Em artigo, ex-porta-voz de Bolsonaro fala de mandato de 2 anos para combater “falta de memória do eleitor”

General da reserva Otávio Rêgo Barros admite que proposta é “chacota”, mas que “não resisti a escrevê-lo, estimulado pelo que vejo nas propagandas de partidos políticos divulgadas nos meios de comunicação”

Porta voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O general da reserva Otávio Santana do Rêgo Barros, que foi Porta-voz da Presidência da República entre janeiro de 2019 e outubro de 2020, teve um artigo de sua autoria publicado na quinta-feira passada (17/3) pelo jornal Correio Braziliense, no qual ele critica ironicamente a falta de memória dos eleitores brasileiras, especialmente em eleições não presidenciais.

No texto, intitulado “Fosfosol é bom para a memória”, o general afirma que “no Brasil, a memória do eleitor é curta. Retorna, quando muito, até o início do ano eleitoral. Os candidatos e seus marqueteiros sabem disso. A propaganda eleitoral, com lindas imagens e propostas maravilhosas, também faz a sua parte. O instrumento da reeleição é pernicioso também por isso”.

“O sujeito passa três anos sem dizer a que veio, despreocupado de aprofundar os problemas e encontrar as saídas e, no último ano, dispara a gastar dinheiro público irresponsavelmente que os cofres não possuem, viajar para inaugurar pinguela inaugurada e propor novos e maravilhosos projetos caso seja reeleito”, afirma Rêgo Barros.

Em seguida, o militar aposentado faz uma proposta polêmica para mudar a Constituição, com “uma emenda que definisse o mandato em apenas dois anos, sem reeleição: o primeiro ano para o eleito passear (de moto, jet-ski, avião, bicicleta, cavalo, seja lá o que lhe aprouver), fazer churrasco, jogar uma pelada. Não precisava apresentar nenhum projeto, proposta, nada. Deixava uma pessoa de sua confiança cuidando dos afazeres nos palácios e pagando o cartão corporativo com a seguinte ordem: não mexa em nada de importante.

O segundo ano, aí ele ia trabalhar. Conceder os auxílios sociais que entendesse necessários, privatizar ou nacionalizar as empresas da infraestrutura crítica segundo sua crença econômica, construir uma diplomacia equilibrada, reequipar Forças Armadas, estimular a educação, aumentar o número de hospitais, criar empregos, incentivar a ciência & tecnologia, dialogar com os outros Poderes etc. Seria uma economia colossal do dinheiro público, nos pouparia desgastar as estruturas de poder, preservaria a nossa paciência cidadã e abriria a possibilidade de finalmente sermos o país do presente”.

No parágrafo seguinte, Rêgo Barros reconhece que sua ideia foi uma ironia: “perdão se o texto lhes soe como chacota, é mesmo. Mas não resisti a escrevê-lo, estimulado pelo que vejo nas propagandas de partidos políticos divulgadas nos meios de comunicação”.

Para finalizar, o ex-ministro de Bolsonaro dá a entender faz uma declaração que poderia ser entendida como um voto de rejeição ao seu ex-chefe – isso se partir da suposição de que ele votou em Bolsonaro em 2018, e que afirma, agora, que não votará mais em quem já votou no passado.

“Fosfosol era um remédio que minha avó nos obrigava a tomar para melhorar a memória e irmos bem na escola. Não sei se funcionou, mas fui aluno razoável e me lembro bem em quem votei nas últimas eleições. Neles não voto mais”, concluiu o ex-porta-voz.

Leia mais:

1 – A face cruel e fracassada das políticas pós-2015, por Luís Nassif

2 – O que está por trás da delação da Ecovias sobre as concessões paulistas, por Luis Nassif

3 – Milton Ribeiro escancara esquema de repasses do MEC a Prefeituras intermediadas por pastores

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador