Haddad alerta para a ameaça aos retrocessos com governo Bolsonaro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Para ele, é uma “trágica ironia” que o futuro mandatário seja diplomado no mesmo dia dos 70 anos da declaração dos Direitos Humanos
 

Foto: Ricardo Stuckert
 
Jornal GGN – O ex-prefeito de São Paulo e uma das atuais lideranças da esquerda brasileira, Fernando Haddad (PT), afirmou que é um “paradoxo” e uma “trágica ironia” que o seu rival no segundo turno das eleições 2018, Jair Bolsonaro (PSL), seja diplomado como presidente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia em que são comemorados os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
 
“É uma trágica ironia que nós, no dia de hoje, comemoramos 70 anos da declaração nos Direitos Humanos no mesmo momento, no mesmo dia, em que é diplomado Jair Bolsonaro [como] presidente da República Federativa do Brasil”, afirmou, na noite desta segunda-feira (10).
 
A diplomação de Bolsonaro pela Justiça Eleitoral, em cerimônia realizada nesta segunda no plenário do TSE, tornou o candidato vitorioso oficialmente apto para assumir o comando do país a partir de janeiro de 2019. 
 
Conforme divulgou o GGN, Bolsonaro teve a sua diplomação após o TSE limpar as contas de campanha declaradas pelo então candidato do PSL, ignorando o escândalo que ficou conhecido como “caixa 2 do WhatsApp”, que foi o financiamento ilegal por empresários no esquema das Fake News das redes sociais.
 
Quando o ministro do TSE e relator do caso, Luis Roberto Barroso, não somente ignorou os indícios de financiamento ilícito de campanha de Bolsonaro revelados pela Folha de S.Paulo, mas também elogiou a campanha do eleito por ter devolvido o restante do que sobrou da campanha, Bolsonaro pode ser diplomado.
 
Mas, para Fernando Haddad, que foi o adversário do futuro mandatário nas eleições presidenciais, o problema é a figura que representa Bolsonaro como retrocesso aos direitos fundamentais garantidos pela Constituição, conhecida como a Constituição Cidadã. 
 
“Se tem uma pessoa que representa o repúdio a tudo o que foi construído no pós-Guerra em proveito das mulheres, dos negros, dos trabalhadores, das minorias, nas maiorias politicamente reprimidas essa pessoa é o presidente diplomado hoje”, afirmou, durante evento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, berço das lutas sindicais e da figura do ex-presidente Lula.
 
Haddad considerou que não existe “paradoxo maior” do que uma pessoa que repudia os direitos conquistados ser homenageado justamente neste dia. Para ele, infelizmente governará o país uma pessoa que desconhece a histórica luta do povo.
 
“Todas essas gerações de direitos encontram-se nesse momento ameaçadas por uma equipe que desconhece essas lutas, ameaça movimento social, os direitos políticos da oposição, os direitos sociais dos que lutam por saúde pública, por educação laica”, completou.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. 2019…..o ano da caça aos
    2019…..o ano da caça aos petistas……

    Esse pessoal que se cubra……..o próximo governo será uma vergonha, e vai encobrir a incompetência dando carne aos animais sedentos de sangue…….

  2. Fernando Haddad, “O esperto”.

    Quase um mês após ter desejado “Sucesso” no seu mandato, Fernando Haddad, O esperto, descobre que o governo Bolsonaro poderá ter retrocessos.

    Bidú, né! Porém meio lerdo.

  3. Como reclamar que ninguém mais respeita as instituições?

    E quem marcou esta data? Com qual intenção? 

    Devem ter sido os ministros pelegos que querem salvar sua própria pele e biografia explorando a pauta dos direitos humanos e a respeitabilidade que ela representa. Querem lavar suas corrupções e canalhices com discurso vazio de defesa de “minorias”, que não respeitam ao compactuarem com a destruição da Constituição de 1988 e o pacto social nela definido. 

    Parece o cinismo de empresas da indústria do combustível fóssil e da energia nuclear irem até a COP 24 na Polônia (Katowice) descaradamente defender que colaboram com o combate ao aquecimento global. Depois os manifestantes revoltados é que são terroristas… 

    Algo como (ex)atores pornôs defenderem a proibição da educação sexual laica nas escolas públicas. O que explica tamanha desfaçatez? 

    Overdose de hipocrisia e falta de vergonha na cara. Mas para um povo já insensibilizado, o que será chocante o

    suficiente para acordá-lo da hipnose? 

    E justo a MedRosa, Tremend(o)Rosa, fazendo esse discurso “corajoso”? E quando algum general pelo twitter mandar avisar que lá no STF tem um pedido de habeas corpus para se negar? Onde ela vai encontrar forças para não borrar a toga? Em qual autor alemão indicado pelo Fachin? O Fuhrer ou Goebbles? 

    O pior é que se essas pessoas são as lideranças institucionais do país hoje e a sociedade civil não reage, o que esperar? O que estamos nos tornando como sociedade? 

    Estaremos todos sob a síndrome da Servidão Voluntária? 

     

    Sampa/SP, 11/12/2018 – 15:38 – alterado às 15:40  (em luto). 

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