Sobre Deltan Dallagnol, Erika Marena, o reitor Cancellier e os imbecis, por Eduardo Ramos

Não é de se estranhar, portanto, que dois de seus expoentes, vejam o absurdo dos absurdos, façam do opressor a vítima

Acervo Polícia Federal

Sobre Deltan Dallagnol, Erika Marena, o reitor Cancellier e os imbecis

por Eduardo Ramos

Leio estarrecido nas redes sociais a revelação do diálogo entre o ex-procurador Deltan Dallagnol e a delegada da Polícia Federal Erika Marena, quando ele, solidário, se mostra indignado pelos “ataques” dirigidos à delegada, e chama de “imbecis” os que assim procedem.

Fazia uma semana que o reitor Cancellier se suicidara pulando do alto de um shopping Center, não podendo suportar o massacre brutal, injusto, selvagem e covarde de que fora vítima por parte da delegada e outros servidores públicos, indignos no exercício de suas funções nesse episódio macabro – que entrará para a História como um dos frutos da sede de sangue, do poder absoluto, das bizarrices autoritárias nascidas no ovo da serpente chamado LAVA JATO. Não é de se estranhar, portanto, que dois de seus expoentes, vejam o absurdo dos absurdos, façam do opressor a vítima, e sequer mencionem com o devido respeito o nome do reitor “suicidado”.

Mas vamos ao diálogo havido:

06/10/17, Deltan: “Erika, vi a questão do suicídio do reitor da UFSC. Não sei o que passa pela sua cabeça, mas pelo amor de Deus não se sinta culpada. As decisões foram todas dele. Não sei se publicamente houve algum ataque, mas se Vc quiser qq expressão pública de solidariedade, conte comigo”

NENHUMA EXPRESSÃO DE SOLIDARIEDADE À FAMÍLIA DO REITOR POR PARTE DO PROCURADOR… O MESMO QUE SE AUTOINTITULAVA NAS REDES SOCIAIS “CRISTÃO, TEMENTE A DEUS, PROCURADOR DA REPÚBLICA A SERVIÇO DO BRASIL” – ou algo semelhante…

09/10/17, Erika responde: “Oi Deltan, está bem pesado, estamos como instituição e eu particularmente sofrendo muito ataque baixo nível, hoje faz uma semana da morte e a situação só veio piorando”

19/10/17, um trecho da última declaração final de Deltan:

“Erika, eles não prevalecerão. É um absurdo essas críticas. Um bando de – perdoe-me – imbecis”. “Não fique chateada, amiga, que eles não merecem”

Esse diálogo que parece ter nascido num mundo paralelo de horrores, num mundo-matrix fora da realidade, só foi possível porque se tratava de dois personagens que mergulharam a fundo no mundo psicótico do poder absoluto, narcísico, do gozo sádico do exercício do poder e domínio sobre o outro, que delegados, procuradores, juízes, exerceram livremente no decorrer da operação Lava Jato. Talvez um dia nossas classes médias rasas, toscas, aprendam o tamanho da estupidez que é apoiar e celebrar processos doentios desse tipo, que quebram as leis e as garantias e direitos fundamentais dos cidadãos. “Ah, mas era para combater a corrupção!…” – dizem muitos deles até hoje, em sua cegueira monumental! Em nosso país de precaríssima Educação e grau de civilidade, ainda não se aprendeu que FORA DO IMPÉRIO DA LEI, SÓ RESTAM A BARBÁRIE E A SELVAGERIA, porque a pessoa comum, tornada agente público, se imbuída repentinamente de poderes absolutistas, fatalmente os usará com os mais baixos instintos de que somos dotados, os seres humanos. A LAVA JATO é a prova cabal dessa verdade, e esse diálogo nonsense, desumano, inacreditável, igualmente.

Deltan teria dito que “Erika seguiu todas as formalidades legais”, que não havia “culpa” em sua atuação, e que os que a atacavam eram, portanto, “imbecis”.

Nenhum dos dois faz uma crítica à operação, nenhum dos dois para refletir sobre as causas do suicídio de um inocente, o tempo todo ELES SÃO O CENTRO, eles, os heróis de alma limpinha que “combatem a corrupção em nosso país”. Ao contrário, a fala mais torpe e nonsense de Deltan nem foi chamar as pessoas revoltadas de “imbecis”. Foi quando ele afirma algo de uma covardia inacreditável: “…pelo amor de Deus, não se sinta culpada! As decisões foram todas dele!…”

Poucos gestos podem ser mais canalhas do que esse: CULPAR A VÍTIMA POR DECISÕES TOMADAS EM CONSEQUÊNCIA DAS AÇÕES DE SEU OPRESSOR!

Ora, não teria havido suicídio sem o massacre, a revista íntima degradante, a prisão provisória completamente desnecessária.

Sob a ótica maligna de Deltan, Erika é isenta de responsabilidade, já que “as decisões foram todas dele…” – a perfeita distopia imoral de todo arrogante-opressor.

IMBECIS, sr. Deltan Dallagnol, somos todos nós que não soubemos reagir quando o ovo da serpente eclodiu em nosso país.

Vivemos o inferno atual por conta de agentes públicos como o senhor e a delegada.

A família do reitor Cancellier não é formada por “imbecis”.

Seus amigos da Universidade não são “imbecis”.

Os juristas de renome que classificaram a operação como errada, autoritária e abusiva, não são “imbecis”

Todos os que lamentamos a morte desnecessária de um cidadão de bem, humilhado e massacrado sem motivo, não somos “imbecis”.

Foi só mais uma fala arrogante, tola, autoritária e perversa que sai de sua boca.

A História há de registrar cada um dos verdadeiros imbecis que destruíram o nosso país com a Lava Jato.

(o diálogo foi revelado pelo The Intercept no dia 18-01-2022)

Eduardo Ramos, Youtuber, promove os canais “Minuto político” – https://www.youtube.com/channel/UCGFL0mgF5sbI-KCuMCwubFA

e “Brasil em debate” https://www.youtube.com/channel/UC8SBPGtr9ELObpNQPhERVJw

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador