Vírus variantes e tolices invariáveis, por Aracy Balbani

Enquanto novas variantes do vírus não param de usar a inteligência adaptativa para contornarem as barreiras à sua propagação e permanecerem na natureza, nem Darwin explica a teimosia de muitos seres humanos.

Arte na Rua – Decrox

Vírus variantes e tolices invariáveis, por Aracy Balbani

O alerta sobre a disseminação da variante Ômicron do novo coronavírus pelo mundo precisa ser levado a sério pela população brasileira. Mesmo os adultos que completaram a imunização contra o vírus e os que receberam dose de reforço da vacina, em geral a terceira dose, devem continuar seguindo os protocolos de higiene já estabelecidos.

Enquanto novas variantes do vírus não param de usar a inteligência adaptativa para contornarem as barreiras à sua propagação e permanecerem na natureza, nem Darwin explica a teimosia de muitos seres humanos.

Há muitos indivíduos não vacinados circulando nas ruas do país. Após 20 meses de pandemia, é comum ver pessoas que já se cansaram de usar máscara. Dias de calor intenso são um convite a deixar de usá-la mesmo em ambientes fechados. Encontrar jovens, vacinados ou não, em reuniões noturnas festivas participando de rodada de tragadas no narguilé ou de consumo de bebida destilada em copo de uso coletivo é mais frequente do que se imagina. E os eventos comemorativos de final de ano estão apenas começando.

Cabe lembrar uma recomendação emitida por autoridades de saúde da Índia em 2020: não cuspir na rua. Como diria o jornalista José Simão, “mais direto impossível”. Só que no Brasil, como na Índia, não falta quem tire a máscara na rua, escarre no meio-fio e recoloque a máscara. Só não aceita a realidade quem não quer.

A divulgação do conhecimento científico sobre a COVID-19 tem sido feita entre nós, ainda que aos trancos e barrancos. Máscaras e álcool gel estão à venda, e voluntários incansáveis prosseguem distribuindo esses itens a pessoas carentes. Fiscais de vigilância sanitária são concursados e remunerados para fiscalizar, orientar e, se necessário, autuar infratores. Mas não basta explicar, fornecer meios materiais, puxar as orelhas ou mesmo multar os cidadãos desobedientes, cujas tolices parecem invariáveis.

A questão principal é conseguir despertar a consciência de cada um dos brasileiros para que cuide bem de si e dos outros. Haja um gongo capaz de promover esse despertar, uma vez que existe, inclusive, quem use e abuse do poder até em nome do Sagrado para boicotar as necessárias medidas sanitárias.

A demagogia também é tolice invariável de inúmeros políticos. Porém, qualquer pessoa que distorça as leis, sagradas ou laicas, para atuar em favor do novo coronavírus é “o beco sem saída, a mentira e a morte“. Em algum momento vai cair essa ficha para os revoltados contra a higiene e a ciência.

Nem tudo são más notícias em relação à pandemia. O quadro técnico da Anvisa, apesar de aparentemente ignorado por alguns membros do próprio governo, já registrou mais de uma centena de pedidos de autorização para estudos clínicos envolvendo a COVID-19 (1). Certos estudos têm previsão de término apenas em 2022 ou 2023.

A Amazônia é berço da Siparuna cristata, planta da família do limão-bravo, uma dentre muitas plantas medicinais estudadas por pesquisadores de universidades públicas brasileiras com potencial de ação antiviral não apenas contra o coronavírus.

Com essas boas perspectivas de pesquisa, desenvolvimento e suas aplicações práticas em benefício da saúde dos brasileiros, que venha 2022. Com a ciência vencerás.

Aracy P. S. Balbani é médica. Esse texto expressa a opinião pessoal da autora.

(1) Agência Nacional de Vigilância Sanitária. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/pesquisaclinica/arquivos/ensaios-clinicos-covid.pdf

2) Débora Motta. Agência FAPERJ. Pesquisadores descobrem efeitos de planta da Amazônia contra o novo coronavírus. http://www.faperj.br/?id=4380.2.5

Redação

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