Pesquisa Quaest mantém Lula como favorito e ligeira melhora de Bolsonaro

Entre evangélicos a diferença entre Lula e Bolsonaro cai, mas entre os católicos o preferido absoluto é Lula.

Lula, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e Sergio Moro em uma colagem
Lula, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e Sergio Moro. Os quatro principais candidatos na eleição de 2022. Fotos: Ricardo Stuckert/Agência Brasil/Divulgação/Podemos

Foi divulgada hoje a pesquisa Genial/Quaest com ligeira melhora de Bolsonaro e manutenção de Lula nos favoritos. Segundo a pesquisa, as questões econômicas são determinantes para a escolha de um presidente, e é aí que Bolsonaro baqueia mais, principalmente com o preço da gasolina. Entre evangélicos a diferença entre Lula e Bolsonaro cai, mas entre os católicos o preferido absoluto é Lula.

O Auxílio Brasil fez com que eleitores que haviam abandonado Bolsonaro voltassem pra ele, mas ainda não suficiente para ultrapassar ou chegar em Lula. É importante notar que a rejeição a Bolsonaro caiu 7 pts e a aprovação subiu 5 pts, dado importante de acompanhar.

Veja a seguir o fio publicado pelo diretor da Quaest Pesquisa, Felipe Nunes, PhD em ciência política e professor da UFMG e especialista em pesquisa de opinião e redes sociais.

“A 9ª rodada da Genial/Quaest detectou tendência de melhora nas condições políticas de Bolsonaro. Seu governo tem 24% de avaliação positiva, 25% regular e 49% negativa. Entre nov/21 e mar/22, a rejeição ao governo caiu 7 pts; a aprovação subiu 5 pts.

A melhora no quadro político do governo se reflete de forma muito significativa em alguns estratos da população: na região Sul, avaliação positiva passou de 22 para 32%; na Norte, avaliação negativa caiu de 48 para 36%

entre os homens, a diferença entre avaliação positiva e negativa que era de 24 pts em fev/22, passou para 14 pts em mar/22.

Entre os mais velhos (acima de 60 anos), a diferença também variou significativamente: passando de 30 em fev/22 para 20 em mar/22.

Todas as mudanças acontecem, coincidentemente, entre os segmentos sociais em que Bolsonaro teve bom desempenho em 2018. Não parece arriscado dizer, portanto, que o que estamos observando nada mais é do que ‘a volta dos que não foram’…

Em Nov/21, no auge da crise dos preços, a diferença entre avaliação positiva e negativa entre bolsonaristas era de apenas 11 pts. Hoje, essa diferença é de 27 pts. O eleitor de Bolsonaro está voltando pra ele. O que pode estar acontecendo aqui? Eu vejo duas possibilidades.

Primeiro, o Auxílio Brasil está fazendo efeito nos eleitores que votaram em Bolsonaro em 18. Nesse grupo que recebe o Auxílio Brasil, caiu 22 pts quem acredita que o governo está pior do que o esperado. Entre quem não recebeu o Auxílio, a queda é bem menor, 6 pts.

Segundo, a expectativa de que haverá uma 3ª via fora da polarização Lula e Bolsonaro está cada vez menor. É a primeira vez na nossa série histórica que a torcida por uma vitória de Bolsonaro ultrapassa numericamente a torcida pelo candidato nem-nem.

Esse retorno de Bolsonaristas fortalece a tese de que teremos uma eleição polarizada entre Lula (que continua forte) e Bolsonaro (que ganhou musculatura). No voto espontâneo, Lula aparece com 27% e Bolsonaro com 19% (3 pts a mais que na última pesquisa).

No cenário estimulado, Lula aparece com 44%; Bolsonaro ganha 3 pts, indo a 26%; Moro e Ciro continuam com 7% cada. Apesar de Lula permanecer na liderança entre as intenções de voto, a diferença para Bolsonaro, que era de 22 pts em fev/22, passou para 18 pts em mar/22.

Quando comparamos o desempenho dos dois líderes da pesquisa entre segmentos, observamos algumas questões interessantes. Por exemplo, enquanto Lula dá de 60 x 15 no Nordeste, Bolsonaro virou no Centro-Oeste e está vencendo lá por 39 x 29.

Entre os evangélicos, Bolsonaro vence 38 x 33; mas entre católicos, Lula bate o atual presidente por 51 x 21.

Essa melhora da situação de Bolsonaro poderia ter sido ainda maior, se não fosse pela Guerra e os preços da gasolina que fizeram a economia voltar a dominar a atenção das pessoas como principal problema do país no momento (51%), contra 12% que citaram a pandemia.

A situação econômica do país é para 43% dos entrevistados a principal razão de voto quando se escolhe um presidente. Ora, se a economia é um grande problema e é principal razão de voto, quem é mais identificado como a solução para o problema, acaba levando vantagem…

É o que ajuda a explicar a vantagem que Lula tem na pesquisa. Entre quem acredita que a situação econômica do país é a principal razão para se escolher um presidente, Lula aparece com 48% das intenções de voto, contra 20% de Bolsonaro.

No segundo turno, o cenário apresenta menos mudança. Lula continua vencendo todos os cenários com facilidade. Contra Bolsonaro, Lula marca 54% e ele 32%.

A rejeição de Bolsonaro continua alta (63%), enquanto a de Lula é a mais baixa entre os nomes conhecidos (42%).

A pesquisa investigou ainda qual a chance de haver um voto estratégico entre eleitores que preferem um candidato que não seja nem Bolsonaro, nem Lula. Os resultados são bem interessantes!

34% dos eleitores da 3ª via topariam votar em Lula caso ele tivesse chance de vencer no 1º turno. Ou seja, Lula poderia crescer mais 8 pts (34% de 25% que preferem a vitória do nem-nem).

Se Bolsonaro estiver ganhando vantagem, 23% dos eleitores do nem-nem topariam votar nele no primeiro turno para evitar a vitória de Lula. Ou seja, nessa movimentação estratégica Bolsonaro pode crescer mais 6 pts (23% de 25% que preferem a vitória do nem-nem).

A pesquisa foi realizada entre 10 e 13/03 por meio de 2.000 entrevistas domiciliares em 120 municípios nas 5 regiões do país. A margem de erro estimada é de 2 pontos percentuais com 95% de nível de confiabilidade. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-06693/2022.”

Redação

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