Precisamos uma insurreição?, por Pedro Augusto Pinho

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Precisamos uma insurreição?

por Pedro Augusto Pinho

Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, inicia o conto no qual narra a morte do detetive, como sempre nas palavras do Doutor Watson, com a esperada tristeza: “It is with a heavy heart that I take up my pen to write” (The final problem, nas Memórias de Sherlock Holmes).

Também é com este mesmo sentimento, “um coração pesado”, que me coloco diante do computador (a pena contemporânea) para lamentar o Brasil dirigido por pessoas inescrupulosas, corruptas, inimigas da nacionalidade brasileira, que destroem o País desde 2016.

E não me prenderei aos ocupantes dos cargos eletivos, aos que formam a quase totalidade legislativa, nem aos empoderados sem voto do poder judiciário e do ministério público, nem mesmo destes fantasmas ambulantes do executivo. Vou tratar das Forças Armadas nacionais (FFAA) e dos que se denominam empresários e se congregam em entidades como FIESP, FIRJAN, CNC, CNI e congêneres.

Começo transcrevendo a tabela que o ex-ministro de governos militares, ex-deputado do industrializado Estado de São Paulo, Antonio Delfim Netto, ilustra seu artigo, “O mau humor do Brasil”, na Carta Capital ano XXIII, nº 999, de 18 de abril de 2018.

 

Os indicadores, confrontando os períodos idênticos dos governos FHC e Lula, mostram claramente a melhora do Brasil após os mandatos de Lula. Mostram também a dificuldade de governar de Dilma, com um Congresso majoritariamente oposicionistas e com sucessivos petardos contra sua administração. É impossível avaliar um governo que, a todo instante, recebia nova lei impondo uma aberração econômica, uma restrição de investimento, uma injustificável elevação de custo.

Os militares, após a denúncia ou vazamento da antiga aliada Agência Central de Informações (CIA), órgão de espionagem e de golpes dos Estados Unidos da América (EUA), devem estar sentindo o que é traição. Dilma também a sentiu com as ações dos parlamentares e ministros do apequenado supremo tribunal federal (STF).

Mas o pior estará por vir, caso o sistema financeiro, que denomino banca, tiver êxito em seus ardis eleitorais deste ano.

Se tivemos nos períodos Collor e FHC o desmonte da Nação – então em processo de reindustrialização, a partir de Costa e Silva até Geisel, após o desmonte de Castello Branco – Temer, Rodrigo Maia, Eunício Oliveira, os senadores e deputados do PSDB, do PP, do DEM, do PTB, dos partidos evangélicos e a maioria absoluta dos ministros do Supremo Tribunal Federal só atuam, desde o golpe de 2016, para riscar do mapa o Estado brasileiro. Transformar a República numa colônia dos interesses do capital financeiro internacional, que abrevio por “banca”.

No mesmo citado exemplar da Carta Capital, o artigo de Carlos Drummond – “Leva que é de graça” – leva-nos, na verdade, às lágrimas. Após os esforços de Getúlio Vargas, dos militares de Costa e Silva a Geisel, de Lula, de empresários como Roberto Simonsen, José Mindlin, Abraham Kasinski, Mario Milani, Emílio Odebrecht e muitos outros, o Brasil volta a ser um exportador de matérias primas para o lucro da banca, diretamente ou por suas empresas industriais. Em outras palavras, volta à República Velha, ao Império, quando, formalmente independentes, o País era colônia de banqueiros.

E as Forças Armadas?

Sua atuação nem sempre foi na defesa da Nação, mas, com frequência dos poderosos de nossa Terra. Ora caçando escravos, ora sufocando movimentos libertários ou de ideais políticos republicanos. O próprio patrono do Exército Brasileiro esteve envolvido na Balaiada, nos movimentos liberais de Padre Feijó, em São Paulo, e de Teófilo Ottoni, em Minas Gerais.

Temo – porque não foi esta Força Armada que aprendi, com meus parentes mais próximos, militares, pessoas probas e dignas, e nos contatos profissionais e pessoais a respeitar e admirar – vê-la na função de segurança das instalações de estrangeiros, no Brasil, a que foi reduzido o exército iraquiano, após a agressão, pela farsa das armas químicas, pelas potências estrangeiras. E que agora, pelas mesmas falsas razões, atacam a população da Síria.

É-me quase inacreditável ler manifestos militares pedindo a prisão de Lula, cuja corrupção ainda está por ser provada, diferentemente daquela de FHC, Aécio Neves, José Serra, Temer e tantos outros golpistas, enquanto se calam com a entrega da riqueza que não pode ser reposta do pré-sal, dos minérios, dos aquíferos e das conquistas, muitas oriundas dos próprios governos militares, como a Base de Lançamento de Foguetes em Alcântara, no Maranhão, a terceira maior empresa fabricante de aviões, a Embraer, a capacitação tecnológica na área nuclear, levando à prisão um de seus oficiais generais nacionalista, e tantos outros desmontes do Brasil.

A quem defendem estas FFAA? Aos interesses estrangeiros no lugar dos brasileiros? Que doutrinação ideológica foram submetidos para desconfiarem dos brasileiros e acreditarem nas farsas e fraudes montadas pelo interesse estrangeiro? Da banca?

Terá o povo que se revoltar, se insurgir? E de que lado estarão as FFAA? Da banca ou do Brasil, de seu povo?

Veja o caso da corrupção. Não cabe em um artigo o que está em livros, em testemunhos pessoais de corruptores e corrompidos. Na minha vida profissional conheci a corrupção de canadenses, franceses e estadunidenses, nos poucos anos que trabalhei no exterior. O que foi alardeado como um escândalo, motivado para destruição das empresas de engenharia brasileiras, ocorre no dia a dia dos contratos internacionais, envolvendo empresas holandesas, inglesas, francesas, espanholas e, obviamente, as estadunidenses.

Apenas um ou outro evento chega à imprensa, quase inteiramente dominada pelos mesmos interesses. Mas, certamente, meus caros leitores lembrarão dos que envolveram a realeza europeia, na Holanda, na Espanha e na Inglaterra. Uma insignificante ponta do iceberg.

A corrupção, praticada pela banca em todo mundo e aqui no Brasil, não é investigada nem denunciada. Não lhes parece estranho, no mínimo para desconfiar, que tanta corrupção não tivesse envolvido um único banco, onde necessariamente passou o dinheiro da corrupção? Ou que não estivesse uma única empresa estrangeira envolvida, mesmo quando sócia ou parceira da condenada empresa brasileira?

Esta cegueira das FFAA depõe contra suas finalidades de defesa do Brasil e de seu povo.

Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado 

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

6 Comentários

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  1. Resposta honesta: Sim, vocês

    Resposta honesta: Sim, vocês precisam de uma insurreição. E não podendo contar com o apoio das suas forças armadas que também foram subornadas por interesses externos e que portanto traíram o próprio país.

    A “elite” brasileira deseja que o país volte a ser uma colônia escravocrata como era no século 18, se vocês querem democracia vocês terão que pegar em armas e lutar de verdade por democracia.

      1. Devo levar em consideração o
        Devo levar em consideração o comentário raivoso de alguém que se sentiu ofendido por ser chamado de covarde mesmo quando o ofendido é obviamente um covarde?

        Claro que não.

  2. Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

    Bom dia. Leio com muita satisfação o post desse avô nacionalista. Não é um dever das FFAA defender o país contra forças externas? Será preciso que haja uma invasão armada? A espionagem, o suborno, o apoio financeiro e intelectual para ter acesso ao patrimonio do povo brasileiro não é uma ameaça externa? 

  3. Caro Somebody, você tem a

    Caro Somebody, você tem a melhor explicação para a traição das forças armadas: os comandantes se venderam. A revelação dos documentos da cia sobre os assassinatos da ditadura, nesse momento, deve ser chantagem, alguns militares devem estar revoltados com a traição de seus colegas e a chantagem tem o objetivo de conter os poucos militares nacionalistas. As FFAA viraram uma piada de humor negro.  

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