Proposta de governo Lula quer revogar reforma trabalhista

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Debate "polêmico" para setores conservadores não é de hoje e proposta já integrava objetivos de Lula

Lula veste um terno preto e camisa azul, enquanto discursa em uma tribuna com uma bandeira vermelha escrita "Lula Livre" em várias linguas. Ao fundo, um painel com uma foto de Lula cercado pelo povo
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O PT decidiu trocar a palavra “revisão” por “revogação” da reforma trabalhista no programa de governo da Federação Partidária, junto ao PSB, PV e PCdoB. A derrubada da reforma trabalhista, considerada “polêmica” por setores conservadores e empresariado, já era um desejo do partido e de Lula. A resposta final, contudo, ainda deverá contar com o apoio das outras duas siglas.

Nesta quarta (13), o Diretório Nacional do PT se reuniu e decidiu tratar de aspectos sobre a Federação e a criação do Estatuto da Federação. Diversos temas foram tratados, além da aprovação da coligação com o PSB na chapa Lula-Alckmin.

Dentre as propostas do partido de Lula para o governo, que deverá contar com o apoio do PSB, PV e PCdoB, o documento inicial falava em “revisão” da reforma trabalhista. Após discurssõs no encontro de ontem, a palavra foi trocada por “revogação” com apoio de todos os presentes, inclusive de Lula.

“O PT defende uma nova proposta de reforma trabalhista que seja mais moderna, inclusiva e que resgate os direitos históricos dos trabalhadores. E por isso a revogação. Hoje, temos outros agentes no mundo do trabalho que surgiram com as novas tecnologias”, explicou Jilmar Tatto, secretário de comunicação do partido.

A proposta, vista por setores mais conservadores como algo negativo ou polêmico – o que poderia interferir nos caminhos de Lula de se aproximar de eleitores de centro e centro-direita, não é novidade.

Tanto o partido, como Lula, já haviam manifestado em diversas ocasiões o desejo de acabar com a reforma trabalhista que entrou em vigor após a derrubada de Dilma Rousseff, durante o governo de Michel Temer em 2017.

Em janeiro deste ano, por exemplo, Lula manifestou que era importante para os brasileiros “acompanhar de perto” a Reforma Trabalhista da Espanha, “onde o presidente Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”.

Também no mesmo dia a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu a revogação da reforma trabalhista no Brasil: “A reforma espanhola serviu de modelo para a brasileira e ambas não criaram empregos, só precarizaram os direitos. Já temos o caminho”, havia escrito.

No final de janeiro, o PT publicava artigo do deputado Chico Vigilante (PT-DF), defendendo: “Reforma Trabalhista, cinco anos depois, é preciso rever e revogar”.

Há quase dois anos, em setembro de 2020, o PT junto à Fundação Perseu Abramo colocava no “Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil” a “revogação dos pontos da reforma trabalhista que têm estimulado a informalidade”.

“Temos que revogar a reforma trabalhista e a liberalização da terceirização e todas as medidas que significaram a retirada de direitos. Precisamos caminhar para uma situação de assegurar direitos trabalhistas e previdenciários a todos e todas que trabalham”, já pontuava.

Relembre o documento, abaixo:

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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