Augusto Cesar Barreto Rocha
Augusto César Barreto Rocha é Professor Associado da UFAM. Possui Doutorado em Engenharia de Transportes pela UFRJ (2009), mestrado em Engenharia de Produção pela UFSC (2002), especialização em Gestão da Inovação pela Universidade de Santiago de Compostela-Espanha (2000) e graduação em Processamento de Dados pela UFAM (1998).
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Rios de oportunidades: transformação hidroviária na Amazônia, por Augusto Rocha

As hidrovias são uma alternativa eficiente para o transporte de cargas, mas elas precisam muita competitividade para serem efetivas em custos.

Hidrovia do Madeira – DNIT

Rios de oportunidades: transformação hidroviária na Amazônia

por Augusto Cesar Barreto Rocha

A Amazônia é gigante em seus rios e a bacia hidrográfica é a maior do mundo, com área semelhante a soma da segunda com a terceira, que são, respectivamente, a Bacia do Congo e do Mississipi. Temos uma ocupação territorial de baixa densidade nestas bacias, mas com importante economia regional. Em Manaus, há um dos principais portos do Brasil, com grande movimento de contêineres para a cidade, tanto para o comércio quanto para a indústria.

Para caracterizar uma hidrovia é frequente a presença de alguns atributos: profundidade adequada, largura e geometria do canal compatível com a passagem de embarcações de porte, um regime hidrológico favorável, infraestrutura de apoio, como portos, sinalizações e balizamento, baixa interferência de obstáculos naturais e interligação com outros modais.

Por um conjunto de deficiências, costumo dizer que temos na conexão de Manaus com o mundo, uma “hidrovia”, ao invés de uma hidrovia. Nossas deficiências podem ser superadas e deveríamos ter um plano nacional para transformar nossos rios em hidrovias. Deveria ter muito mais do que a operação de contêineres em Manaus, incluindo uma ampliação para o interior e para a Panamazônia, integrando-nos pela multimodalidade com todos os países vizinhos. Isso significará mais portos, mais retroportos, rodovias e aeroportos com voos.

O desafio é grande e é necessário um plano que contemple este desafio. No momento, um dos maiores desafios é a garantia de calado até Manaus para as embarcações com contêineres, tanto no longo curso, quanto na cabotagem. As hidrovias são uma alternativa eficiente para o transporte de cargas, mas elas precisam, como em outras atividades, muita competitividade para serem efetivas em custos. Atualmente, não há grande competição e vemos condições desafiantes para os operadores da região e custos exorbitantes para os embarcadores. Uma situação na qual muito dinheiro vira desperdício.

As hidrovias da Amazônia podem promover o desenvolvimento econômico regional para além do que existe e facilitar o acesso aos recursos naturais e um potencial de exploração sustentável. Para a Cop30 na Amazônia precisaremos apresentar como fazer infraestrutura sustentável e isso implicará em soluções mais criativas do que temos tido atualmente e num passado remoto. As rodovias são necessárias, para regular preços da hidrovia, ao mesmo tempo em que devem ajudar na proteção da biodiversidade.

A transformação de rios em hidrovias é uma estratégia promissora para melhorar a infraestrutura de transporte e promover o desenvolvimento sustentável. Isso poderá gerar um resultado muito mais promissor para a Amazônia, além de ser destruída aos poucos ou ser uma reserva para o futuro. Espera-se minimamente uma perspectiva onde especialistas regionais em colaboração com a Secretaria Nacional Hidrovias e Navegação elaborem um plano nesta direção. Precisamos assumir a gestão da Amazônia e prescrever a transformação de seus rios em hidrovias, realizando o que ainda não fizemos para poder tirar as aspas das nossas hidrovias.

Augusto Cesar Barreto Rocha – Professor da UFAM.

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