Jair Bolsonaro confirmou o nome de seu vice na tentativa de reeleição: o general Walter Braga Netto, o ex-ministro da Defesa que já ameaçou um golpe nas eleições 2022 e exaltou a ditadura de 64 em seu último ato na pasta: “marco na evolução política”, disse.
Como já havia sido adiantado pelo próprio mandatário, Braga Netto foi o escolhido pelo presidente para a chapa que tentará a reeleição este ano.
Se no início do governo Bolsonaro, a relação com os militares era dividida com outras frentes e alas políticas, ao final, a presença das Forças Armadas dentro dos gabinetes e Planalto virou a principal marca de sua gestão, refletindo na escolha do general.
Defesa da ditadura: “evolução política”
Até março deste ano, Braga Netto era ministro da Defesa. Na pasta, o general protagonizou polêmicos episódios, como a defesa explícita e incisiva do golpe que instaurou a ditadura do regime militar no Brasil (1964-1985).
Esse foi, inclusive, o seu último ato como ministro da Defesa. Em março deste ano, no próprio dia estabelecido como o golpe, o general falou que a ditadura “conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia”.
O texto, publicado como Ordem do Dia pela Defesa, com o aval também pelos comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha, diz que o golpe foi “um marco histórico da evolução política brasileira”.
“Pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época”, completou o general, à época.
Ameaça às eleições 2022
No ano passado, poucos meses após assumir o comando da pasta, Braga Netto também chegou a ameaçar, presencialmente, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que não haveria eleições em 2022 sem o voto impresso e auditável.
A ameaça foi feita pelo ministro, acompanhado dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, e foi divulgada pelo próprio parlamentar ao jornal Estadão.
Segundo a publicação, o deputado teria procurado Bolsonaro e dito que ele não participaria de nenhum ato de ruptura institucional, apesar de ser um aliado político de Bolsonaro, como representante do Centrão.
A fala foi reproduzida pelo presidente Jair Bolsonaro em outras ocasiões. Bolsonaro afirmou que não aceitará o voto das urnas eletrônicas. Segundo as pesquisas eleitorais, o mandatário será derrotado pelo candidato Lula no processo democrático do sufrágio.
Ao escolher o general como seu vice, Bolsonaro elogiou Braga Netto por sua atuação no Ministério da Defesa.
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Esse militar virou mesmo amigo da família do desqualificado durante sua passagem na “segurança” no estado do Rio de Janeiro quando foi cooptado pela milícia.
Alguém pode esclarecer se há previsão na lei ou na CF de penalidades para quaisquer militares por intromissão na política, uma atividade controlada por 3 poderes civis constitucionais sobe os quais as FFAA estão explicitamente subordinadas?
Afinal, também explicitamente elas tem o dever da hierarquia e disciplina.
Mais ainda, têm armas que, de uma vez por todas, devem ser entendidas como uma concessão civil para que atuem em sua defesa e não para sua tutela.
Já a democracia, do povo, pelo povo e para o povo, ao contrário, prevê o debate, a diversidade e a representação popular, que pode ser de qualquer elegível.
Militar não se intromete em política em nenhum país desenvolvido, como EUA, Reino Unido, França, Alemanha e mesmo China e Rússia, além de tantos outros.
Isto só existe em repúblicas bananeiras.
Se não há uma lei que os penalize de pronto por tais indevidas intromissões, continuaremos capengas nesta república repleta de golpes desde sua fundação.
Até pelos que têm consciência disso, tornou-se uma admissão “cultural” deste inaceitável “risco”.
Ao ed.
– 2022-06-27 14:22:29 (abaixo): Militares, são treinados para a guerra. Espaço onde não existem leis nem artigos da Constituição. Uma vez quebrada a ordem institucional, a ordem será mantida por tiro, porrada e bomba. O lobo não precisa de razões, nem da lei, para devorar o cordeiro. Além das forças armadas, parcelas consideráveis de milicianos e jagunços se armaram até os dentes nestes últimos 40 meses.
Maria Christina Fernandes, do Valor Econômico, (https://www.brasil247.com/brasil/escolha-de-braga-netto-diz-que-bolsonaro-que-contestar-e-nao-vencer-as-eleicoes-aponta-maria-christina-fernandes) escancara para todos os que sabem ler, aquilo que já vem sendo escrito em caixa alta, em letras garrafais: não existe compromisso com a democracia, pelo contrário. O objetivo é o de melar quaisquer procedimentos de lisura democrática, assemelhados a “comunismo”, contra os quais todos os meios são válidos. A guerra híbrida já não é mais velada. Trata-se de guerra aberta. E já começou.
Complementando comentário, abaixo, vejam artigo de ontem de Fernando Brito, do Tijolaço, em: https://tijolaco.net/o-vice-de-bolsonaro-e-o-pfa/
Ao GalileoGalilei, obrigado pelo comentário (10:21h).
Sim, tudo isso é verdade, o que precisamos é MUDÁ-LA.
FFAA são preparadas para a guerra em todo o mundo, não só aqui.
Observe-se que as forças armadas de países desenvolvidos são MUITO MAIS PREPARADAS E PODEROSAS que as nossas.
A diferença é que nelas quem manda é o poder CIVIL.
Não se há de pensar que FFAA (e pior, policias, milícias, jagunços e assemelhados) jogadas CONTRA sua população não têm esse (infame) poder.
Uma vez quebrada a ordem constitucional, eles mantém sim o poder pelas armas, a menos que haja uma guerra civil e corra sangue para o enfrentamento (o que já aconteceu em muitos países na história).
Mas não é disto que se trata, pois fora os países bananeiros, como o nosso claramente ainda é (pelo simples fato de ainda discutirmos isto), temos que prevenir, mudar esta cultura, punindo (em tempos democráticos) firmemente as AMEAÇAS e AÇÔES, pré ou pós golpes.
O braZil é “exemplar” em não punir ou sequer processar nenhum deles, como aconteceu p.ex. com Pinochet e Videla (que foram líderes máximos!).
Um oficial general da ativa que ameace a democracia com meras palavras públicas já tem que ser punido disciplinarmente, pois de acordo com a constitucionalmente explícita “hierarquia e disciplina”, estará ferindo seus SUPERIORES, os três poderes civis. Nenhum militar da ativa nos EUA, Reino Unido ou similares fica fazendo sequer críticas públicas institucionais, quanto mais ameaças ao governo ou ao Estado, sem sofrer punições, talvez severas. Exatamente porque atrás delas há armas (muito mais poderosas que nossos fumarentos tanques, porta-“trecos” ou aviões que não encheriam um porta-aviões inimigo.
Nosso problema é que precisamos ter:
1) Uma cultura institucional e popular de respeito aos militares como nosso DEFENSORES, por representação e delegação civil.
2) Punir firmemente quaisquer militares da ativa (incluindo policias) que se imiscuírem publica e oficialmente na política, seja por críticas (a menos como cidadãos em particular) ou pior, por AMEAÇAS públicas, veladas ou não, sempre sendo no mínimo interpelados oficialmente pelas instituições, onde ou se explicam, se retratam ou são punidos.
Enquanto isto não mudar no braZil, estaremos sempre sob as negras e pesadas nuvens de uma elite submedíocre e “suas” FFAA.
Uma combinação infame, bem representada numa declaração do CEO do Bradesco, pela “prontidão” na retaguarda.
Infeliz e eventualmente, vindo à “frentaguarda”…
Caro Ed (12:39:25), Se nem conseguimos punir aqueles responsáveis pelos crimes contra a humanidade no pós 1985, muito menos puniu-se alguém por manifestação ou ativismo político indevido. Os exemplos de infrações constitucionais foram inúmeros. Em todos prevaleceu o corporativismo e o conchavismo. Em todos faltou a voz enérgica do poder civil. Em todos fechamos os olhos com medo de assumir a nossa responsabilidade. Este é, portanto, o retrato dos dias de hoje. Vergonhoso para o país, e vergonhoso para as suas forças armadas também, estarmos aqui a discutir este assunto; incabível em qualquer país que se pretenda democrático. Vimos, entretanto, no decorrer desses últimos 40 meses, nossas forças armadas serem enxovalhadas e humilhadas por olavistas e por familiares do presidente de forma como nunca antes se viu. O tão famoso brio militar, o pundonor, foi dar um passeio e não apareceu: mostram-se “tigrões” quando dizem “repudiar a impunidade” ao tentar emparedar o STF; mostram-se “tigrões”, também, quando alçam a voz contra o STE e o sistema eleitoral; mostraram-se “tigrões”, também, quando Lula mencionou, tempos atrás, a expressão “um bando de militares”; batem o punho violentamente na mesa para fingir indignação com o fisiologismo parlamentar, mas mostraram-se miseravelmente “tchutchucas” quando Olavo de Carvalho, bem ao seu estilo, os tratou de maneira desonrosa e desrespeitosa, como nunca dantes se viu neste país. As leis para punir os desvios, nós as temos. Se não as usamos é porque, ao contrário do que querem nos fazer acreditar, nossas instituições, lamentavelmente, não funcionam.