Esquerda errou na oposição a Bolsonaro, diz Aldo Fornazieri

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Crítico do posicionamento de Lula, cientista político fala de ambiguidades de discurso e da baixa mobilização social

Foto: Ricardo Stuckert

A lógica em torno da campanha presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem sendo alvo de debates inclusive na mídia, com notícias envolvendo a saída de Franklin Martins e uma eventual crise.

“É público que tem uma crise na campanha do PT”, diz o cientista político Aldo Fornazieri, em entrevista exclusiva à TV GGN 20 horas desta terça-feira (27/04). “Ela implicou na saída do marqueteiro, em uma crítica ao Franklin Martins que não sei como ficou essa situação dele, e também, digamos assim, pelo que a campanha expôs até agora”

Crítico do atual posicionamento de Lula, que vem afirmando que “quer ser o presidente de todo um país”, Fornazieri escreveu um artigo recentemente apresentando alguns dos problemas vivenciados pela campanha petista, a começar pelas ambiguidades expostas até o momento.

“E veja o seguinte: tem um elemento, uma história pregressa a campanha, porque uma campanha não é só uma campanha, ela tem também uma história pregressa”, explica Fornazieri. “Eu penso que a esquerda errou sistematicamente na oposição ao governo Bolsonaro. Foi uma esquerda que não mobilizou, então a campanha vem um pouco a frio”.

Como parâmetro, o cientista político cita dois casos recentes: as eleições de Joe Biden, nos Estados Unidos, e de Gabriel Boric no Chile.

“A campanha do Biden foi uma campanha quente porque ela teve os protestos em torno da morte do George Floyd. Protestos gigantescos, talvez nunca vistos nos EUA como aquela envergadura que mobilizou grandes contingentes da sociedade, o Me Too das mulheres, e de outros setores”, lembra Fornazieri.

A campanha norte-americana acabou por mobilizar muito os negros – que viraram as eleições em estados tradicionalmente republicanos no Sul norte-americano -, além de jovens e mulheres.

“A campanha do Boric no Chile derrotou o governo Piñera – no Chile não tem reeleição, mas derrotou os candidatos de direita. E lá também teve todo um processo mobilizatório que vinha desde 2011, 2012, 2019/2020 com vitórias do setor popular. E o Boric meio que construiu a candidatura dele em cima dessas mobilizações também”.

Contudo, Fornazieri destaca que a esquerda brasileira se encontra na defensiva desde 2015 em termos de mobilização popular. “Em 2015 tivemos grandes mobilizações pelo impeachment, depois veio o governo Temer e todas as mobilizações contra a reforma trabalhista fracassaram”.

Segundo o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), o PT não apresentou uma opção para a reforma da Previdência e, com a chegada do governo Bolsonaro, tanto as manifestações sobre a reforma previdenciária quanto sobre ao impeachment fracassaram.

“E em torno da questão militar, que eu acho que foi um tiro no pé. Foi um combate a moinhos de vento – eu penso que nunca existiu a possibilidade de um golpe militar. Confundiram a vontade golpista do Bolsonaro com uma perspectiva de golpe militar que eu acho que ele nunca se colocou no horizonte da conjuntura desse governo”, diz o cientista político.

Fornazieri ressalta que o momento pregresso à pré-campanha “é essa falta de energia e de mobilização popular”, em contraponto à maior mobilização bolsonarista.

Veja mais sobre a análise de Aldo Fornazieri na íntegra da TV GGN 20 horas. Clique abaixo e confira!

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

1 Comentário

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  1. Vou explicar qual o problema, o PT se acostumou com politica de gabinete, se afastou do povo, terceirizou a relação diaria com o povo pras igrejas ditas evangélicas e a oposição pro Kim e pro Frota, enquanto mamam no fundão

    Então não tem militância que reverbere porque não há comando

    Por ex a escolha de Alckmin empurrada de goela abaixo, ao invés por ex de Requião ou mesmo Paes? Pra que eu vou fazer campanha se a direção não me escuta?

    As expulsões na paraiba, a saida da Marília em Pernambuco, todo mundo que desafia a direção é “convidado a sair”, sendo que NOS somos o partido

    Lula vai ganhar porque o outro é muito ruim, não por mérito do PT

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