Eleições sofrem o impacto da realidade paralela criada pelo bolsonarismo

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Professor e pesquisador João Cezar de Castro Rocha fala sobre as mazelas da extrema-direita

O ensaísta e professor titular de literatura comparada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), João Cezar de Castro Rocha, explica o esquema de engajamento da desinformação política adotado pela extrema-direita e seus impactos no pleito presidencial no Brasil. 

A finalidade da eterna guerra cultural da extrema-direita é aumentar a presença nas redes sociais, com conteúdo abjeto, absurdo, pois essa presença pode se materializar em votos, capturando o campo dos indecisos. Quando isso acontece de forma vertiginosa? Na véspera das eleições“, explicou o autor de “Guerra cultural e retórica do ódio” (Editora Caminhos), à reportagem do Estado de Minas. 

Segundo o professor, o “Brasil é um laboratório mundial de criação metódica de realidade paralela” que assiste à consolidação das imposições da extrema-direita brasileira para a instauração de um “Estado totalitário e fundamentalista, do ponto de vista religioso”.

O que a extrema-direita tem feito no plano da política é a despolitização do debate público para avançar o projeto político totalitário – de eliminação completa do adversário ou do outro que resiste – em algumas circunstâncias, mesmo teocrático”, explicou.  

O professor ressaltou que os conservadores nacionais compartilham das mesmas estratégias de seus aliados da extrema-direita no mundo: “ uso das plataformas de mídias digitais para a produção da dissonância cognitiva coletiva, um Brasil paralelo, que fratura a espinha dorsal dos valores verdadeiramente cristãos e democráticos” escreveu a jornalista Bertha Maakaroun.

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A extrema-direita está à frente em relação ao campo progressista no que se refere à compreensão profunda da forma própria do mecanismo do universo digital“, pontuou Rocha. 

A partir das ferramentas digitais a extrema-direita cria uma dissonância cognitiva coletiva, “uma temível máquina eleitoral pela transferência para a política da alta intensidade de engajamento das redes sociais. É um engajamento em torno da desinformação e de teorias conspiratórias“. 

A inédita criação da dissonância cognitiva coletiva deliberada, por meio de um conteúdo coordenado, estrategicamente produzido para desinformar e fazer circular teorias conspiratórias e fake news. O universo digital e as redes sociais possibilitaram isso e não é casual o fato de que o principal instrumento de divulgação da extrema-direita bolsonarista sejam as redes sociais e plataformas digitais”, destacou o professor. 

Hoje, no Brasil, contamos com dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras que estão vivendo na ilusão, estão realmente convencidos de todo conteúdo dessa usina de desinformação”, completou.

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

2 Comentários

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  1. Isso é possível, porque nada foi feito, desde 2018 ou anterior a esse ano. Pois os ataques, contra os chamados, partidos de esquerda, nada fizeram, para criar, uma forma de defesa. E o STF, deixou que a Lava Jato, apoiada pelos americanos, pudesse fazer, o que bem entendesse.

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