Os Brasis: o que fazer?!, por Arkx

Os Brasis: o que fazer?!, por Arkx

o Golpe de 2016 jamais se estabilizará. assim como 2018 será para sempre um ano longe demais, o Golpeachment jamais se estabilizará. será mais um dos abortos do Império em sua queda inexorável, provocando a desintegração do mundo unipolar. quem comanda o Golpe de 2016? também quem comanda a Guerra na Síria! ninguém além do caos está no controle.

a implantação do Estado Pós-Democrático no Brasil através da estratégia de uma Guerra contra a Corrupção, como psi-op de manipulação da população, implicaria também em sacrificar considerável parte da cleptocracia local. como fechar o acordo das elites, se ninguém quer ser comido primeiro? alguns até estavam indecisos, mas agora já não tem tanta certeza. são muitas as cabeças à rolar no altar dos sacrifícios, para se viabilizar a reedição de mais um Pacto à la Brasil. todos querem ser o último da fila, mas um a um deverão ser devorados. só a antropofagia nos une. nas gravações de Sérgio Machado está detalhado o mapa do golpe: todos tem um rabo imenso e o rabo de cada qual está amarradinho no rabo dos demais. afinal, este pó é de quem tôu pensando? ah é sim!

fazer-se movimento. no último ano a pergunta “O que fazer?” se impôs com força particular entre todos aqueles que sofrem com o Golpe de 2016. frente ao beco sem saída que se tornou o presente, alguns tentam fazer voltar atrás a roda da História. como se o contexto global já não tivesse se alterado definitivamente, encerrando ciclos e mesmo colocando fim a uma era. no Brasil, o pacto de governabilidade da Nova República se esgotou. no mundo, o padrão monetário Dólar está em colapso. o anjo da História abriu suas enormes asas negras sobre o caos. não há retorno. a fuga para frente também está interditada. não serão as improváveis, mas com certeza viciadas, eleições de 2018 o instrumento correto para derrotar o Golpeachment. de nada adianta se deslocar em direção ao futuro, apenas para tentar voltar a um passado perdido para sempre. para começar a se mover, é preciso fazer de si mesmo movimento. o futuro é agora. quem ainda se pergunta “O que fazer?”, é porque persiste em manter-se surdo para a voz de suas próprias respostas;

um óbvio paradoxo. como um governo rejeitado por virtualmente toda a população, aplicando um programa repetidas vezes reprovado nas urnas, consegue se manter? como um Congresso é capaz de aprovar contra-reformas em detrimento do eleitorado e da maioria da população? simplesmente porque no último baile da Ilha Fiscal da Nova República todas as máscaras foram abolidas. a patologia do modelo de representação política atinge seu estágio terminal. o Congresso foi usurpado por uma horda fisiológica eleita pela promíscua coalizão do quociente partidário com o financiamento empresarial. dos 513 deputados federais, só 36 foram eleitos unicamente com votos próprios. por não representarem o eleitor e serem completamente tributários de um sistema político falido, se explica a votação pelo congelamento por 20 anos dos investimentos públicos em saúde e educação. uma emenda constitucional que nunca seria legitimada pelo voto, mas claramente proposta na plataforma dos grandes financiadores de campanha. fica exposto de modo escancaradamente obsceno os óbvios limites da Democracia Representativa, em cuja estreita moldura jaz cativa a soberania popular. com o monopólio do exercício da violência sob a forma de um Estado Penal, no qual o poder político e o poder econômico se identificam sem pudor;

aqui jaz. assim como a retomado dos movimentos sociais em 1977 marca o início do fim da Ditadura, em Junho de 2013 o sistema de poder estabelecido com a Nova República começa a ruir. após o Golpe de 2016, o Brasil tal qual o imaginávamos conhecer está morto! onde tudo termina, também algo pode renascer. como no último baile do Império, todos nós dançamos ambiguamente sobre um vulcão, com uma erupção de momentos históricos diferentes convergindo novamente para um impasse: o vácuo de um interregno. a Ditadura Civil-Militar se distendeu de modo tão lento, gradual e seguro que se tornou um longo dia ainda por terminar. o Brasil é mantido em estado de suspensão, paralisado naquela encruzilhada de 13 de março de 1964: a fatal sexta-feira das Reformas de Base. ainda vivemos o pesadelo do comício da Central. tudo ainda resta por se fazer, 53 anos não foram suficientes. deixemos que os mortos enterrem seus mortos, e nos dediquemos a construir coletivamente um novo modo de viver. se desejamos ter um futuro, chegou a hora da reforma de nós mesmos. o que fazer? fazer-se movimento.

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Redação

47 Comentários

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  1. se houver eleição em 2018 2/3

    se houver eleição em 2018 2/3 do senado renovara sua frota  ..ano importantissimo no calendário

    Ou os ditos progressistas apresentam quadros competitivos (ainda mais nos estados no N e NE)  ..ou corremos o risco de ter de viver sob uma longa década de trevas

    Verdade seja dita   ..se a bem pouco sofriamos com o BARULHO das minorias ditas de esquerda  ..hoje, não menos barulhentas, estamos sendo enxotados pela MINORIA DE DIREITA, notamente as tocadas pela bancada BBB (do boi, da biblia e da bala) 

    1. os Brasis: o que fazer?!

      -> se houver eleição em 2018 2/3 do senado renovara sua frota  ..ano importantissimo no calendário

      já em 1980 no nascimento do PT era consenso que a via parlamentar jamais deveria ser prioritária. participar de eleições? sim, mas focar o trabalho político nos movimentos sociais, na organização pela base, na Democracia direta e participativa.

      o que aconteceu para 37 anos depois termos andado tanto para trás, e agora só se ver a via parlamentar como única?

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  2. Reformas

    A Montanha pariu um rato. Arkx falou bonito, como sempre; foi, veio, bailou sobre crateras de vulcões ativos e, quando esperávamos o salto revolucionário, o Arkx veio propor reformas, inclusive de nós mesmos.

    Diria Marx no “18 Brumário”:

    “Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem EMPRENHADOS EM REVOLUCIONAR-SE A SI E ÀS COISAS, em criar algo que jamais existiu, precisamente nesses períodos de crise revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxilio os espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os nomes, os gritos de guerra e as roupagens, a fim de apresentar e nessa linguagem emprestada. Assim,  Lutero adotou a máscara do apóstolo Paulo, a Revolução de 1789-1814 vestiu-se alternadamente como a república romana e como o império romano, e a Revolução de 1848 não soube fazer nada melhor do que parodiar ora 1789, ora a tradição revolucionária de 1793-1795”.

    Arkx, lhe desejo sucesso nas suas reformas.

    1. os Brasis: o que fazer?!

      -> A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos.

      -> em criar algo que jamais existiu

      -> Arkx, lhe desejo sucesso nas suas reformas.

      pô, Rui

      vc tá implicando com a palavra “reforma” sem considerar o contexto em que a utilizei. ou seja:

      – o Brasil é mantido em estado de suspensão, paralisado naquela encruzilhada de 13 de março de 1964: a fatal sexta-feira das Reformas de Base.

      em 13 anos de Lulismo nenhuma destas Reformas foi retomada. pior: sequer o tema foi trazido ao debate político público! assim, a palavra “reforma” não foi utilizada dentro da clássica oposição “Reforma x Revolução”. e sim como uma necessária retomada de um momento histórico que precisa ser resgatado.

      e aqui está uma proposta de fato “revolucionária” que fica subjacente neste texto, como em muitos outros que aqui já escrevi, e que talvez seja a grande mudança que a Esquerda precisa fazer: uma outra relação com o Tempo. note como isto está explicitamente colocado:

      – com uma erupção de momentos históricos diferentes convergindo novamente para um impasse: o vácuo de um interregno. a Ditadura Civil-Militar se distendeu de modo tão lento, gradual e seguro que se tornou um longo dia ainda por terminar.

      nossa relação com o que experimentamos como Tempo é, ela própria, uma relação politicamente determinada. portanto, resultado de construção social. o Tempo tal qual o conhecemos é um tempo cronológico, um tempo linear, o tempo da linha de produção. não o tempo da intensidade dos acontecimento.

      e, não esqueçamos, não apenas o que chamamos de “Revolução” é um Acontecimento, como cada ato, cada manifestação, cada passeata, cada greve e ocupação são também Acontecimentos, nos quais o Tempo já não é o tempo do relógio. nelas há um tempo qualitativo e catalisador no presente de todos os momentos de revoltas no passado.

      todos que já estiveram, que já de fato viveram, estes acontecimentos (por exemplo, Junho de 2013 ou os grande atos contra o Golpe de 2016) sente claramente a diferença: a energia social mobilizada traz com ela um outro tipo de vivenciar o Tempo.

      esta é uma das mais importantes e profundas lições da pedagogia do Golpe de 2016. nada mais urgente “em criar algo que jamais existiu” do que compreender que a Esquerda precisa operar com outro conceito de Tempo.

      até os emires do Lulismo já admitem a necessidade de uma mudança nos rumos da Esquerda: Fora Temer e Diretas Já. Por que não?

      grande abraço

      p.s.: assunto complexo, mas vital no atual momento da luta no Brasil. o Parlamento burguês, a Democracia Representativa e o tempo dos relógios estão todos conectados,e o que chamamos de “Revolução” exige a superação de todos eles.

      vídeo: V for VENDETTA Final scene

      [video: https://www.youtube.com/watch?v=09RxXvRXiPI%5D

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      1. Retiro o que eu disse pois a Montanha abortou um rato

        O seu “tempo da intensidade dos acontecimentos” me fez lembrar do Einstein, da Garota e da Grelha Quente. Pediram ao Einstein que tornasse a teoria da relatividade mais palatável aos leigos. Ele disparou:

        “Quando um homem senta ao lado de uma bela garota durante uma hora, parece que não durou mais que um minuto. Mas quando ele senta sobre uma grelha quente por um minuto, parece que durou mais do que qualquer hora. Isso é relatividade”.

         

        Afirmar a luta de classes não é rejeitar reformas.

         

        “Não existe conciliação de classes, é correlação de forças.
        André B
        Tter, 25/10/2016 – 14:42

        Não existe conciliação de classes porque a luta de classes é uma decorrência do caráter estrutural da economia, onde uns tem a propriedade dos meios de produção e outros só a do próprio corpo. O que existe são mudanças na correlação de forças entre as classes. Em alguns momentos e lugares a correlação se torna mais favorável aos trabalhadores – por vários motivos, desde o econômico até o geopolítico. Ai os trabalhadores conseguem arrancar reformas da classe dominante. A classe dominante nunca cede reformas de boa vontade ou por espírito de conciliação, é que para ela em determinadas conjunturas é melhor ceder reformas que encarar uma revolução.

        Não estou dizendo com isso que reformas são negativas ou devem ser rejeitadas. AFIRMAR A LUTA DE CLASSES NÃO É REJEITAR REFORMAS, porque elas são parte da luta de classes. Reformismo é achar que as reformas são resultado da conciliação de classes e não resultado e parte da luta de classes.

        Quando a correlação de forças muda, como acontece hoje no mundo todo, a classe dominante retira as reformas, os direitos sociais desaparecem. Eles não são garantidos para sempre – achar isso é parte da ilusão da conciliação de classes, do reformismo – mas são objeto e resultado de luta. E vão continuar sendo, pelo menos enquanto existir a condição econômica estrutural que leva a luta de classes.”

        https://jornalggn.com.br/comment/1007257

        1. os Brasis: o que fazer?!

          -> O seu “tempo da intensidade dos acontecimentos” me fez lembrar do Einstein, da Garota e da Grelha Quente.

          nada disto. o tempo não é uma “realidade física”, assim como não existe nenhuma “realidade objetiva”. o que existe são relações sociais. portanto, tudo, absolutamente tudo,

          é construção social. inclusive o Tempo!

          sobre isto, uma referência já clássica são as “Teses sobre a História”, de Walter Benjamin.

          -> Não existe conciliação de classes, é correlação de forças.”

          “correlação de forças” é uma expressão muito mal conceituada ao ser usada por uma Esquerda pelega, e muitas vezes até mesmo vendida, para justificar sua inação e muitas vezes sua traição.

          neste sentido, o Lulismo nem chega a ser o exemplo mais escabroso. é na África do Sul, com Mandela e o abominável CNA, que este tipo de “Esquerda” mostrou sua face mais monstruosa, comparável ao Stalinismo na URSS.

          correlação de forças também é resultado das relações sociais, portanto é dinâmica. pode se alterar rápida e substancialmente em período curto, conforme atuam os diversos sujeitos sociais e principalmente o movimento popular.

          o problema de certa Esquerda é não querer, de modo algum, interferir na correlação de forças. e aqui sim o “reformismo fraco” do Lulismo é um bom exemplo. um reformismo tão fraco que acabou se dissipando no ar, sem nada restar de concreto.

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  3. correção

    Não sei tudo que se precisa fazer para resolver os problemas do Brasil. Mas de uma coisa tenho certeza: quem se propõe a explicar precisa entender do que está falando.

    O autor diz que somente 36 dos 513 deputados tiveram votação suficiente para se elegerem. Não explica que todos os 513 estão lá porque os eleitores escolheram seus partidos/coligações em primeiro lugar. Uma parte optou por escolher a ordem em que os candidatos de cada lista deveriam ser colocados e votou num nome. Outra parte, uns 30% inclusive eu, julgou que seu voto apenas no partido era suficiente. Eu ainda acho que o eleitor deveria escolher somente a lista pré ordenada. Seria mais democrática por deixar claro que a atuação tem que se concentrar nos partidos. Os programas de ação do legislativo tem que ser agrupados pelos partidos para poderem ser compreendidos, escolhidos e cobrados pelos eleitores. Ou acham que este sistema de termos que ouvir 50.000 Levi Fidelix propondo construir aero trem é mais democrático? Mas o melhor é entender o mecanismo que existe e explicar aos eleitores para usarmos as regras a favor da maioria.

    Em entrevista na Folha de hoje, Jaico Nicolau mostra bem que deveríamos parar de propor reformas e tratar de entender o que podemos fazer com o sistema que temos para usá-lo bem.

    1. os Brasis: o que fazer?!

      -> Mas de uma coisa tenho certeza: quem se propõe a explicar precisa entender do que está falando.

      -> Eu ainda acho que o eleitor deveria escolher somente a lista pré ordenada.

      o que é preciso entender de uma vez por todas com o Golpe de 2016 é que a “Democracia Representativa” nada tem de democrática. ao contrário, é uma forma de cercear a Democracia. pela via Parlamentar nenhuma transformação social efetiva jamais será alcançada.

      e não se trata aqui de contrapor a isto nenhuma “via revolucionária”. e sim uma autêntica Democracia: direta e participativa.

      o que também não exclui algum tipo de “parlamento”, mas que então teria um outro caráter, muito menos deliberativo e muito mais de gestão. por exemplo: PEC deveriam ser obrigatoriamente passar por referendo popular.

      é o próprio conceito de representação política que precisa ser questionado e superado.

      o que torna uma Democracia forte não são exatamente instituições fortes. e sim a forte e constante presença do Poder Instituinte, inclusive no seu aspecto destituinte.

      se todo o poder emana do Povo, não há nenhum motivo, a não ser a necessidade de controle, para este poder ser delegado. para isto é preciso aumentar a participação popular em todas as instâncias, inclusive em eleições para Ministro do STF.

      desta forma, o voto em lista fechada vai exatamente no sentido contrário do que precisamos.

      abraços

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  4. Vejo com otimismo e com pessimismo
    mas não vou proclamar a síntese do realismo que serve à acomodação. Pessimismo pelo impeachment ou golpe (oscilo – grande pecado – entre achar que foi golpe ou se foi impeachment – então, corro o risco da paralisia). Mas, seja um ou seja outro, é fato consumado numa dinâmica que, aí, sim, desperta meu otimismo. É – se me atrevo, e devemos nos atrever sempre – que vejo a Lava-Jato, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal como, no conjunto, positivo pra nossa história. Acho impossível que não houvesse, nem haja injustiças, arbítrios, mas jogar o bebê com a água acho um erro que leva a outra paralisia aparentemente transformadora-revolucionária: acreditar no movimento.  Mas não é isto que se está fazendo aqui, e em outros cantos? Movimento. O que barra é a falta de diálogo (diálogo só existe entre diferentes), de pluralidade, de opiniões diversas que são ou ficam inibidas, largando os que rechaçam as dúvidas, as hesitações, ou outras opções. Quem já viu alguns posts que deixei por aqui, quem percebeu, sabe que pretendo um caminho pra frente, pela esquerda, e esquerda impiedosa com os próprios erros e tentações (utopia? ). Um dos caminhos seria focar em disputar os paarlamentos (vereadores, deputados estaduais e federais). Um caminho lento, mas mais eficaz a longo prazo do que a qualuer custo ganhar uma corrida eleitoral pra presidência. Fixar-se num passado com bons resultados é não ver que as coisas mudaram, que praticamente está-se a defender umas lideranças (líder-maior e cúpulas) que se eternizam, e isso trouxe perigos, já trouxe.  Todos nós estamos aqui por autoestima e por fé (acho fé uma característica humana, não necessariamente no sentido religioso do divino) e num grau maior chocam-se autoestimas e intolerâncias. Antes de sonhar com o presente imediato, melhor sonhaar com o futuro (que começa se ampliando a presença nos parlamentos, como disse). Ah! um dia desses li num outro blog que me parece bem bom a análise, ainda que curta, da sentença de Moro, um ou uma advogada apontando falhas de provas, outro apontando provas. Lastimo que isso não se veja por aqui. Claríssima tendência unilateral que realimenta uma parcela de inconformados (com razão) mas que se perdem em posição de seita. Talvez eu me perca, por outro lado.

    1. Um caminho LONNNNNGO, mas mais INEFICAZ a LENTO prazo

      Disputar e ganhar  vagas nos parlamentos burgueses não levam a nada. No máximo, elege-se um Cristóvão Buarque da vida, o qual, na hora em que mais se precisa dele, ele vota com os Golpistas, derrubando uma Presidente honesta e legitimamente eleita, e empoderando um crápula criminoso.

      Nickname, sugiro que você que leia “A Pol´pitica Parlamentar no Movimento Socialista”, de Enrico Malatesta, do qual transcrevo abaixo uns trechos interessantes:

      “Na sociedade atual tudo é regido por leis. Aqueles que fazem as leis são os deputados, em última análise. Os deputados são nomeados pelos eleitores; são pois os eleitores ou, para ser mais exato, a maioria dos eleitores que manda e dispõe de tudo. E como a maioria é feita de trabalhadores, eles seriam, se fossem votar, os árbitros de seu próprio destino e da situação geral.

      Mas os fatos, que são de uma eloqüência brutal, vão de encontro a este raciocínio, em aparência tão simples e tão claro. Há países onde o sufrágio universal existe e funciona há muito tempo; há outros que viram estabelecer, depois abolir, em seguida restabelecer, depois abolir, em seguida restabelecer novamente, alternadamente, o sufrágio universal; e as condições morais e materiais das massas permaneceram sempre as mesmas…

      Basta conhecer um pouco a História e a Estatística, ou de ter simplesmente viajado um pouco, ou ainda ter lido apenas os jornais, de qualquer coloração que sejam, para notar que, mesmo sem os entraves de um reino ou de um senado, mesmo completado por um “referendum” e pela “iniciativa popular” (Suíça), o sufrágio universal nunca e em nenhum lugar serviu para melhorar o destino dos trabalhadores.

      Tanto nas repúblicas quanto nas monarquias onde ele existe, as Câmaras são compostas de proprietários, advogados e outros privilegiados, assim como nos países onde o sufrágio é mais ou menos restrito às classes possuidoras e cultas. E nestes países como nos outros, as leis que as Câmaras fazem, servem apenas para ratificar a exploração e defender os exploradores.

      Numa palavra, dos golpes de Estado, estilo Napoleão, às hecatombes da burguesia; da invasão covarde e sórdida de populações militarmente fracas aos fabricantes da fome dos trabalhadores e ao assassinato dos famintos recalcitrantes; do banditismo dos conquistadores em larga escala às arrogâncias mesquinhas e às crises de nervosismo bufões dos ministros do tipo César, não há um único atentado à civilização, ao progresso, à humanidade, uma única infâmia, grande ou pequena, que o sufrágio universal habilmente manipulado não tenha absorvido, ustificado, glorificado. Não existe uma única lágrima de mulher, um soluço de um pobre, que o voto inconsciente dos miseráveis não tenha achincalhado e tornado ainda mais doloroso.

      De onde vem esta contradição entre os fatos e os resultados que a lógica deixava prever? Talvez se trate de um fenômeno inexplicável de um tipo de milagre sociológico. Avancemos mais e talvez um raciocínio mais completo e conseqüentemente mais verdadeiro nos demonstre que o sufrágio universal produziu somente o que ele devia logicamente produzir.

      Na teoria, o sufrágio universal é o direito da maioria de impor sua vontade à minoria. Este pretenso direito é uma injustiça porque a personalidade, a liberdade e o bem-estar de um único homem são tão dignos de respeito, tão sagrados quanto aqueles de toda a Humanidade.

      (…)

      Mas isto interessa pouco para os problemas que estamos tratando pois, quaisquer que sejam as objeções que se possa fazer aos direitos da maioria, não deixa de ser verdade que o regime do sufrágio, tão mentiroso quanto todo o sistema parlamentar, não é em nada o governo da maioria, nem mesmo da maioria dos eleitores. Ele é simplesmente um artifício que permite ao governo de uma classe ou de um grupelho tomar as aparências de um governo popular.

      Com efeito, cada eleitor só nomeia um deputado, ou um pequeno número de deputados sobre várias centenas que compõem habitualmente uma Assembléia. É verdade que, mesmo quando os eleitores vêem seu próprio candidato ser eleito, sua vontade, que durante as eleições já não contava praticamente nada, seria representada por um único deputado, que, ele próprio, tem um papel mínimo na Câmara. A Câmara, tomada em seu conjunto, não representa de modo algum a maioria dos eleitores. Cada um dos deputados é eleito de um certo número de leitores mas o corpo eleitoral, enquanto totalidade, não é representado…”

      http://pt-br.protopia.wikia.com/wiki/A_Pol%C3%ADtica_Parlamentar_No_Movimento_Socialista.

       

      Através do Parlamento não chegaremos a lugar nenhum a não ser em golpes como o ocorrido em 2016. Veja porque:

       

      “Organizing versus violence
      Oct 19, 2007 04:17PM EDT
      Paul

      No, you shouldn’t glamourize violence, as the above poster points out; this is what the upper-classes always wrongly accuse marxism of: ‘VIOLENT’ revolution; versus the more gradual, peaceful type.

      The problem with peaceful revolution is that there is a class of people – call them the oligarchs, capitalists, rich, whatever – that are organized and work very hard to undermine ANY progress, whether it be gradual or fast. Gradual progress/revolution just gives them more time to re-group, plan their coups, declare state of emergencies, or employ the countless of other tactics they have on hand.

      In short: gradual revolution is a joke, one that history has shown us many times over”.

      http://nyc.indymedia.org/en/2007/10/91923.html

    2. os Brasis: o que fazer?!

      -> É – se me atrevo, e devemos nos atrever sempre – que vejo a Lava-Jato, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal como, no conjunto, positivo pra nossa história.

      os fatos demonstram claramente, tanto na política quanto na economia, que a Lava Jato foi uma desgraça para o Brasil. e nem poderia ser diferente, pois foi concebido para produzir exatamente este resultado. a Lava Jato é a imagem e semelhança de um Judiciário Judiciário venal, seletivo, classista, corporativo e partidarizado.

      isto é algo inegável.

      outra coisa completamente diferente é: não há, nunca houve, nem nunca haverá nenhuma alternativa democrática para o Brasil sem que se passe por uma investigação, e responsabilização, de tudo o que veio à tona com a Lava Jato. e, principalmente, de tudo que ficou ainda submerso, como as evidências de que os grandes corruptores no Brasil são os banqueiros.

      -> e esquerda impiedosa com os próprios erros e tentações (utopia? ). Um dos caminhos seria focar em disputar os paarlamentos (vereadores, deputados estaduais e federais).

      um ponto vai na contra mão do outro. para uma Esquerda que faça uma permanente autocrítica, algo absolutamente necessário para o avanço de qualquer movimento, é preciso abandonar toda e qualquer ilusão com a via parlamentar. e mais: romper com o próprio conceito de representação política.

      a Democracia Liberal Representativa sempre foi um obstáculo para a Democracia com soberania popular, uma democracia também social e econômica. a Democracia deve ser direta e participativa. sem que isto implique necessariamente em abolir qualquer tipo de Parlamento

      assunto complexo e passível de muito mal entendido, para apenas poucas linhas de comentário.

      abraços.

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      1. precisamos de atrevimentos como os teus

        dá pra você notar que concordamos nuns pontos,

        discordamos noutros.

        Não acho inegável o que fica, ou pode ficar da Lava Jato (eu acho que ainda está aberto pra uma conclusão tipo inegável)

        Mas é bem legal ter você por aqui.

        Abraço.

        1. os Brasis: o que fazer?!

          para deixar claro meu ponto de vista:

          em 1993, o escândalo dos anões do orçamento foi o gênesis do pacto de governabilidade agora demolido pela Lava Jato. apesar de usarem cartões premiados da Loteria Federal para legalizar as comissões recebidas, a sorte grande vinha mesmo é do propinoduto das empreiteiras. Lula e o PT optaram então pelo conchavo de cúpula, por julgarem ser inevitável sua vitória nas eleições do ano seguinte. esqueceram de combinar com FHC e o Plano Real.

          esta é a origem remota da Lava Jato. sua origem recente é o abafamento feito pelo Lulismo da Satiagraha.

          não poderia permanecer recalcado para sempre. acabou vindo à tona da pior maneira possível.

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  5. Olá arkx. Continuamos sem

    Olá arkx. Continuamos sem resposta para “o que fazer?”. A direita está em movimento, embarcada nos veículos de mídia de massas., no judiciário, via prostituição do direito, no congresso, via mercantilização de deputados e senadores, no sequestro do Estado pela banca financeira. A esquerda ficou a pé, restando a canoa do Lula. Você não  quer embarcar na canoa do Lula, porque não acredita que ela vá nos levar até a outra margem. Uma parte do povo se movimenta, ainda que inercialmente, para o barquinho do Lula. Mesmo assim, é preciso que o povo veja a canoa afundando. Se nem o tsunami da direita unifica as esquerdas, então restará, quem sabe, uma guerra civil  gerada pelo caos social, porque as forças armadas serão incapazes de apagar o incêndio provocado pelo derretimento da hegemonia norte-americana.

     

    1. os Brasis: o que fazer?!

      -> Continuamos sem resposta para “o que fazer?”

      compreendo porque vc acha assim, mesmo após ler um texto no qual se afirma exatamente o contrário: sabemos muito bem o que fazer!

      entre 1979 e 1980, era consenso que a política reduzida à via parlamentar jamais conduziria a qualquer transformação social efetiva. pelo contrário, a redução da política à via parlamentar é um modo de impedir que hajam tais transformações.

      não é sem motivo que o PT nasce como um partido eminentemente não parlamentar!

      por que então 37 anos depois estamos de novo às voltas como a mesmo questão? e ainda pior, pois a questão nem mesmo está claramente explicitada? muito pelo contrário, este debate está asfixiado pelas eleições de 2018!

      o que em 1980 era consenso, hoje é motivo de discórdia. o que dá a lamentável medida de como o Brasil deu um enorme salto para trás no que tange ao debate político!

      é preciso quebrar paradigmas! mudar o modo de pensar e de agir.

      o que fazer? o que fazer?! todos sabemos o que fazer! não serão grande líderes que nos dirão o que fazer.

      fazer-se movimento! colocar-se em movimento! ocupar as redes e as ruas! romper a paralisia, de pensamento e ação, em que novamente a resistência ao Golpe de 2016 afundou depois do Ocupa Brasília, em 24-MAI-2017.

      -> Você não  quer embarcar na canoa do Lula, porque não acredita que ela vá nos levar até a outra margem.

      -> Se nem o tsunami da direita unifica as esquerdas

      não se trata nem de não querer embarcar numa canoa (certamente) furada. o mesmo a “unificação” das Esquerdas. a pergunta inicial deveria ser: para quê?

      embarcar numa canoa para qual rumo? uma frente de Esquerda para qual objetivo?

      um golpe só pode ser derrotado por um contra golpe. não haverá reconstrução da Democracia no Brasil sem atender a 3 princípios fundamentais: a nulidade do impeachment, a revogação de todos os atos e contratos do governo golpista e a punição de todos os responsáveis pelo golpe.

      grande abraço

      p.s.: até os emires do Lulismo já admitem a necessidade de uma mudança nos rumos da Esquerda: Fora Temer e Diretas Já. Por que não?

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      1. Caro amigo arkx, sou

        Caro amigo arkx, sou pessimista sobre sua esperança no “movimento”.  O nível de consciência das massas é quase nulo. Mesmo na classe média e pequenos e médios empresários, o entendimento da realidade é esquizofrênico ou fascista, quando não é fruto da lavagem cerebral das globos da vida. Quase todos falam em corrupção como sendo a causa de todos os problemas. Você fala em redes sociais, se for por aí, estamos perdidos. A saída só pode vir das ruas, mas não seria um movimento consciente e sim um movimento decorrente de explosões sociais geradas pelo caos econômico. 

        1. os Brasis: o que fazer?!

          -> O nível de consciência das massas é quase nulo. Mesmo na classe média e pequenos e médios empresários, o entendimento da realidade é esquizofrênico ou fascista,

          compreendo sua argumentação. só que a complexidade social não se reduz a estes exemplos que vc apresenta, muito embora eles estejam corretos.

          compreenda meu ponto de vista:

          yivemos em 28-ABR-2017 a maior Greve Geral já realizada no Brasil. em 24-MAI-2017 a Ocupação de Brasília, também uma das maiores manifestações lá já realizadas, na qual os manifestantes literalmente colocaram a tropa da cavalaria para correr.

          são também exemplo de alto nível de consci6encia e combatividade.

          por que parou? esta é a questão!

          vídeo: Cavalaria da PM ataca manifestantes em Brasília

          [video: https://www.youtube.com/watch?v=mVLhJh83qPU%5D

           

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          1. Não é a consciência que determina a vida, mas o inverso

            “Não é a Crítica mas sim a revolução que constitui a força motriz da história.” – Marx, em a Ideologia Alemã

            O Comentarista WG é um profundo idealista. Ele deveria saber que, segundo Karl Marx,:

            “A minha investigação desembocou no resultado de que relações jurídicas, tal como formas de Estado, não podem ser compreendidas a partir de si mesmas nem a partir do chamado desenvolvimento geral do espírito humano, mas enraízam-se, isso sim, nas relações materiais da vida, cuja totalidade Hegel, na esteira dos ingleses e franceses do século XVIII, resume sob o nome de”sociedade civil”, e de que a anatomia da sociedade civil se teria de procurar, porém, na economia política. A investigação desta última, que comecei em Paris, continuei em Bruxelas, para onde me mudara em consequência duma ordem de expulsão do Sr. Guizot. O resultado geral que se me ofereceu e, uma vez ganho, serviu de fio condutor aos meus estudos, pode ser formulado assim sucintamente: na produção social da sua vida os homens entram em determinadas relações, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada etapa de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura económica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superstrutura jurídica e política, e à qual correspondem determinadas formas da consciência social. O modo de produção da vida material é que condiciona o processo da vida social, política e espiritual. NÃO É A CONSCIÊNCIA DOS HOMENS QUE DETERMINA O SEU SER, MAS, INVERSAMENTE, O SEU SER SOCIAL QUE DETERMINA A SUA CONSCIÊNCIA. Numa certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então uma época de revolução social. Com a transformação do fundamento económico revoluciona-se, mais devagar ou mais depressa, toda a imensa superstrutura. Na consideração de tais revolucionamentos tem de se distinguir sempre entre o revolucionamento material nas condições económicas da produção, o qual é constatável rigorosamente como nas ciências naturais, e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em suma, ideológicas, em que os homens ganham consciência deste conflito e o resolvem. Do mesmo modo que não se julga o que um indivíduo é pelo que ele imagina de si próprio, tão-pouco se pode julgar uma tal época de revolucionamento a partir da sua consciência, mas se tem, isso sim, de explicar esta consciência a partir das contradições da vida material, do conflito existente entre forças produtivas e relações de produção sociais. Uma formação social nunca decai antes de estarem desenvolvidas todas as forças produtivas para as quais é suficientemente ampla, e nunca surgem relações de produção novas e superiores antes de as condições materiais de existência das mesmas terem sido chocadas no seio da própria sociedade velha. Por isso a humanidade coloca sempre a si mesma apenas as tarefas que pode resolver, pois que, a uma consideração mais rigorosa, se achará sempre que a própria tarefa só aparece onde já existem, ou pelo menos estão no processo de se formar, as condições materiais da sua resolução.”

            Karl Marx, em Prefácio de “Contribuição Para a Crítica da Economia Política”

          2. Obrigado, Rui. Li o texto e

            Obrigado, Rui. Li o texto e pretendo aprofundá-lo.  A primeira impressão, entretanto, é de um determinismo social. O fato de eu considerar que a sociedade civil pode entrar em colapso em face do caos econômico não é o mesmo que afirmar que as forças produtivas materiais da sociedade estão entrando em contradução com as relações de produção existentes…

          3. os Brasis: o que fazer?!

            -> O modo de produção da vida material é que condiciona o processo da vida social, política e espiritual. NÃO É A CONSCIÊNCIA DOS HOMENS QUE DETERMINA O SEU SER, MAS, INVERSAMENTE, O SEU SER SOCIAL QUE DETERMINA A SUA CONSCIÊNCIA.

            então:

            – é ao se engajar na participação na luta política direta (através de atos, manifestações, protestos, ocupações, greves, revoltas e insurreições) que se desenvolve consciência política.

            exatamente o que tenho escrito repetidamente: é preciso fazer-se movimento.

            e é também este exatamente o motivo pelo qual as críticas que faço ao Lulismo são tão encarniçadamente rejeitadas por quem não está em movimento. só quem se movimenta é capaz de sentir como o Lulismo se tornou correntes que aprisionam.

            .

          4. É caminhando que se faz o caminho

            É o que diria Belchior e o que reverberariam os Titãs.

            Obrigado a você também, WG.

  6. Vamos tentar fazer um

    Vamos tentar fazer um exercício de realismo político, que acho que é o que está nos faltando.

    O Golpe não é resultado dos ERROS do PT, mas, justamente o contrário, ele é resultado dos ACERTOS do PT. 

    O PT é a primeira experiência concreta de sucesso da esquerda democrática no Brasil e na América Latina.

    O PT é um partido de esquerda moderno (demais até para a realidade do país) que conseguiu nascer fora dos dogmas da esquerda comunista dos antigos PCs, longe da discussão estéril entre revolução e reforma, entre a via institucional e a anti institucional, que se formou na luta social (sindical-trabalhista e contra a exclusão social) e que soube equilibrar as diversas correntes e grupos sociais dentro dele.

    O PT é um partido e isso por si só já é diferencial em relação as formas como as elites organizaram sempre a política no Brasil. Não existe vida partidária ou vida política na maioria das outras formações política, e, isso, é único e deveria ser mais que preservado. Não é possível a democracia funcionar sem a forma partido político, sempre negada em nossa vida política.

    O PT nunca foi apenas um partido parlamentar ou simplesmente um instrumento de articulação dos diferentes movimentos sindicais e sociais. Ele sempre foi exerceu essa duas facetas simultaneamente e essa é uma das razões do sucesso da experiência petista, que como toda experiência concreta, pode sim ser criticada, devemos fazer sempre esse exercício crítico como um balanço realista dos acertos e erros, dos avanços e retrocessos, das vitórias e derrotas, das utopias e das possibilidades reais, tanto em sua atuação nas instituições como em sua atuação nas lutas dos movimentos sociais e claro a em relação a maneira como o Partido se organizar e se renova (se não quiser morrer no Lulismo). 

    O próprio esforço diuturno de criminalização e demonização do PT e do petismo levadas a cabo pelas forças golpista é a prova disso. Nossos adversários sabiam aonde estavam mirando e o que queriam atingir: distruir o Partido e suas principais lideranças foram sempre os alvos e os objetivos dessa guerra total em todas as frentes, midiática, parlamentar, para-política, judicial, econômica por nossos adversários. E vejam só mesmo com o Golpe não conseguiram destruir o partido nem quebrar sua militância ou seu enorme exército de simpatizantes, e pior não só não conseguem distruir sua principal liderança como sua luta por criminalizar e demonizar Lula, acabaram gerando seu contrário a vitimização e quase beatificação de Lula.

    Penso que isso deve ser dito antes de poder responder a questão que o texto se propôs (Que fazer?).

    Por isso diferente do autor entendo que a via da democracia representativa é importante e deve ser trilhada como sempre fizemos (fazer com que os candidatos do partido sejam eleitos em todos os níveis da representação política), não entendo porque precisamos rever um dos pontos que mais fez pelo crescimento do Partido e por suas bandeiras históricas, entre as quais, a primeira era dar voz a quem não tinha a ampliar a esfera de participação política dos trabalhadores e quebrar política de domínio oligárquico e antidemocratico das nossas elites economicas, politicas e sociais. Concordo que o Partido, sua militância e seus simpatizantes deveriam lutar desde o início pela anulação do impeachment e pela responsabilização política dos arquitetos e executores do Golpe de Estado (mas isso agora é já uma batalha perdida, talvez inclusive bloqueada). Entendo que agora o tema do Golpe não pode ser jogado para debaixo do tapete e deve ser colocado por que quer que seja o candidato das forças antigolpistas.

    Nunca faltou ao PT e a esse projeto de sociadade apoio na militância e principalmente o apoio e a força de milhões de simpatizantes (muitas vezes desconsiderados nos cálculos político das lideranças).

    Não tem mágica, não estamos lutando contra forças democráticas (essa a lição que ficou do Golpe), eles tem os meios de poder (dinheiro e controle da comunicação) mas o que precisamos entender é que foram os Golpistas que foram levados ao desespero de lançar-se numa aventura que a cada dia está se mostrando cada vez mais cara (mesmo não faltando disponibilidade de meios para eles). Em 2018 os golpistas vão estar piores em condições do que já se encontram agora. Eles não tem planos nem candidatos viáveis: esperam que surjam duas únicas possibilidade já trilhadas:

    1- “Collor”, isto é, um salvador da “pátria” deles, saído sabe lá de onde seja (é a aposta mais realista da imprensa).

    2-“FHC”, isto é, uma conjuntura econômica favorável que “eleja” um candidato para o representar (é a aposta mais “ideológica” do mercado).

    Eles não vislumbram mais nada, a não ser que nenhuma dessas alternativas se concretizem, e ai vai sobrar a via autoritária-policial qualquer que seja a corporação que desempenhe esse papel.

    1. os Brasis: o que fazer?!

      -> O Golpe não é resultado dos ERROS do PT, mas, justamente o contrário, ele é resultado dos ACERTOS do PT.

      -> que como toda experiência concreta, pode sim ser criticada, devemos fazer sempre esse exercício crítico como um balanço realista dos acertos e erros, dos avanços e retrocessos, das vitórias e derrotas, das utopias e das possibilidades reais, tanto em sua atuação nas instituições como em sua atuação nas lutas dos movimentos sociais e claro a em relação a maneira como o Partido se organizar e se renova (se não quiser morrer no Lulismo).

      sua argumentação é sincera, porém equivocada. infelizmente ela apenas reproduz o que se tornou a versão dominante, e bastante conveniente, do que foi o período Lulista (2003/2016) .

      sempre neste tipo de avaliação se fala dos “ACERTOS do PT”. então eu retruco: quais foram?

      a esta pergunta (claramente provocativa, mas também muito claramente visando a abrir um debate que de fato gere algumas conclusões baseadas em fatos e dados) segue-se uma lista interminável, e padrão pois é sempre a mesma, dos tais ACERTOS.

      se queremos mesmo fazer um “exercício crítico como um balanço realista dos acertos e erros”, e não apenas nos perdemos no fanatismo de seguidores de alguma seita, podemos começar com dois dos principais pontos: a recuperação do salário mínimo (SM) e a geração de empregos.

      o exame dos dados mostra de modo inegável a insuficiência, senão completo fracasso, do que sempre é apresentado como “ACERTO”.

      SALÁRIO MÏNIMO: não é verdade que o SM teve uma recuperação diferenciada nos 13 anos de Lulismo. os dados não confirmam isto (cfe. tabela postada abaixo).

      em 1994 a relação entre o SM Nominal e o necessário era de 10,06%;

      em 2003 a relação entre o SM Nominal e o necessário era de 15,41%;

      em 9 anos de FHC variou + 5,35 pp.

      em 2003 a relação entre o SM Nominal e o necessário era de 15,41%;

      em 2016 a relação entre o SM Nominal e o necessário era de 23,19%;

      em 13 anos de Lula/Dilma variou + 7,78 pp.

      ainda pior: em JAN-2016 o SM era apenas 23,19% do necessário, deixando claro que não houve nenhuma recuperação estrutural ao longo de 22 anos (desde 1994), com uma pífia recuperação de apenas 13,12 pp (cerca de 0,60 pp / ano).

      GERAÇÃO DE EMPREGOS: a recuperação de postos de trabalho foi baseado em baixa remuneração:

      “[na década de 2000, os “anos dourados do lulismo”] 95% das vagas abertas tinham remuneração mensal de até 1,5 Salário mínimo.  […]  e com  rendimento acima de três salários mínimos mensais, houve redução no nível de enprego.”

      Nova Classe Média?, Márcio Pochmann

      e assim poderíamos prosseguir:

      – ÍNDICE DE DESEMPREGO: caiu mas foi contrabalançado pelo aumento do subemprego (cfe. dados do IBGE);

      – índice de GINI: caiu ao mais baixo índice em 2013, mas para apenas voltar ao patamar de 1960;

      – endividamento das famílias: aumentou absurdamente, de 18% em 2015 para 45% em 2015.

      o discurso do Lulismo é ideológico porque é construído com lacunas, para através daquilo que não diz, e não pode dizer, ocultar as contradições que o desmascaram. cada estatística apresentado pelo lulismo neoliberal é apenas uma meia-verdade.

      enquanto exibe um lado da verdade favorável a uma defesa do Lulismo, convenientemente oculta a outra metade que o revela como a mais bem sucedida operação conservadora da história do Brasil: um governo dos trabalhadores que executou magistralmente a política dos patrões.

      então aqui vem a necessária questão: por que a Direita deu o golpe, se o Lulismo atendeu a quase todas as suas demandas?

      porque após a Crise de 2008, com a deterioração da economia global e o fim do ciclo das commodities, o contrato social sob a gestão do lulismo perde sua viabilidade, por ser incapaz de promover o “ajuste” com a rapidez, abrangência e profundidade exigida pelo Capital.

      além disto, após Junho de 2013 o Lulismo também se mostrou ineficaz  em seu papel de controle social, para a cooptação dos movimentos e amortecimento de reivindicações. a partir de então é novamente a Direita quem opera para levar a população às ruas.

      .

      1. Concordo com o Arkx e discordo do Aécio Neves e do Arminio Fraga

        O problema do Brasil é o PT, não o capitalismo. Não fosse o PT, estaríamos num mar de rosas.

        “É outro tema que precisa ser discutido. O salário mínimo cresceu muito ao longo dos anos. É uma questão de fazer conta. Mesmo as grandes lideranças sindicais reconhecem que, não apenas o salário mínimo, mas o salário em geral, precisa guardar alguma proporção com a produtividade, sob pena de, em algum momento, engessar o mercado de trabalho.” – Arminio Fraga

        1. os Brasis: o que fazer?!

          -> O problema do Brasil é o PT, não o capitalismo. Não fosse o PT, estaríamos num mar de rosas.

          um dos maiores problemas do Brasil é que o Lulismo não só nunca foi anti-capitalista, como nem mesmo chegou a concretizar sua estratégia de “reformismo fraco”.

          a grande “conquista” e o maior “acerto”do Lulismo foi desmobilizar os movimentos sociais, reduzindo-se a nada mais do que um instrumento do setor dominante, numa reedição no pior estilo do peleguismo varguista.

          vídeo: Lula defende Roseana Sarney e ofende jornalista

          [video: https://www.youtube.com/watch?v=JHQrvpDlaBI%5D

          .

        1. os Brasis: o que fazer?!

          sobre o PT e a democracia interna como valor fundamental de um partido político

          o PT em sua origem tinha sua pedra fundamental de organização interna nos “Núcleos de Base”. assim se garantia a democracia interna, com todas as demais instâncias partidárias, inclusive os parlamentares, subordinando-se às bases.

          esta estrutura organizativa era um modelo a ser expandido para todo o aparelho de Estado, no caso dos mandatos executivos conquistados. dessa forma, era a democracia interna do PT que garantiria a democratização do Estado e da sociedade.

          os Núcleos de Base foram algo pioneiro em organização partidária. recorde-se que se estava em 1980 sob ditadura militar. foi preciso muita engenhosidade jurídica para serem aprovados pela justiça eleitoral na época.

          “Art. 72º – As decisões importantes dos Diretórios e das Bancadas deverão ser tomadas após consulta aos Núcleos de Base do Partido, nos termos dos artigos seguintes.”

          […]

          “Entendemos que todos os mecanismos que asseguram a democracia interna do Partido, a prática de sua construção e suas experiências concretas nesse sentido, somadas desde sua proposta inicial estão absorvidas pelo Estatuto. Foram encontradas as formas necessárias para esse fim dentro das brechas da lei, de suas omissões, sem ferir nenhuma das exigências da legislação. Nesse sentido, a existência (art. 11 e 35) e a participação (art. 37) dos Núcleos de Base, apreciando as filiações (art. 5º), participando de todas as convenções, inclusive nas que decidem sobre a linha política (artigos 13,14 e 15), intervindo junto aos representantes eleitos pelo Partido (art. 40), decidindo sobre as questões de interesse do Partido (artigos 72 e seguintes até 79), manifestando-se sobre a disciplina interna do Partido (art. 96, III) etc.”

          ESTATUTO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES

          abraços

          p.s.: muita leitura para o meu já escasso tempo: “Democracia como artigo de exportação? limites e possibilidades da democracia intrapartidária no Partido dos Trabalhadores”, Tássia Rabelo de Pinho – 308 páginas

          .

          1. Arkx, te enviei 2 links, um é resumo, o outro é a tese.

             te enviei 2 links, um é resumo, o outro é a tese.

            Não gosto de por em itens 1 e 2 3 3, mas tento organizar (meu defeito é não revisar e postar do jeito que me vem à cabeça).

            Antes de tudo vejo uma tentação (com a qual compaartilho) de explodir muita coisa, do judiciário, dos legislativos, etc. E dos blogs supostamente alternativos que dificultam, inibem opiniões divergentes, mesmo que no prórpio campo, forçando um pouco, de centro-esquerda a liberal-democratíco. Mas louvo os voluntarismos, nem sempre ficam só nisso, e se tornam realidade um dia. Vejo voluntarismo em você, e um apego ao que no Brasil é letra morta: Estatutos, Leis, etc. Sou egresso do PCB-Porto Alegre, modesto militante, e defendia a aproximação máxima com o então PT, que o portoalegrense me parece o mais sério e pensante. Um alto diriegente do PT, por coincidência, na adolescência foi meu colega de escola, morou em Recife e em POA, entre outros lugares, e concorda com isso. Desconte se me repito, não costumo ir rever o que manifestei noutros momentos.

            1 – leitura em blog é ligeira e pode chegar, como muitas vezes vejo, a outras pessoas concluindo ou interpretando o cont´raio do que postei (não ligo pros xinagmentos, troll, etc, mas um deles é há muito tempo muito agressivo rompendo as regras de conduta – minha suposição é que não o expulsam porque ele tem pesudo-cultura, e ainda menos sabedoria, é intolerante, mas o GGN precisa $$$$ de demonstrar status de audiência e mantém a figura, já denunciei, e não só eu, tempo atrás e recentmente). O convênio do GGN com a Fundação Perseu Abramo eu interpreto como desespero por status, por grana, e torna escancarado o partidarismo de seita que aplaude em massa qualquer coisa, besteira ou não, que o dono do blog posta.

            2 – Se você vir o que um ceerto jornalista economico escrevia no período FHC, louvabndo-o, e abominando o PT, vai ver a mutalibilidade, a flexibilidade, alguns diriam o camaleão (termo que o blogueiro usou contra Serra ou afins).

            3 – Se voce vir um Roda Viva em que Ciro Gomes desmente um ceerto blogueiro jornalista conidado vai ver porque Ciro não era citado. Mas os ventos mudam, as cores dos camaleões mudam também, e aposto que o GGN vai virar Cirista.

            4 – Veja Chico de Oliveira, todo, cerca de 1 hora e meia, num antigo Roda Viva. Sugiro, não perca. Antes que deletem.

            5 – Os fanáticos cegos que não percebem mudanças na realidade têm que ser alertados, mas não têm jeito, são idólatras, foram seitas. No site NEXIO ou foi no site APUBLICA há , pro público internético, claro que resumidíssimo – o pessoal não lê – lado a lado a defesa da setença de Moro, e outro acusando a sentença de Moro. Claroque não é estrela freqeuantada prlas opiniões fechadas, tais torcidas de futebol e de corrida de cavalo pra eleições.

            Desconte a verborragia que meus botões dizem ser uma tentativa de compensação pra uma perda recentíssima dentro da família.

            Convido ao Multimidia do Dia de ontem e o de hoje.

            abç,

            Porto Alegre (onde descobri e vivi muita coisa até hoje marcante) e Recife.

            Humberto

            ………….

            —————–

          2. os Brasis: o que fazer?!

            ->  te enviei 2 links, um é resumo, o outro é a tese.

            ok. eu li o resumo. agradeço. apenas me justifiquei que no momento não tenho como ler uma tese (sempre tem muitas páginas, muitas vzs sem necessidade, apenas formalidade acadêmica).

            -> Vejo voluntarismo em você, e um apego ao que no Brasil é letra morta: Estatutos, Leis, etc.

            comunicação por escrito na web dá margem a muita distorção. não tenho o menor apego a Estatutos, Leis ou qualquer normatização, ainda mais jurídica.

            -> e defendia a aproximação máxima com o então PT, que o portoalegrense me parece o mais sério e pensante.

            concordo quanto ao PT de Porto Alegre, onde ocorreram as mais criativas e avançadas gestões. acrescento que o PT do Rio sempre foi muito bom também. tão bom que teve que ser sistematicamente destruído pela Direção Nacional (leia-se Lula e Dirceu), para não lhes fazer sombra. não é sem motivo que o PSOL é forte no Rio, pelo muito que herdou do PT carioca.

            deixo claro que também não sou PSOL, ou tenho qualquer ligação com partidos políticos, forma/estrutura de organizaçào que considero definitivamente obsoleta.

            afastei-me do PT após o 2o turno das eleições de 1989, quando ficou claro para mim que Lula, e quase toda a cúpula então, jamais encaminhariam qualquer projeto efetivo de transformações sociais.

            -> leitura em blog é ligeira e pode chegar, como muitas vezes vejo, a outras pessoas concluindo ou interpretando o cont´raio do que postei

            para reflexão:

            quando trocamos mensagens na web, seja numa área de comentários ou via qualquer rede social ou email, para quem escrevemos? qual nosso interlocutor? há de fato algum diálogo? ou estamos inexoravelmente sozinhos dentro de uma bolha virtual?

            será que nós todos ao invés de retrucarmos uns aos outros, estamos apenas num monólogo do qual o Big Data é o único ouvinte? mas sempre mudo, sem deixar de coletar e arquivar tudo.

            sendo assim, como toda esta troca de mensagens (como esta que aqui e agora temos) fica armazenada em terabytes de terabytes, podendo a qualquer momento ser recuperada, e portanto ressignificada, isto implica numa linha do tempo bidirecional?

            ou seja: será que estamos dialogando com algo que ainda não existe? ah! a “singularidade científica”? não, não exatamente.

            ou seria algo como a “inteligência coletiva”? talvez…

            pode ser que estejamos construindo uma chave para uma porta que ainda não existe. algo que só depois iremos compreender.

            déjà-vu.

            .

          3. os Brasis: o que fazer?!

            -> achei que voce poderia apreciar (de algum modo). 

            valeu!

             “Ninguém poderá nos destruir, exceto os nossos próprios erros”

            “Devo desculpas à classe operária russa. Eu os decepcionei”

            Cyro Garcia (quadro histórico do movimento sindical e do PSTU, além de produtivo intelectual orgânico –  mesmo que eu tenha enormes discordância com ele) tem um bom livro sobre o PT e o lulismo, “PT: de oposição à sustentação da ordem”, baseado em sua tese de Doutorado”. anteriormente, em seu Mestrado, Cyro produziu uma excelente pesquisa sobre o processo de profissionalização da militância do PT. (link)

            talvez a mais completa análise do lulismo, desde sua origem na burocracia sindical em S. Bernardo antes das greves de 1978, seja a de Ruy Braga: “A política do Precariado: do populismo à hegemonia lulista”.

            .

      2. Não quero te ofender mais sei

        Não quero te ofender mais sei que o que vou dizer vai ter esse efeito em você.

        Se não fosse você que tivesse escrito e se não fosse por algumas palavras fora do jargão poderia tranquilamente pensar que teria sido escrito por um desses “economistas de banco” (que não atuam nem como economistas e nem como bancários mas são assim chamados) e que são repetidas ad nausea por seus macaquinhos amestrados do mercado financeiro, que você, certamente, e para a sua sorte e boa saúde mental, não conhece e não convive. Estas tristes figuras bem remuneradas, pastores e ovelhas, foram desde o Mensalão transformados em militantes políticos em e a plena jornada de trabalho (e nunca vi ninguém se referir a eles como “militantes”, “fanáticos”, “seita” ou “igreja”, ao contrário, todos chamam isso de “mercado”).

        E o que digo para você não é um recurso retórico ou um exagero, é uma constatação, falo sinceramente, como você já percebeu, e mesmo porque, confesso,  vivo essa perturbadora realidade.

        Eles, como você, negam qualquer progresso na distribuição de renda, no crescimento da massa salarial e no aumento do poder de compra dos salários e, como não podem negar as evidências e a própria realidade, sempre afirmam que o sucesso econômico do período petista (eles não chamam de “lulismo”) se deve:

        1º ao ciclo favorável das “commodities” (mesmo sabendo-se que o impacto do comércio externo na economia brasileira é bastante reduzido se comparados com outras economias) e,

        2º ao tripé macroeconômico “tucano” mantido pelos “petistas” (mesmo sabendo-se que o tripé foi uma imposição do FMI quando o Brasil quebrou em 1999 e teve que aceitar os temos impostos pelos empréstimos).

        O que trocando em miúdos nada mais é do que uma forma de dizer que se aconteceu algo de positivo não foi devido aos governos petistas mas apesar deles. Entendo o incomodo que causa em certa empedernida intelligentsia tucana, os “gênios” daquela “corte renascentista”, reconhecer essa derrota.

        Onde você vê o fim do mítico “ciclo de commodities” e políticas neoliberais eu vejo a incapacidade de lançar as bases para um desenvolvimento sustentado baseada no investimento físico e humana para modificar definitivamente nosso padrão como sociedade. E essa incapacidade não é nem técnica nem financeira, ela é principalmente a incapacidade de pactuar ou mesmo impor um modelo econômico com amplo apoio social (entre trabalhadores e as empresas) e amplo apoio político.

        Não sou militante, não sou intelectual, não faço parte de correntes internas do partido, não sou pago para dar opiniões e nem lucro ou perco com as opiniões que dou. Posso ser enquadrado naquele tipo básico chamado “simpatizante”, figura que nada influi nos rumos e lutas internas do partido, mas que é fundamental para seu sucesso; formamos uma espécie de massa escura que ninguém consegue controlar ou definir bem mas que compõe a maior parte do universo político democrático. Agora acompanho por interesse, gosto, paixão, convicção nossa política não só como tema de estudo, mas com experiência de vida.

        Quando falava dos acertos não me referia e nem pensava nos ganhos e nem as perdas econômicos que certamente aconteceram (as duas, e os acertos talvez não nas dimensões e nas expectativas que temos, por exemplo em universalização de direitos sociais na saúde e, principalmente, na educação). Falava em relação a forma política adotada pelo PT ao longo de todos esses anos desde sua fundação até aqui.

        Estranho: o “lulismo” era neoliberal mas era combatido diuturnamente por ser “bolivariano”, “comunista”, “esquerdista”.

        Estranho: “ocultou” as contradições, “foi um governo dos trabalhadores que executou magistralmente a política dos patrões” mas foi varrido por um golpe de estado de, para e pelos patrões.

        Estranho: a crise econômica de 2008 (a “marolinha”?) é o que explica a crise política de 2014/15, tem certeza disso?

        Estranho: o “Lulismo” operou contra os movimentos sociais e mesmo assim foi golpeado.

        Alguma coisa está fora de ordem em teu raciocínio.

        1. os Brasis: o que fazer?!

          -> Não quero te ofender mais sei que o que vou dizer vai ter esse efeito em você.

          pelo contrário. agradeço sua resposta. não sou uma dessas pessoas que se ofendem fácil, muito menos em virtude de diálogo político. nasci, cresci e vivo num ambiente de discussões constantes, muitas vezes ásperas, sem que isto implique necessariamente em ofensa pessoal.

          -> e que são repetidas ad nausea por seus macaquinhos amestrados do mercado financeiro, que você, certamente, e para a sua sorte e boa saúde mental, não conhece e não convive.

          mais uma vez: muito pelo contrário. tive uma boa experiência profissional no mercado financeiro. até me permito lhe dar um contundente exemplo: conheci o ghost writer (por assim dizer) da “Carta ao Povo Brasileiro”.

          -> e mesmo porque, confesso,  vivo essa perturbadora realidade.

          a autêntica perturbadora realidade da economia brasileira são as operações compromissadas, o velho e muito bem remunerado overnight. posição em agosto de 2017:

          ” As operações overnight corresponderam a 99,4% do total das operações compromissadas, com médias diárias de R$1,0 trilhão e de 6.296 operações. As operações de prazo superior a um dia e com livre movimentação do título objeto registraram médias diárias de R$1,5 bilhão e de 21 operações.”

          nenhuma Esquerda pode existir sem atacar diretamente esta disfuncionalidade. mas a Esquerda nem toca no assunto, isto quando mal e mal sabe que ele existe.

          pessoas que tem experiência de mercado financeiro são imprescindíveis, por conta de seu conhecimento de como funciona o capitalismo contemporâneo, altamente financeirizado. sem este conhecimento não é possível construir alternativas.

          -> O que trocando em miúdos nada mais é do que uma forma de dizer que se aconteceu algo de positivo não foi devido aos governos petistas mas apesar deles.

          não sou daqueles que afirmam isto em minhas críticas ao Lulismo. por exemplo: jamais deixei de reconhecer que o ponto altamente positivo do Lulismo foi a política externa, com a inteligência e sensibilidade de compreender e atuar em relação ao projeto dos BRICS.

          -> E essa incapacidade não é nem técnica nem financeira, ela é principalmente a incapacidade de pactuar ou mesmo impor um modelo econômico com amplo apoio social (entre trabalhadores e as empresas) e amplo apoio político.

          boa linha de argumentação. e aqui cabe sim a constante avaliação da “correlação de forças”, sempre usada pelo Lulismo para justificar suas capitulações voluntárias. mas é um assunto complexo. prefiro enfatizar outros pontos de sua resposta, no momento.

          -> Alguma coisa está fora de ordem em teu raciocínio.

          não. não está. mas também opto por não polemizar sobre isto, no momento. pois sua resposta abre linhas de diálogo muito mais interessantes e produtivas.

          -> Não sou militante, não sou intelectual, não faço parte de correntes internas do partido, não sou pago para dar opiniões e nem lucro ou perco com as opiniões que dou. Posso ser enquadrado naquele tipo básico chamado “simpatizante”, figura que nada influi nos rumos e lutas internas do partido, mas que é fundamental para seu sucesso; formamos uma espécie de massa escura que ninguém consegue controlar ou definir bem mas que compõe a maior parte do universo político democrático. Agora acompanho por interesse, gosto, paixão, convicção nossa política não só como tema de estudo, mas com experiência de vida.

          deixei para o final esta jóia rara em sua resposta. então temos muito mais em comum do que apenas divergências quanto ao Lulismo

          reflita bem sobre a qualidade excepcional do que vc escreveu!

          talvez mais do que “uma espécie de massa escura que ninguém consegue controlar ou definir bem mas que compõe a maior parte do universo político democrático”, somos nós a energia escura que realmente mantém vivo o universo político, sem que quase ninguém disto se aperceba.

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          1. Também concordo contigo que
            Também concordo contigo que temos mais pontos em comum, convergências e afinidades políticas, teóricas e talvez mesmo vivenciais do que coisas que nos afastam. Agradeço também a forma elegante, positiva e aberta (quase generosa) com que você recebeu minhas críticas. Sem abrir mão das críticas tentei me cercar de alguns dedos (quase pedindo desculpas) justamente em razão do clima atual, opressivo e doloroso, tomado por uma atmosfera envenedada, viciada e corrompida como o que estamos vivendo; para mim ver tua resposta é pelo menos já um alento.Então vamos tentar reencaminhar a discussão para o ponto que você propôs (“que fazer?”) e para o ponto que eu procurava redirecionar nossa discussão (“um exercício de realismo político”, sem o qual, acredito, não poderemos responder a pergunta que você propôs ou não da forma e da maneira adequada). Entendo e acredito que você deve concordar que estes dois pontos devem estar de alguma maneira atados e bem amarrados. Como você pode percerber agora, meu elogio ao PT e a seus acertos não era nem laudatório, nem eleitoreiro, nem mesmo messiânico ou faccioso (por isso uso com mais cuidado a expressão Lulismo, cuja forma mais consequente é aquela utilizada por André Singer). Meu o elogio é a defesa de uma forma ou de uma fómula política, democrática, popular e de esquerda, que combinou a luta e a ocupação dos espaços políticos instituicionais tradicionais com a luta e a ocupação dos movimentos sociais e dos trabalhadores. É o elogia essas duas facetas que, na minha opinião, o PT conseguiu combinar relativamente bem ao longo de sua história.É essa forma-fórmula que tem sido sistematicamente atacada (e talvez o próprio PT não tenha se dado conta inicialmente do alcance e dos riscos a que ia se expor, e expor todo o seu eleitorado, militantes e simpatizantes, ao negligenciar o cuidado dessa forma-fórmula política). Quando defendo a importância da luta nos espaços tradicionais da política é porque entendo primeiro que ele não é excludente com a luta em outros domínios e outras formas sociais e segundo, porque acredito que a ocupação dos espaços tradicionais auxilia o próprio sucesso em outros campos de luta. Nesse sentido minha defesa da democracia representativa (ou  do espaço tradicional da política) é tanto pragmático como finalista, no sentido, que vê também a democracia como um valor pelo qual se deve lutar, como um fim em si mesmo. E se isso só não bastasse eu defendo e não abro mão facilmente da luta no espaço tradicional da política porque isso nos distingue definitivamente de nossos adversários, tanto a direita neoliberal quanto a direita iliberal, que muitas vezes são as duas faces de uma mesma moeda. E talvez ai chegue no ponto onde você quer chegar: defender a democracia é lutar contra o, ai sim, o neoliberalismo, que nada mais é do que um processo de desmocratização do Estado e da sociedade e sua razão de Estado, um estado que esvazia justamente seu conteúdo democrático, uma sabedoria convencional que quer se impor ao mundo como uma razão do mundo, que no final vão destruir o homem e a natureza, a natureza humana e o homem como ser social. O neoliberalismo é a razão ou a sabedoria convencional do capitalismo atual, um capitalismo que como um monstro aprisionado quer cobrar o tempo de cautivério que teve de suportar (dominado pela social democracia e pelo fantasma do socialismo e do comunismo no século XX).  Só umas últimas considerações Cuidado não usei a expressão massa escura (ou matéria escura) no sentido de superdimensionar a força e as dimensões do corpo representado pelos simpatizantes do PT ou das esquerdas no Brasil dentro do universo político brasileiro, como se abarcasse ou tentasse impor a totalidade do universo político, que estaria em contraposição a própria definição de uma política democrática. Utilizei a figura retórica da massa ou matéria escura importada da física no sentido da dificuldade em defini-la ou mais ainda a manipula-la e de que apesar disso essa matéria ou massa dar formato ao universo que nos rodeia e com o qual ele interage.Odeio a imagem do xadrez de Nassif, como ele pode comparar o momento político que estamos passando com uma partida de xadrez! Pode ser tudo ou qualquer coisa menos uma partida de xadrez! Como pode uma partidade de xadrez se desenvolver com ausência de regras equânimes, estáveis, simultâneas e válidas para os dois contricantes, assimetria de informação entre os contricantes, assimetria na disponibilidade de recuros e usos, assimetria no valor das peças, de sua capacidade, poder e liberdade de movimento, até o tabuleiro parece móvel, enfim, arbitrariedade. Repito, tudo menos uma partida de xadrez. Para o inferno o xadrez.Uma última mais longa. Não podemos, não temos o direito de ser ingênuos. O que vejo acontecer no mercado financeiro nos últimos anos, pelo menos desde que a estratégia de judicialização da política e de politização da justiça ensaiada no AP470 (que só pode levar a destruição simultaneamente da política e da justiça como acabamos constatando agora) não tem nada a ver com o que havia antes, tanto na extensão quanto na profundidade, mesmo comparado com o terrorismo pré-Lula e pré-PT, depois do primeiro ocaso tucano.Acho interessante quando acusam os petistas de ser uma seita, de ter aparelhado o Estado com seus militantes fanáticos, só não chamam o PT de igreja, para poderem chamar de organização criminosa.Mas o que vejo (e aqui não é força de expressão) foi que de fato o que se transformou em uma seita, ou melhor, em uma igreja, talvez mesmo uma organização criminosa, foi justamente o Mercado.Alguém poderia dizer que estou exagerando e dizer que o Mercado apenas estava exercendo seu direito de expressar livremente suas opiniões e defender seus interesses.Tudo isso seria verdade se não fosse pelo fato de que o Mercado, ou as empresas que o formam serem pessoas jurídicas (não podem votar) e não físicas (que são as que podem exercer esse direito).Quando as empresas permitem que seus funcionários, mais ou menos graduados, possam fazer militância política durante a jornada de trabalho, estão violando normas básicas de conduta e comportamento inclusive empresarial, e estão incorrendo em crime contra a economia popular.As empresas sabiam disso e não só não fizeram nada, como permitiram, com sua omissão, esses crimes. Como puderam as áreas de compliances das empresas permitirem isso? Muito simples, porque seu corpo diretivo não só concordou como incentivou esse tipo de conportamento e de prática.Se como se diz se formou um “partido da mídia golpista”, como admitiram os próprios representantes de classe do jornalismo já em 2011, certamente, o mesmo passou com as empresas de outro setores, entre eles, e, principamente, nos setores financeiros de nossa economia. Porque não utilizamos a expressão de partido das empresas golpista se essas empresas puderam operar como partido político ao arrepio da lei eleitoral e do próprio direito privado?Foi o partido das empresas golpistas que ofereceu a narrativa do Golpe como impeachment e como operação legal veiculada diuturnamente por sua agência de propaganda, a chamada Grande Imprensa. Quando na verdade o que se gestava era um golpe parlamentar com a ajuda da mais alta instância do poder judiciário.Temos que ter cuidado quando lutar contra o poder das finanças porque eles de alguma monopolizaram o crédito e o próprio controle da moeda, com o qual pode chantagear como quiser o cidadão se ele não tem a proteção de um poder tão forte como o do Estado. Por isso também insisto aqui na questão da importância de ocupar as instituições tradicionais. O capital sabe a importância disso, se o trabalho não souber, vai ser o massacre que vemos vendo se passarÉ preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte.Um grande abraço

          2. os Brasis: o que fazer?!

            excelente tréplica da tréplica. temos diversas divergências, o que é saudável e produtivo, mas também, isto o mais importante, convergência no fundamental: não apenas o óbvio, quanto a estarmos no campo da Esquerda, mas principalmente em relação com percepções mais profundas e não tão óbvias de como se dá o processo social e político.

            -> justamente em razão do clima atual, opressivo e doloroso, tomado por uma atmosfera envenedada, viciada e corrompida como o que estamos vivendo; para mim ver tua resposta é pelo menos já um alento.

            mais uma vez, muitos pontos interessantes no seu comentário que abrem grandes possibilidades de desenvolvimento. e o farei. mas não exatamente aqui neste comentário. agradeço o mais importante: a oportunidade de se pensar juntos, mesmo que através de uma forma de comunicação virtual.

            as pessoas ainda não tem a menor idéia, e muito menos a capacidade de uso, do imenso poder de comunicação aberto pela web, apesar de já todas estas décadas usando o meio e sendo a mensagem.

            -> por isso uso com mais cuidado a expressão Lulismo, cuja forma mais consequente é aquela utilizada por André Singer

            é com o mesmo sentido que uso a expressão Lulismo. e já postei este referencial teórico aqui no Nassif por diversas vzs. justamente para não ser confundido com a conotação que a Direita faz.

            -> Quando defendo a importância da luta nos espaços tradicionais da política é porque entendo primeiro que ele não é excludente com a luta em outros domínios e outras formas sociais e segundo, porque acredito que a ocupação dos espaços tradicionais auxilia o próprio sucesso em outros campos de luta.

            sem dúvida. e assim era a compreensão inicial quando do nascimento do PT, em 1980. só que a via parlamentar-insititucional jamais pode ser o foco prioritário, que deve ser o movimento popular autônomo.

            -> Utilizei a figura retórica da massa ou matéria escura importada da física no sentido da dificuldade em defini-la ou mais ainda a manipula-la e de que apesar disso essa matéria ou massa dar formato ao universo que nos rodeia e com o qual ele interage.

            pode ter certeza que entendi perfeitamente. tanto entendi que me interessei, e pensei muito sobre o que vc escreveu. daí ter tentado acrescentar à sua analogia o conceito de “energia escura”, tb usando o mesmo modelo da física, como (repito):

            – a energia escura que realmente mantém vivo o universo político, sem que quase ninguém disto se aperceba.

            a matéria escura como estrutura não visível (ainda na analogia com a física) e a energia escura como a força que anima, no sentido que é a “alma” do processo.

            evidentemente que não se trata absolutamente de “superdimensionar a força e as dimensões do corpo representado pelos simpatizantes do PT ou das esquerdas no Brasil dentro do universo político brasileiro”. mas tb jamais devemos subestimar a importância tanto desta “matéria escura” quanto da “energia escura”.

            assunto complexo.

            mas apenas para ensejar como compreendo a questão: tanto a análise quanto a própria prática da quase totalidade da Esquerda no Brasil (mas não apenas neste país) são positivistas. relação binária entre teoria e prática, e não uma autêntica práxis: não há prática revolucionária sem teoria revolucionária, e vice-versa.

            como referência de como me situo em relação ao tema, cito a publicação  “Aos Nossos Amigos”, com uma análise das insurreições contemporâneas. por sinal já anunciadas em publicação anterior do mesmo coletivo em 2007: “A Insurreição que vem”.

            abração. e não se preocupe em ficar “cheio de dedos” comigo pois estou acostumado com desaforos e porradas.

            p.s.: a próxima crise prestes a eclodir. ou não?

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          3. Derivativos, parece o típico

            Derivativos, parece o típico vilão, mas dissolve como gelo no verão no Sahara das grandes crises e quebras e é no cash e nos bonus (liquidity) e não os notionals que o bicho pega. São de alguma forma comparáveis mas não são iguais. O que importa é que geram efeitos sobre fluxos reais e especulativos (que são reais também). E tem outros complicômetros como você sabe que são as garantias(collaterals): derivados que estão em clearings e os que estão fora de clearing. A famosa função da moeda como reserva de valor e os saltos mortais das mercadorias, o calcanhar de aquiles da economia capitalista que não pode prescindir do bom e velho Leviatã. O capital fictício sempre tem sua hora H! Mas ai você me despistou, estavamos na linha do “o que fazer?” local, específico e nacional e não nesse plano do capitalismo e suas voltas…..

            Um grande abraço e espero chegarmos a um bom termo, não quero morrer ou aprender a viver cinicamente sem esperança.

          4. os Brasis: o que fazer?!

            permita-me alguma divagação.

            -> O capital fictício sempre tem sua hora H!

            a Crise de 2008 foi uma destas Horas H. e uma outra crise ainda mais devastadora parece estar cada vez mais próxima, e inevitável.

            em 2008 o núcleo do grande capital brasileiro foi duramente atingido: Unibanco, Sadia, Banco Votorantin, Aracruz, etc (mais de duas centenas de empresas foram socorridas pelo BNDES). e agora, como será com a Temeridade no comando?

            em 2008 as operações com derivativos (CDS, CDO) estavam podres, as hipotecas vieram abaixo, milhares se tornaram homeless. e agora, quais os ativos tóxicos?

            China e Rússia compram Ouro como nunca antes e operam diretamente em CNY/RUB (Yuan/Rublo). preparam-se para o Tempos da Catástrofe que Vem.

            ainda assim, o capital fictício girando no mercado altamente especulativo precisa se fixar em ativos concretos. por isto o Brasil foi colocado à venda: todo um continente a ser expropriado e ocupado. terra, água e energia são os ativos cobiçados para neles ancorar o capital improdutivo.

            como sempre o Brasil na vanguarda, desde a Empresa Transnacional do Açúcar, só que nunca em prol do próprio povo.

            -> Mas ai você me despistou, estavamos na linha do “o que fazer?” local, específico e nacional e não nesse plano do capitalismo e suas voltas…..

            não chegou a ser um diversionismo ou um despiste. este plano mais geral sobre as grandes transformações do Capitalismo é necessário para considerar o local, seja específico ou nacional.

            -> ou aprender a viver cinicamente sem esperança.

            talvez seja preciso abandonar toda e qualquer esperança. sem com isto mergulhar no cinismo ou na depressão.

            minha opção, absolutamente pessoal, frente ao colapso em que já estamos (principalmente a decomposição dos grandes centros urbanos, do que a calamidade do Rio de Janeiro é só o começo) é também terra, água e energia. não como acumulação primitiva, mas como única chance de algum tipo de sobrevivência digna. link importante.

            na ampla perspectiva global do “o que fazer?”, teremos que formar redes de informação e sobrevivência.

            na linha específica do “o que fazer?” nacional, tivemos um grande fato político na semana passada, ainda não totalmente dimensionado. a foto abaixo fala por mil argumentações.

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          5. Grandes transformações do

            Grandes transformações do capitalismo é o pão nosso de cada dia, ainda que muitas vezes nem distinguimos os fermentos que estamos digerindo. Algumas vezes elas permanecem subterrâneas e outras parecem como enormes geisers. Uma vez engana nossas vistas com a ilusão da paisagem imóvel outras nos produz a ilusão da vertigem. 

            Veja só as ideologias que foram dadas por mortas duas vezes (primeiro pelo grande consenso social democrático e o neoconservadorismo dos anos 50 e 60 e depois com o grande consenso neoliberal dos anos 90, que ainda não esgotou suas promessas e sua energia utópical, distópicas é claro para nós) e retorna e permanece como o sentido de muitas distinções, diferentes no tempo, mas as mesmas distinções entre esquerda e direita.

            Veja só o socialismo (e as esquerdas) que abriu o século (passado) anunciando grandes utopias, grandes revoluções, grandes reformas e hoje parece mais um afogado a busca de uma tábua de salvação.

            Veja só o capitalismo que quase foi a breca uma (1930) e outra vez (2008) e continua ai tão arrogante sempre como se não houvesse amanhã.

            Não acredito e não vislumbro essa crise geral do capitalismo sempre anunciada e muito mais vezes esperadas como o anúncio do fim do capitalismo como sistema. Quando falei da hora H do capital fictício não queria dizer essa “crise milagrosa”, que poderia fazer a obra que nós mesmo não conseguimos erigir, um novo modo de produção mais justo socialmente, mais equilibrado ecologicamente, etc etc. Simplesmente que o capital como uma pulsão busca sempre sua valorização qualquer que seja o meios, seja através da produção de mercadorias e serviços, seja através de todo tipo de aposta financeira com qualquer coisa de promedio (valores presentes e futuros de qualquer natureza, públicos ou privados) que pode ou não materializar esse processo de valorização, com a feliz imagem do salto mortal da mercadoria ou da imagem shakespeariana romântica e mais ainda irônica que diz que a mercadoria ama o dinheiro mas o curso do verdadeiro amor nunca é suave. Pode se esborrachar no chão ou ter uma enorme desilusão amorosa mas a pulsão do processo de valorização está ali pronto para o próximo salto, entregue para o próximo amor.

            O fim do Breton Woods e da estabilidade do Pós Guerra liberou a besta capitalista e ele por hora tem o sentimento da vigança do breve cautibério.

            Lembra daquele andróide de Terminator 2, T-1000, um prototipo avançado formado de uma espécie de liga de metal líquido, polivalente e mimética, que é quase indestrutível, capaz de se transformar e se materializar, de se dividir e se refundir, em diferentes objetos e pessoas? Pois é, mais ou menos assim que deveríamos ver o capitalismo. Existe limites para para um sistema como esse, sim, claro. O limite dele é a natureza e o homem. Difícil precisar se estamos chegando próximos a esses limites. Acredito que, não digo o homem, mas a natureza não vai suportar o capitalismo como sistema mundo, aqui sim é possível antever um Tempo de Catástrofe, e para concluir isso não é preciso nem ser marxista.

            E olha que o século XX na Europa e em boa parte do mundo foi um Tempo de Catástrofe, duas Guerras Mundiais, Guerras Anticoloniais, Guerra Fria quente na Ásia, África e na América Latina, e dentro delas muitas outras menores, ocultas, a loucura da corrida nuclear. Que mais precisamos

             Precisamos voltar ao realismo, as instituições, a forma partido, a retomar a democracia para as amplas maiorias sociais, é isso que continuo achando que devemos fazer! Um grande abraço

            Grandes transformações do capitalismo é o pão nosso de cada dia, ainda que muitas vezes nem distinguimos os fermentos que estamos digerindo. Algumas vezes elas permanecem subterrâneas e outras parecem como enormes geisers. Uma vez engana nossas vistas com a ilusão da paisagem imóvel outras nos produz a ilusão da vertigem. 

            Veja só as ideologias que foram dadas por mortas duas vezes (primeiro pelo grande consenso social democrático e o neoconservadorismo dos anos 50 e 60 e depois com o grande consenso neoliberal dos anos 90, que ainda não esgotou suas promessas e sua energia utópical, distópicas é claro para nós) e retorna e permanece como o sentido de muitas distinções, diferentes no tempo, mas as mesmas distinções entre esquerda e direita.

            Veja só o socialismo que abriu o século (passado) anunciando grandes utopias, grandes revoluções, grandes reformas e hoje parece mais um afogado a busca de uma tábua de salvação.

            Veja só o capitalismo que quase foi a breca uma (1930) e outra vez (2008) e continua ai tão arrogante sempre como se não houvesse amanhã.

            Lembra daquele andróide de Terminator 2, T-1000, um prototipo avançado formado de uma espécie de liga de metal líquido, polivalente e mimética, que é quase indestrutível, capaz de se transformar e se materializar, de se dividir e se refundir, em diferentes objetos e pessoas? Pois é, mais ou menos assim que deveríamos ver o capitalismo. Existe limites para para um sistema como esse, sim, claro. O limite dele é a natureza e o homem. Difícil precisar se estamos chegando próximos a esses limites. Acredito que, não digo o homem, mas a natureza não vai suportar o capitalismo como sistema mundo, aqui sim é possível antever um Tempo de Catástrofe, e para concluir isso não é preciso nem ser marxista.

            O século XX na Europa foi um Tempo de Catástrofe, duas Guerras Mundiais, e dentro delas muitas outras menores, ocultas.

             

  7. os Brasis: o que fazer?!

    para registro:

    Se alguém perguntasse qual o título do romance russo do século XIX que teve a maior influência sobre a sociedade russa, é provável que uma pessoa não russa escolhesse um dos livros do poderoso triunvirato de Turguenev, Tolstoy e Dostoyevsky. Pais e Filhos? Guerra e Paz? Crime e Castigo? Essas certamente seriam algumas das obras sugeridas;

    mas …

    o romance que pode clamar por essa honra com mais justiça é O Que Fazer? de N.G. Chernyshevsky, um livro do qual poucos leitores ocidentais ouviram falar, e menos ainda leram.

    O romance de Chernyshevsky, mais que O Capital de Marx, forneceu a dinâmica emocional que eventualmente desembocou na Revolução Russa. 

    O título do popular livro Que Fazer? escrito por Vladimir Lênin em 1901, que discute a organização de um partido político revolucionário, faz referência direta à obra de Nikolai Tchernichevski, cujo romance O Que Fazer?, publicado em 1863.

    vídeo: “O que fazer?” – Nikolai Tchernichevski

    [video: https://www.youtube.com/watch?v=VyWq2f86BhY%5D

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  8. O Brasil era um circo sem pão

    Num comentário de 18/10/2017, às 17:04hs, o Arkx disse:

    “Correlação de forças também é resultado das relações sociais, portanto é dinâmica. pode se alterar rápida e substancialmente em período curto, conforme atuam os diversos sujeitos sociais e principalmente o movimento popular.

    O problema de certa Esquerda é não querer, de modo algum, interferir na correlação de forças. e aqui sim o “reformismo fraco” do Lulismo é um bom exemplo. um reformismo tão fraco que acabou se dissipando no ar, sem nada restar de concreto”.

    Eu estive pensando sobre isso e cheguei à conclusão que os Brasileiros tinham circo mas a maioria esmagadora deles não tinha pão. Então o Lula se propôs a prover pão aos brasileiros, mas não para acabar com a palhaçada mas para eternizar o circo. Enquanto na Venezuela há milícias de auto-defesas dos trabalhadores, organizados pelos governos bolivarianos, para tentar impedir a volta do circo e da fome, no Brasil o Lulismo engessou os Movimentos Sociais, entregando-os à classe dominante, como seu instrumento, como diria Walter Benjamin em Teses sobre a História. Assim, o circo se eterniza e a fome está voltando.

    “Se no final de meu mandato cada brasileiro puder comer três vezes ao dia, terei cumprido a missão de minha vida.” – Lula

    Pô, Lula, nem só de pão vive o homem. A gente quer saída para qualquer parte.

    O problema é que atacar apenas o Lulismo equivale a absolver o capitalismo pela miséria e pela ignorância que reina nesses Tristes Trópicos.

    1. os Brasis: o que fazer?!

      -> O problema é que atacar apenas o Lulismo equivale a absolver o capitalismo pela miséria e pela ignorância que reina nesses Tristes Trópicos.

      Rui,

      eu não “ataco” o Lulismo, e muito menos “ataco apenas” o Lulismo. e a bem da verdade o Lulismo é uma página virada da História, pois:

      – O Lulismo vem a ser o último capítulo da História da Esquerda do séc. XX.

      então, que tal deixar o Lulismo para a História e tratarmos de outros temas, que inclusive estão sugeridos neste post.

      por exemplo:

      o conceito de “revolução”  já não pode ser mais o mesmo de 100 anos atrás. tudo mudou, assim também este conceito deve ser compreendido conforme o mundo em que vivemos. talvez seja esta uma das mais urgentes e necessárias discussões dentro do campo da Esquerda.

      A REVOLUÇÃO COMO PROBLEMA TÉCNICO. DE CURZIO MALAPARTE AO COMITÉ INVISÍVEL

      PORQUE É QUE HOJE NENHUMA REVOLUÇÃO É POSSÍVEL?, por BYUNG-CHUL HAN

      “A revolução não é uma arte, mas uma máquina; só técnicos podem pô-la em marcha e só outros técnicos podem detê-la”

      p.s.: sintomático como após 13 anos execrando qualquer crítica como sendo apenas “fazer o jogo da Direita”, agora há uma súbita radicalização daqueles que antes interditavam o debate político.

      Cafezinho no WC: A baderna está no poder. Só a revolução salva

      .

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