“Lula jamais falou em mensalão nas conversas comigo”, afirma Mujica

 
Jornal GGN – Em entrevista ao jornal Estadão, sobre o livro que acaba de lançar, “Una Oveja Negra al Poder”, o ex-presidente do Uruguai, José Pepe Mujica foi categórico: “Lula jamais falou em mensalão nas conversas comigo”. A questão surgiu porque, na obra, Mujica diz que Lula afirmou em um encontro que “essa era a única forma de governar o Brasil”. Mas, na entrevista que deu ao Estadão, em Buenos Aires, Mujica corrige a informação propagada pela mídia brasileira. “Uma vez [Lula] me disse que, por ter uma minoria parlamentar, o chantageavam. Se os jornalistas escreveram isso [relacionando ao mensalão], é por conta deles. Aliás, nunca falei com nenhum presidente ou com qualquer brasileiro sobre mensalão. E olha que já falei com muitos brasileiros”.
 
Mujica contou que o ex-presidente Lula lhe disse, em conversas informais, que sofria pressões e chantagens, de governos e políticos locais, “para dar votos que o governo precisava, em certa medida. Mas nada de dinheiro ou de corrupção”, frisou o uruguaio. As trocas de favores que Lula teria mencionado seriam ligadas a concessão de cargos e obras públicas. 
 
Estadão
 
‘Lula jamais falou em mensalão nas conversas comigo’
 
Buenos Aires –  O ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica disse nesta sexta-feira, 8, ao Estado nunca ter conversado sobre mensalão com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “ou com qualquer brasileiro”. “Ele me falou das pressões e das chantagens”, relatou Mujica. “Mas nada de dinheiro ou de corrupção.”
 
Entrevista de RODRIGO CAVALHEIRO, CORRESPONDENTE
 
Estado –  Um capítulo de “Una Oveja Negra al Poder” menciona o mensalão e uma frase que o sr. atribui a Lula: “Essa era a única forma de governar o Brasil”. A que ele se referia?
 
Lula jamais falou em mensalão nas conversas comigo. Uma vez me disse que, por ter uma minoria parlamentar, o chantageavam. Se os jornalistas escreveram isso, é por conta deles. Aliás, nunca falei com nenhum presidente ou com qualquer brasileiro sobre mensalão. E olha que já falei com muitos brasileiros.
 
Estado – Na mesma página 211 há outra frase atribuída pelo sr. a Lula: “Neste mundo tive que lidar com coisas imorais, chantagens”. 
 
Isso sim. Ele me falou das pressões e das chantagens, pedidos ou exigências de governos e políticos locais para dar os votos que o governo precisava, em certa medida. Mas nada de dinheiro ou de corrupção.
 
Estado – Falava de troca de favores?
 
Sim, isso mesmo. De troca de favores, de empregos nos Estados, de obras públicas. 
 
Estado – Lula lhe disse se cedeu a essas pressões?
 
Disse que elas lhe custaram muitíssimas dores de cabeças.
 
Estado – O sr. falou recentemente que a corrupção em países grandes como o Brasil é inevitável. É?
 
É um problema que tem o mundo inteiro hoje, tem a ver com outras doenças, pressões que fazem empresários.
 
Estado – O sr. sofreu pressões assim?
 
Por sorte somos um país pequeno. Mas também tivemos de lidar com isso. No meu país, houve uma campanha para não termos maioria parlamentar, para que o governo não tivesse tanto poder. Sempre brigamos para ter a maioria. Do contrário, os governos ficam trancados. 
 
Estado – Qual a última vez que o sr. esteve com Lula e Dilma?
 
Fui acompanhar Lula e Dilma para defendê-los quando estavam sendo atacados. Vejo Lula como um capitão político da América. Tenho 80 anos e me atreveria a dizer que é o maior presidente que o Brasil já teve.
 
Estado – A oposição alega que, dado o grau de corrupção detectado na Petrobrás, Dilma e Lula ou sabiam o que ocorria ou eram incompetentes. O que o sr. acha?
 
Sei que é difícil responder a isso. Neste mundo se vê cara, mas não se vê coração. É difícil saber em quem se está confiando. A experiência de ter sido presidente me diz que as coisas não são tão simples. 
 
Estado – Como vê o movimento que pede o impeachment de Dilma?
 
Ela está enfrentando meios muito poderosos. Mas pelo passado de Dilma, a essa altura da vida, ela não tem o perfil de uma pessoa corruptível. 
 
Estado – Esse movimento pode ter êxito?
 
O Brasil parece ter meios de multiplicar a pressão sobre os governos. Há uma técnica, teorizada inclusive, que está sendo aplicada no País. É uma tática para atingir um governo civil sem usar a violência.
 
Estado – Há um golpe sem armas em curso no Brasil?
 
É um golpe sem armas, sem usar a violência. Se aproveitam de falhas do caráter humano para poder derrubar um governo que acaba de ser reeleito.
 
Estado – O escândalo Petrobrás mudou algo sobre sua visão de Dilma, que o sr. considera uma “ótima técnica”, e de Lula, a quem qualificou de “petiço bárbaro”?
 
Com toda a força do meu coração, mando minha solidariedade a Dilma. Tomei Lula como modelo, um progressista que nunca procurou a tensão. Agora vemos no País uma tensão que não é benéfica para o Brasil. 
 
Redação

10 Comentários

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  1. Diga alguma coisa que eu

    Diga alguma coisa que eu possa transformar em manchete. Você acha que Lula e Dilma sabiam da corrupção na Petrobras?
    Risível, a manchete é justamente ele ter negado o que a péssima interpretação da mídia fez na frase, só quem não sabe nada de interpretação de textos interpreta aquele trecho da forma que o fizeram.

    Conversando com uma amiga, que acredita seriamente que Dilma sabia da corrupção na Petrobras, e que todo político leva o seu, dá pra entender o grau de manipulação da mídia, nesse ponto, até agora, eles venceram.
    Fizeram parecer que o Brasil é uma de 4x4m, onde todos estão nus, então, todo mundo, vê o que todo mundo faz, como se a Petrobras não fosse uma multinacional, e seus negócios fossem fechados ali, dentro do gabinete da Presidência no Palácio do Planalto. É de uma inocência sem tamanho, o corrupto ele é capaz de roubar num armarinho na frente do proprietário, e só depois esse vê o prejuízo. 

    Acreditar que o presidente tem ciência de absolutamente tudo o que se passa nos seus ministérios, fundações e empresas públicas é não ter absolutamente noção nenhum do que é ou do tamanho do Brasil.

  2. É o que resta à Globosta

    Agora só resta à Globosta entrevistar o Mojica para ver se o nosso querido Zé do Caixão conversou com Lula sobre Mensalão.

  3. Há segredos de Estado

    e eu sou uma das pessoas que acha que Presidentes sabiam e sabem. Pra que servem suas assessorias de informação e segurança? Há segredos de Estado. Mas é como deixei sob outro Post: Nem sempre o(a) presidente ou líder deve falar ou admitir. Pessoalmente, acho que Dilma é honestíssima. Mas desabaria qualquer base de apoio e não se elegeria. Acho um  avanço sua reeleição, e continuo achando. Há integrantes do DEM e outros que apoiaram a votaçao do Ajuste, isso serve pra não colocarmos tudo no mesmo saco, um equívoco que não raro cometem as miopias (e eu certamente tenho as minhas, não sei quais). Essa troca-troca é comum em qq governo do mundo (ou seriam apenas juras de amor pra conseguir apoios?)

    1. tristes trpicalientes

      O troll no R$ 70.000,00 do bolsa Alkimin, Serra.

      Para este e os outros trolls defensores dos galináceos gordos emplumados tucanos.

      Tá na lista do hsbc? Tá na lista da operação “zelote”? Tá na lista da privataria? Tá na lista do trensalão? Tá na lista do mensalão psdb minas? Tá na lista de Furnas?

      Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

  4. Dois pesos, duas medidas.

    Jornais e portais mostram as seguintes menchetes na mesma página

    – Mujica relata confissão de Lula sobre o mensalão.(chantagens de que Lula é vítima na verdade)

    – Empreiteiro doou para o PT por temer retaliação.

     

      Nas duas o PT é algoz e a única vítima é um pobre empreiteiro corruptor.

     

  5. Enquanto isso, aquele

    Enquanto isso, aquele blogueiro da “veja” deve ter consultado aquele livro de Geografia da 6ª série da rede estadual paulista para soltar esta pérola:

    A fonte? com certeza foi nesta página do livro citado acima:

     

  6. Qualquer cargo executivo

    Qualquer cargo executivo precisa, necessita de pelo menos uma pequena maioria, caso contrário sempre ocorrerá distribuições de cargos. Infelizmente, nós, o povo, ainda não conseguimos associar isso. Não quero dizer com isso que não temos que ter oposição; só que uma oposição coerente, com projetos e não com linchamentos e, devidamente apoiados pela “porcaria da mídia” que temos no país, que querem porque querem destruir um partido político.. 

  7. A gaveta do esquecimento

    Honestamente, é preciso dar um basta a toda essa irresponsabilidade da grande mídia. Quase que diariamente, assistimos o impune e debochado uso e o abuso de se criar factóides, de se inventar fatos e de se acusar sem provas, sem que nenhuma autoridade se manifeste ou tome qualquer posicionamento. É um festival liberado de libertinagens e ataques gratuitos a honra de pessoas, sem provas ou sem base de fundamento. Atuam como se fossem uma nova autoridade baseada no fato de ter como escorada uma vergonhosa blindagem jurídica chamada liberdade de imprensa. Grave, também, é a omissão e a covardia das instituições, das entidades e dos organismos de defesa do cidadão, que teriam a obrigação de resguardar, fiscalizar, combater e judicializar toda forma de violência física, moral e intelectual contra cidadãos e cidadãs. Com esse poder em mãos e a incompetência das autoridades promovem bullying, terrorismo, chantagem emocional, ataque a honra, perseguição, preconceito, falsa acusação e toda sorte de arbitrariedades e de graves ofensas a leis, pela certeza de sua impunidade. Então, as perguntas que fazemos são: Que poder é esse, que se sobrepõem a todos os outros e os faz de gato e sapato? Que parcialidade e que cumplicidade é essa do que chamamos de autoridades públicas? Podemos crer que instituições da autoridade pública abdicaram de seus poderes e se renderam a grande mídia, ou será que esqueceram, de novo, o dever e a coragem em alguma gaveta de mesa?  

  8. É incrível como querem dar um

    É incrível como querem dar um tratamento de bandido a um presidente que tirou mais de 23 milhões de brasileiros da miséria e evitou centenas de milhares de crianças mortas através do Bolsa Família. É muita hipocrisia de uma classe que se arvora impoluta e quer ser mais santo do que os próprios santos, e ambos sabemos que estão pouco se lixando pelos mais fracos.

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