Petrobras acelera privatização e já soma R$ 27,2 bi em ativos vendidos

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Temer, Parente e Moreira Franco durante o anúncio do plano de negócios da Petrobras / Foto: Marcos Corrêa/PRTemer, Parente e Moreira Franco durante o anúncio do plano de negócios da Petrobras - Créditos: Foto: Marcos Corrêa/PR

do Brasil de Fato

Petrobras acelera privatização e já soma R$ 27,2 bi em ativos vendidos

Apenas no primeiro trimestre de 2018, empresa já quase empatou vendas de ativos de 2017

Vinicius Mansur

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ)

A política de privatizações iniciada no segundo mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) e acelerada pelo governo de Michel Temer (MDB) já soma R$ 27,2 bilhões em ativos da Petrobras vendidos desde 2015. E a tendência é que o fatiamento e a venda da estatal se intensifique ainda mais.

O processo de desinvestimento –forma como a empresa se refere ao seu desmonte– vendeu um valor quatro vezes maior de ativos em 2017, sob Temer, do que em 2015, sob Dilma. Há três anos, foram vendidos R$ 2,59 bilhões em patrimônios sob posse da estatal, contra R$ 9,9 bilhões no ano passado.

Os dados foram levantados por Cloviomar Cararine, técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e assessor da Federação Única dos Petroleiros (FUP). 

Segundo o especialista, os prejuízos trazidos pela operação Lava Jato forjaram o cenário para justificar a privatização da empresa, mas a ascensão de Temer à presidência acelerou muito o processo, uma vez que voltou ao Palácio do Planalto uma estratégia de governo que já deu errado na década de 1990: entregar patrimônio público para gerar crescimento econômico e ajudar as finanças públicas.

Para Cararine, a Petrobras deixou em segundo plano a articulação entre energia e projeto nacional. Ele afirma que as privatizações previstas pelo plano de negócios 2017-2021 apontam para a retirada completa de investimentos da empresa das áreas de petroquímica, biodiesel, termelétricas e fertilizantes. Nas áreas de transporte e logística também há grandes reduções.

“Com certeza há uma mudança muito forte da gestão Bendine para a gestão Pedro Parente. Diria que ela [Petrobras] está perdendo espaço em todos os setores. Em Exploração e Produção e em Refino ela ainda tem alguma coisa, mas nas outras áreas não, ela abriu mão completamente”, descreve.

No exterior, a política de desinvestimento da Petrobras já somou US$ 5.95 bilhões. A venda mais expressiva foi Petrobras Energia Peru S.A., que teve 100% das ações compradas pela China National Petroleum Corporation (CNPC) por US$ 2.64 bilhões. 

Além do Peru, a Petrobras já negociou ativos em outros oito países: Angola, Argentina, Bolívia, Chile, Estados Unidos, Japão, Tanzânia e Uruguai.

A venda de ativos em território nacional já soma US$ 18,85 bilhões. A maior venda aconteceu na área de transporte. A Petrobras vendeu 90% das ações da Nova Transportadora do Sudeste (NTS) por US$ 5.08 bilhões para a Nova Infraestrutura Fundo de Investimentos em Participações (FIP), ligada à Brookfield Infrastructure Partners (BIP), que tem sede em Bermuda.

Dada a transnacionalização do capital na atual economia, é difícil ranquear com precisão os países que mais tem se aproveitado da privatização da Petrobras. Nesse sentido, o caso da FIP é o mais emblemático. Em outro negócio, a estatal vendeu os 35% da participação que tinha no Bloco BC-10, no Parque das Conchas, na Bacia de Campos (RJ), por US$ 1,63 bilhões para a anglo-holandesa Shell e a indiana ONGCC.

A empresa que, sozinha, mais investiu para adquirir ativos da Petrobras é uma estatal. A norueguesa Statoil desembolsou US$ 5,4 bilhões para adquirir 66% de participação no bloco exploratório BM-S-8, na área de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos (SP), e 25% da participação no Campo de Roncador, na área norte da Bacia de Campos (RJ).

Edição: Diego Sartorato

 

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Velório

    No dia em que eu ver uma passeata de ex funcionários da Petrobrás, defendendo o emprego perdido e miseravelmente exportado, vou ter que me conter para não externar nenhuma emoção.

    Aonde eles estavam enquanto a empresa era carcomida pelos chupins? Assistindo novela? Dando “boa noite” para o Bonner? Colecionando figurinhas? Odiando “petralhas”? Satisfeitos por ver o Lula preso?

    A desgraça acontecia e esse povo feliz com o fim do bolsa família. Agora que chegou a vez deles receber, “chora que a mamãe compra!”. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador