livros de divulgação dos males do nazifascismo. Um exemplo de atuação semiótica possível: é público e notório que muitos militares de alta patente brasileiros têm verdadeira paranóia contra o que chamam de “o perigo comunista”. Nesse sentido, é possível lembrar aos recrutas e ao povo que os militares brasileiros combateram o nazifascismo durante a segunda guerra e que todos os golpes de estado praticados na América do Sul contaram com o apoio da extrema-direita… Por fim, a inclusão do tema dos direitos humanos como matéria curricular destacada em todos os níveis de ensino. A ver se tais medidas ou coisa que melhor o valha não seriam capazes de, a médio e longo prazo, deprimir o número de apoiadores da barbárie tupiniquim. Enfim, todo esse conjunto de medidas politizantes, para se revestir de legitimidade e eficácia, precisa ser acompanhado de políticas públicas canônicas, que tenham sucesso expressivo, quanto à melhoria prática da vida dos brasileiros mais desfavorecidos.

  3. O que fazer?

    Como conviver em paz com pelo menos 30 milhões de bolsonaristas? O que esperar do país com esse pessoal ,com o perfil que já conhecemos? Alguém tem ideia?

    1. Se me permite o pitaco

      Caro JJLopez, se você me permite o pitaco, creio que a base pode ser o desmonte da mídia oligárquica e o incentivo pro-ativo de meios progresistas. Isso é possível com medidas administrativas e judiciais que, respectivamente, solapem e questionem o papel social de tais oligarcas monopolistas, sem descurar do redirecionamento das verbas publicitárias governamentais. Reforço econômico e jurídico que vise a blindar a EBC de interferências governamentais, destacando e preservando seu caráter estatal perene. Amplas medidas efetivas de verdadeira reeducação de nosso judiciário e forças repressivas classitas (fim da Polícia militar, inclusive) seguido de legislação que discriminalize decisivamente o uso de drogas. Vigilância efetiva sobre os algorítimos pilantras dos googles et caterva da vida contra a disseminação do discursos de ódio, em relação aos quais simplesmente fazem vista grossa e assim acabam incentivando tais propagandas anti-civilizatórias, a exemplo do que ocorre na União Européia. Para complementar tais medidas, a atuação de base das militâncias progressistas junto ao povo e amplos programas culturais  de incentivo à peças, filmes, eventos, propagandas e livros de divulgação dos males do nazifascismo. Um exemplo de atuação semiótica possível: é público e notório que muitos militares de alta patente brasileiros têm verdadeira paranóia contra o que chamam de “o perigo comunista”. Nesse sentido, é possível lembrar aos recrutas e ao povo que os militares brasileiros combateram o nazifascismo durante a segunda guerra e que todos os golpes de estado praticados na América do Sul contaram com o apoio da extrema-direita… Por fim, a inclusão do tema dos direitos humanos como matéria curricular destacada em todos os níveis de ensino. A ver se tais medidas ou coisa que melhor o valha não seriam capazes de, a médio e longo prazo, deprimir o número de apoiadores da barbárie tupiniquim. Enfim, todo esse conjunto de medidas politizantes, para se revestir de legitimidade e eficácia, precisa ser acompanhado de políticas públicas canônicas, que tenham sucesso expressivo, quanto à melhoria prática da vida dos brasileiros mais desfavorecidos.

  4. E onde estão os princípios

    E onde estão os princípios básicos de solidariedade humana na máfia que se apoderou de nosso país?! Onde está o respeito por mulheres, índios, negros e pobres? O que difere o boçal dos bandidos que estão dilapidando o Brasil em prol de seus bolsos e do Capital internacional?!

    Na França criou-se um forte movimento contra Marine Le Pen abrangendo politicos e toda a mídia – que, afinal, apoiou Macron, infinitamente mais perigoso. Com a vitória do esforçado estudante de teatro começou para os franceses a progressiva perda de seus direitos sociais e a privatização sem limites do Estado francês. Agora mesmo foi divulgado um programa de extinção de 50 mil postos do serviço público enquanto o presidente foi pego criando milícias privadas com um tal de Benalla no interior mesmo do Palacio do Eliseu.

    Le Pen perto do protegido das elites faz rir. Não passa de uma imbecil como o nosso ex-capitão. Nesses dias a justiça pediu-lhe que se submeta a uma prova de sua sanidade mental como faziam antes para descartar pessas que não interessavam aos desígnios superiores. Macron, ele, continua livre, leve e solto. A esquerda, como sempre, dividida, assiste a tudo impassível.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador