Alta abstenção aponta desesperança dos brasileiros com a política

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Eleições de 2024 registraram o 2º maior índice de ausências da história, ficando atrás somente de 2020, auge da pandemia

As eleições municipais deste ano registraram um alto índice de abstenções. Das 15 capitais com votação, neste domingo (28), seis contabilizaram mais de 30% de ausências. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que o percentual de abstenções em todo país saltou de 21,68% para 29,26%, entre o primeiro e o segundo turno. Este índice confirma o crescimento da desistência dos eleitores sobre a política. 

Historicamente, a taxa de abstenção aumenta entre o primeiro e o segundo turno, já que parcela dos eleitores ficam insatisfeitos com os nomes que permanecem na disputa. Contudo, as eleições de 2024 registraram o segundo maior índice de ausências da história, ficando atrás somente dos registros de 2020, no auge da pandemia da covid-19, quando 23,2% deixaram de votar no primeiro turno e 29,5% no segundo turno.

Porto Alegre

Este ano, Porto Alegre foi a capital brasileira com o maior número de abstenções no segundo turno, com 34,83% de eleitores ausentes, cerca de 381.965 pessoas. 

Esse número, inclusive, foi maior do que os 254.128 votos recebidos pela candidata Maria do Rosário (PT), que perdeu para Sebastião Melo com 406.467 votos. 

A soma do total de abstenção, votos brancos e nulos, supera também  os votos recebidos pelo prefeito reeleito. Confira as quatro capitais com o maior índice de abstenção:

Goiânia

Em Goiânia, o número de eleitores que não compareceram às urnas no segundo turno quase alcançou o número de votos do prefeito eleito, Sandro Mabel (União Brasil)

Ao todo, foram 352.393 ausências, enquanto os que votaram em Mabel totalizam 353.518, uma diferença mínima de 0,32%.

No primeiro turno, 290.868 goianienses não foram votar. Este número foi maior que os votos recebidos pelo candidato Fred Rodrigues (PL), o primeiro colocado naquela votação, com 214.253 votos.

Belo Horizonte 

A capital mineira marcou o maior número de abstenções para uma eleição, com 636.752 de ausências registradas, percentual de 31,95%. 

Mais uma vez, o total de abstenção foi maior do que os votos para o segundo colocado, Bruno Engler (PL), que contou com 577.537 eleitores, sendo que o vencedor Fuad Noman (PSD), foi reeleito com 670.574 votos.

São Paulo

Em São Paulo, o índice de abstenção foi o maior da história da cidade em um segundo turno. Mais de 2,9 milhões de eleitores, 31,54%, não votaram.

O número de ausentes foi maior do que os 2.323.901 votos recebidos por Guilherme Boulos (Psol), que perdeu para Ricardo Nunes (3.393.110 votos).

Nas zonas eleitorais de Bela Vista, Santa Efigênia, Valo Velho, Pinheiros e Campo Limpo, as abstenções foram maiores do que os votos nos dois candidatos.

TSE vai investigar o caso

Ainda na noite de ontem (27), a presidenta do TSE, ministra Cármen Lúcia afirmou que a Justiça Eleitoral fará uma pesquisa para apurar  as causas das abstenções e tentar reduzir o não comparecimento nas próximas eleições, em 2026.

Há um aumento de abstenção no segundo turno. Tivemos casos climáticos, outros problemas. Vamos verificar e ver o que podemos aperfeiçoar. Vamos ter que apurar em cada local e trabalhar com os dados”, disse a ministra, em entrevista coletiva.

Segundo ele, o TSE fará apuração junto aos Tribunais Regionais Eleitorais e um relatório deve ser apresentado antes da diplomação dos candidatos eleitos, em dezembro.

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8 Comentários

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  1. Partido que joga sua identidade no lixo é responsavel por isso,no caso o PT,hoje ninguém sabe o que o cacique quer porem imginamos ao lembrar da entrevista do ex Embaixador dos EUA: “Lula agrada aos EUA pois é a ponte entre uma velha e nova esquerda”.
    Não satisfeito em matar a ideologia atenta contra toda A L

  2. Sem querer ser repetitivo, não foi por falta de aviso e nem por falta de sinalização dos eleitores e das eleitoras. Me refiro ao grande número de abstenção, que de certa forma foi causada pela influência da insatisfação e da indiferença que receberam do PT e de Lula. Parece que o recado mostra o real desespero sofrido com a decadência na qualidade de vida e no constrangimento de verem suas dívidas acumuladas, em função da aparente irresponsabilidade e arbitrariedade do judiciário. Este, por sua vez, defende o INSS e o governo federal, que usaram de sua propagada Fake News e também do alarmismo, para consolidar o ilegal confisco dos nossos legítimos direitos previdenciários, que buscamos a reparação através dos processos judiciais.
    O recado para 2026 é que havendo o sim e o reconhecimento só nosso pleno direito, também haverá sim para Lula e o PT. Porém, se insistirem na ilegalidade e confiscaram nossos direitos, o PT e Lula serão apenas uma lembrança do que já foi um dia, assim como o PSDB.

  3. Políticos bonecos. Rindo o tempo todo, sem razão. Bonecos. Do mercado. Das Igrejas. Das bandeiras identitárias. Bonecos. Ou embonecados.

  4. A esquerda brasileira, na qual eu me insiro, peca por acreditar que vai conseguir chegar ao poder pelo processo eleitoral, cujo desenho é feito pela USUROCRACIA, para evitar tal façanha, embora permita algumas exceções, por conveniência estratégica. Na hipotética hipótese de tal acontecer, os donos da grana e do poder, apelarão para o golpe como soé acontecer, conforme diversos exemplos histórico como já aconteceu aqui no Brasil. Não quero dizer com isso que não devamos participar do processo eleitoral, mas não podemos ter ilusões sobre o mesmo, pois não se trata apenas de uma disputa entre agremiações políticas, como a usurocracia através dos meios de comunicação a seu serviço, vende para o público em geral e que grande parte da esquerda, acaba caindo no conto da democracia eleitoral. Não tenho um modelo de atuação em que a esquerda consiga ir além desse enredo eleitoral, mas precisamos urgentemente sair dele. Vivemos tempos difíceis, principalmente no OCIDECADENTE, em que grande parte das populações destes países estão enredadas numa espécie de torpor que as levam a cometer atrocidades contra eleas mesmas, como por exemplo, eleger seus carrascos.

  5. O desinteresse pela política beneficia a direita e tem uma razão que a esquerda não quer ou não pode admitir: o PT afundou no neoliberalismo e no pântano do identitarismo. Os problemas reais da população somente são tratados de maneira retórica enquanto o governo cuida bem apenas dos lucros como de costume dos especuladores. Quem não é especulador não tem nada a esperar desse governo, nem de outro qualquer. Nesse contexto, a igualdade entre bolsonarismo e petismo emerge de uma maneira inegável no imaginário de uma crescente maioria silenciosa. E a esquerda não fará nada para resolver esse dilema, porque ela não quer provocar rupturas que coloquem em risco os cargos e salários (mais os salários) que seus líderes estão desfrutando.

  6. Para mim a alta abstenção se deve ao fato de que o hábito de comprar e comunicar pelo celular “viciou” as pessoas no modo mais fácil de fazer coisas sem sair do lugar.
    A maneira de votar ficou obsoleta.
    Não cabe mais no mundo atual.
    Precisa mudar.

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