O macaense que deu a volta na vida e ajuda outros com o futebol, por Cesar Oliveira

Ele já beneficiou muita gente. E banca tudo sozinho. Precisa de ajuda, de apoio, de dinheiro para continuar tocando o projeto, que não pode parar — mesmo porque a gente sabe que os governos não fazem nada nesse sentido.

O macaense que deu a volta na vida e ajuda outros com o futebol

por Cesar Oliveira

“De um lado, a dependência química como um problema de escala mundial, causando muitos danos ao dependente, familiares e pessoas que o cercam.
Do outro, a sociedade que trata a situação como um tabu, deixando de promover debates sobre o assunto”
(Paulo Alexandre Figueira)

Era uma vez… assim começam todas as histórias da carochinha, de fadas e histórias impossíveis. Pois essa “Era uma vez” é uma história de verdade, com final feliz e uma lição para todos.

Era uma vez Paulo, um macaense que entrou no mundo das drogas e foi até o fundo do poço. Incrivelmente, foi ele mesmo quem percebeu que era preciso fazer alguma coisa. Por ele, pela família, pelos amigos. E se internou numa clínica de recuperação.

Todos nós sabemos, de ler ou ouvir falar, que a recuperação do dependente químico é sempre barra pesada. O futebol brasileiro mesmo mostra a história do ex-jogador Jóbson, do Botafogo, que se viciou em “crack” e deixou de ser o craque que a vida lhe prometia.

Pois Paulo venceu a cocaína. E quando voltou à superfície, à vida, à família e à convivência com os amigos, percebeu que poderia fazer alguma coisa pelos outros:

— Se eu consegui, por que não outros?

E criou, aqui em Macaé (onde Marcia e eu viemos viver, há quase oito anos, em busca de uma melhor qualidade de vida — e conseguimos), o “Futebol Mar Azul”, que agrega dependentes químicos em recuperação, todo sábado, para tomarem juntos o café da manhã, bater papo e, depois, jogar uma pelada.

O resultado é emocionante. Assim como é emocionante ouvir Paulo Alexandre Figueira, agora um amigo, falar da sua vida, da sua luta para se livrar da cocaína e da intuição de que, graças a Deus, ele estava “limpo” e aberto para executar o que desejava: ajudar outras pessoas a se livrarem das drogas.

— Se você pode, por que não outros?

E foi assim que Paulo criou e toca, desde 2016, na cara e na coragem, financiando tudo do próprio bolso, sem apoio oficial e/ou patrocinadores que o ajudem a manter e — quem sabe — ampliar o vitorioso projeto que promove a inclusão social do dependente químico em recuperação, através do futebol.

Uma fantástica ação de reinserção social e prevenção do uso de drogas, que tem o objetivo de fortalecer as habilidades sociais e pessoais dos acolhidos.

Assistir uma pelada entre eles, aos sábados de manhã, mostra que a vitória foi alcançada. Todos alegres e felizes, jogando futebol, conversando, num clima de alegria e gratidão. Uma goleada sobre as drogas.

O Futebol Mar Azul, contudo, não se engana. É preciso trabalhar para diminuir — e tentar zerar — o índice de recaída. Por enquanto, já foram beneficiadas 230 pessoas. A média de atletas em atividade, a cada ciclo, beira 50 atletas. O reflexo é claro: familiares, amigos e sociedade só têm a ganhar com isso.

Mas nada é de graça. O dependente químico em recuperação deve obedecer cegamente as “Dez Regras de Ouro” do Futebol Mar Azul:

  1. União
  2. Disciplina
  3. Amor
  4. Equilíbrio
  5. Respeito
  6. Honestidade
  7. Cooperação
  8. Ética
  9. Humildade
  10. Fair play

Paulo Alexandre dos Santos Figueira é um vencedor na vida. Venceu as drogas e saiu do pântano em que chafurdava, estendendo suas mãos para quem, no fundo do poço, precisa de uma mão amiga para sair dali e se recuperar.

Ele já beneficiou muita gente. E banca tudo sozinho. Precisa de ajuda, de apoio, de dinheiro para continuar tocando o projeto, que não pode parar — mesmo porque a gente sabe que os governos não fazem nada nesse sentido. Para mostrar o esporte como uma mola propulsora de saúde, qualidade de vida, equilíbrio pessoal e profissional.

Perguntei ao Paulo Alexandre sobre uma razão social ou  para receber contribuições. E ele me explicou que as regras do Governo para o Terceiro Setor não facilitam nada. Ele batalha e espera que as coisas mudem com o tempo. Claro que não nesse Governo que temos hoje; quem sabe em 2022 ele leve o projeto a Brasília? Quem sabe Lula tome conhecimento desse projeto através do Jornal GGN e acene com algum apoio para mudar as leis e facilitar que mais paulosalexandres possam surgir e ajudar seus irmãos?

Se você quer saber mais, posso lhe mandar o PDF de apresentação do Futebol Mar Azul: escreva para [email protected] ou mande um WhatsApp para (21)988-592-908.

E, se quiser colaborar financeiramente com o projeto, por enquanto o Paulo só pode aceitar doações através do PIX 22998479622 (seu celular em Macaé).

Para saber mais sobre ele, visite a página do Futebol Mar Azul no Facebook ( https://bit.ly/3GE04hw ) e Instagram ( https://bit.ly/3IEYbTI ).

A conta bancária que recebe doações para o Futebol Mar Azul está em nome dele: Paulo Alexandre dos Santos Figueira, que é gestor de projetos e diretor da Contatica Contabilidade. E, nas horas vagas, botafoguense, diretor executivo de futebol, cronista esportivo, narrador e comentarista na webrádio Jogo Livre, além de um músico de primeira, sempre com a sua gaita nas transmissões esportivas, à moda de Ary Barroso.

Não sei se vai ser possível, mas prometi ao Paulo Alexandre que, quando essa pandemia passar, de uma vez por todas, vou tentar trazer o “Trem da Alegria”, do meu prezado amigo Afonsinho e do sensacional meio-campista do Botafogo Nei Conceição, para um jogo, aqui em Macaé, no Moacyrzão.

Não sei se vou conseguir. Mas, diante dessa história que você acabou de ler, dá pra acreditar que não vai dar certo?

Cesar Oliveira, quase 70, carioca, botafoguense e mangueirense. Editor de livros, preferencialmente de futebol, desde 2008. Expertise no mercado editorial desde 1980. Saiba mais nas redes sociais: @livrosdefutebol e @editoralivrosdefutebol.

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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