Política

Em live, Gilmar Mendes rebate Bolsonaro sobre voto impresso

do Congresso em Foco

por Guilherme Mendes 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, se posicionou contra a proposta de voto impresso, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. Ele participou de uma live promovida pelo site Consultor Jurídico nesta sexta-feira (30), quando rebateu as falas que o presidente fez em uma transmissão virtual de quase duas horas na noite anterior. Com um discurso recheado de informações falsas e distorcidas, Bolsonaro voltou dizer que houve fraude nas eleições, mas admitiu que não tinha provas da acusação. Também participava da live o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que disse não acreditar que a matéria chegue a plenário.

“Vamos parar um pouco de conversa fiada”, advertiu Gilmar Mendes. “Claro que todos nós somos a favor da auditabilidade da urna, queremos que a urna seja auditável – e ela é auditável”. Gilmar também apontou, durante sua fala, que tanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quanto os tribunais regionais em cada Estado (TRE) promovem verificações públicas do funcionamento das urnas eletrônicas, antes, durante e depois das votações.

Além de outras medidas de segurança adotadas pelo TSE, no dia anterior às eleições os tribunais escolhem urnas aleatórias entre as seções eleitorais e promovem uma simulação de votação com os partidos presentes. “E os partidos, a rigor, às vezes nem comparecem a todos esses eventos, pois consideram que de fato o sistema funciona bem. O que nós podemos ter e devemos melhorar é o controle de recursos e de dinheiro, no abuso de poder econômico”, disse Gilmar, que presidiu o TSE em duas oportunidades, em 2006 e entre 2016 e 2018.

A partir desta terça-feira (3), com a abertura do ano no Judiciário, Gilmar Mendes passa a ser o decano da corte, cargo que deve ser atribuído a ele até o final de 2031, caso ele permaneça na corte até o prazo máximo de aposentadoria de 75 anos. O ministro mais velho é, normalmente, quem dá as mensagens em nome da corte junto com o presidente em exercício – e poderá caber a Gilmar a resposta de alguns conflitos com o governo de Jair Bolsonaro.

Arthur Lira: tudo indica que PEC não irá a Plenário

“Regimentalmente o resultado da comissão impactará na Câmara, se esse assunto virá a Plenário ou não”, disse Arthur Lira antes de emendar: “Na minha visão, tudo indica que não”.

Lira explicou que já existe uma PEC, apresentada em 2015 no Senado, sobre o voto impresso e o foco, na visão dele, estaria errado: “Se alguém quer trazer este assunto para discussão, este assunto teria que ser tratado no Senado. Votar uma segunda PEC na Câmara, para que ela vá para o Senado e tenha o mesmo destino, é perda de tempo, na minha visão, de processo legislativo.”

Lira também disse que participou de oito ciclos eleitorais e nunca viu sinais de fraude – ao contrário do que alega Jair Bolsonaro. O presidente da Câmara disse que confia no sistema vigente, mas defendeu que se ache, com moderação “alguma forma consensuada de dar mais transparência” ao processo eleitoral.

O texto da PEC, que tramita em comissão especial da Câmara, quase foi rejeitado em votação em meados de julho. Os deputados que integram a comissão construíram uma maioria para rejeitar o parecer do deputado Filipe Barros (PSL-PR), mas uma manobra regimental permitiu que a votação ficasse para o mês de agosto. A mudança no posicionamento dos parlamentares ocorreu mediante articulação com outros poderes, já que o próprio presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, participou de tais debates.

Redação

Redação

View Comments

Recent Posts

Do homicídio ao omnicídio, por Mario Bunge

Ainda que toda morte violenta seja condenável, é óbvio que o assassinato de N pessoas…

1 hora ago

Investimento estrangeiro: prós e contras, por Paulo Nogueira Batista Jr.

Tento esclarecer, mostrando onde estão as lacunas e falácias nos argumentos, que são apenas parcialmente…

2 horas ago

O ouro de Taubaté, por Heraldo Campos

Como estará agora essa atividade minerária no campo e que acelera e predispõe o aumento…

2 horas ago

O cantautor de palavras profundas, por Aquiles Rique Reis

André Morais, paraibano de João Pessoa, após lançar Bruta Flor (2011) e Dilacerado (2015), nos…

2 horas ago

Luís Nassif: Haddad dá pistas sobre seu modelo fiscal

Se o governo Lula não apresentar o contraponto, o próximo 1º de maio será realizado…

2 horas ago

“Para mim é um alívio essa correição”, diz Gabriela Hardt

Substituta de Sergio Moro, juíza admite erros no caso Tacla Duran, mas garante que não…

14 horas ago