CPI da pandemia escancara machismo parlamentar

Mulheres do Senado Federal foram diversas vezes interrompidas e tachadas de agressivas pelos colegas; senadoras são 13,5% da Casa

Agência Brasil

Jornal GGN – O machismo é visto em diversos lugares da sociedade, e não seria diferente no Senado Federal, onde as tentativas de inferiorizar uma mulher por seu posicionamento já foram vistas logo no começo da CPI da Covid-19.

Um episódio que ilustra bem o caso ocorreu durante o depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello, que interrompeu a senadora Simone Tebet (MDB-MS) enquanto ela expunha sua linha de raciocínio – na última quinta-feira (20/05) a parlamentar foi atravessada pelo menos 11 vezes pelos homens.

Outro episódio envolveu o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) e a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA): na última quarta-feira, Eliziane chamou Pazuello de mentiroso por conta das diversas inverdades que o militar declarou em seu depoimento, como afirmar que não recebeu ordem do presidente Jair Bolsonaro para não comprar a Coronavac.

“O senhor já mentiu demais nesta comissão, ministro, mas muito mesmo. Eu não tenho nem tempo para elencar aqui todas as mentiras que vossa excelência cita a esta comissão”, disse a senadora, que foi interrompida por Aziz, sugerindo que a senadora pegasse mais leve com Pazuello.

“Presidente, eu não sou agressiva. Vossa excelência sabe que eu não sou agressiva, eu estou sendo enfática apenas”, disse Eliziane. No que Aziz respondeu: “Não, não, você é um amor de pessoa. Eu tenho um carinho enorme por você”.

As 11 senadoras representam 13,5% da Casa – quase quatro vezes menos do que a proporção feminina entre a população. Dados do jornal Folha de São Paulo destacam que, no colegiado selecionado para investigar irregularidades no combate à pandemia, o número caiu para zero. Nenhuma mulher aparece entre os 18 titulares e suplentes.

Redação

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