Eugênio Aragão: O caos das instituições com o MP achando que é salvador da pátria

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – “Nossas instituições estão o caos, o Executivo que está nas mãos de pessoas que não tem tamanho para governar este país, o Legislativo comprometido até a medula com os maus feitos e o grande responsável pelo golpe parlamentar na presidenta eleita, e o Judiciário cúmplice desse processo, com o Ministério Público rufando tambores achando que é salvador da Pátria”, resumiu Eugênio Aragão, subprocurador-geral da República e ex-ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff.
 
Parte dessa expressão de instabilidade nas instituições verificadas atualmente pode ser vislumbrada, segundo análise de Aragão ao GGN, nas reações corporativistas do Ministério Público, sobretudo a equipe da Operação Lava Jato. 
 
Para ele, o Projeto de Lei 280, de Abuso de Autoridade, que tramita no Senado Federal, apesar de ser guiado no Congresso por pessoas que “tem que prestar contas à Justiça” é um tipo de freio aos abusos cometidos, tanto por procuradores, quanto por juízes. 
 
Por outro lado, a tentativa de levar o projeto das 10 Medidas é vista pelo subprocurador como “uma tremenda enganação”. “Primeiro, porque não resolve o problema de corrupção por um confronto normativo. Em segundo lugar, porque na verdade o que está por trás disso é um projeto de poder para fortalecer uma corporação, porque só trata de desequilibrar mais ainda a relação da acusação e defesa no Brasil”, defendeu.
 
“E as pessoas que estão cientes disso têm razoes de sobra para entender que está na hora de responsabilizar juízes e promotores também. Porque os abusos de autoridade que vieram a ser praticados ao longo de todos esses anos têm que ter uma resposta”, afirmou em entrevista a Luis Nassif.
 
“Agora, é claro que o corporativismo reagiu de todos os instrumentos, principalmente de publicidade, populista, que é chamar o povo à rua”, visualizou o ex-ministro da Justiça, diante inclusive das manifestações de “voluntarismo” de procuradores, como Deltan Dallagnol, de responder a decisões do Congresso, ainda que controversas, com ameaças de renunciar à Lava Jato.
 
Dentro dessa formação predominante do corporativismo vista por Aragão, o subprocurador analisa que a liderança que poderia ser capaz de impedir o comprometimento da instituição com esses abusos seria Rodrigo Janot, procurador-geral da República. Mas “o corporativismo venceu”, lamentou. “Hoje o Janot é apenas um acessório dentro deste processo todo”, disse, complementando que é “muito difícil encontrar eco na maioria para advertência de que esse processo [de corporativismo do MP] não vai levar a lugar nenhum, e nós vamos entrar para a história como os grandes responsáveis por afundar esse país”.
 
Diante do cenário, a melhor saída, para ele, seria eleições diretas, com a decisão popular. Entretanto, lembrou, o impacto dos grandes meios de comunicação estão levando a população a formar convicções contrárias à massa crítica. Segundo ele, o fato de que a possível chegada de um populismo de extrema direita prejudicaria todos os meios de comunicação já deixou em alerta alguns jornais, como a Folha de S. Paulo. 
 
“Mas a rede Globo está dentro desse projeto, de Sergio Moro e companhia, um projeto de meganhização (de meganha) do Brasil, projeto fascista, porque aproveita da insegurança da população nesse momento de incerteza e promete soluções simplórias, como essas 10 medidas, dando a essa massa de pessoas inseguras o sentimento de pertinência a uma Nação verde e amarela, e no fundo sem notar que estão sendo massa de manobra. Isso é tipicamente um fenômeno fascista”, afirmou.
 
“Infelizmente o Brasil está num momento talvez mais agudo de fascismo que teve na sua História, e não tem comparação nem no Estado Novo e nem na ditadura militar. Os fascistas saíram do armário e não tem vergonha”, concluiu.
 
Assista à entrevista completa:
 
https://www.youtube.com/watch?v=6K0X-spY1ds width:700 height:394
 
                
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

28 Comentários

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  1. Num linguajar mais rasteiro:

    Num linguajar mais rasteiro: estamos mesmo é lascados. Ao ativismo político judicial junta-se agora o ativismo PP-político/parquetiano. O Sistema Judicial pelo menos é estruturado verticalmente, apesar da total autonomia de qualquer magistrado nos processos. Para eventualmente corrigi-los há os tribunais superiores. Já no Ministério Públicos, não. São ilhas isoladas de Poder. Óbvio que tal regalia(atributo maior que prerrogativa) se mal utilizada vai gerar problemas. É o que acontece agora com esse segregacionismo da turma de Curitiba. 

    Se até o ministro Gilmar Mendes se perfila ao lado dos críticos a essa epidemia de vaidade que assola o Ministério Público, imagina o resto. 

  2. Cada vez mais e mais eu estou

    Cada vez mais e mais eu estou convencido que Lula esta fazendo um erro gigantesco de se candidatar a presidente de novo, Nassif.

    Ele vai “governar” com que congresso e com que senado?  Ele ja comecouo a falar com as pessoas especificamente pra nao votar nessa fabrica de favelas que a direita brasileira -e por extensao, mundial- realmente eh?

    Eh obvio e evidente que eu votaria nele em uma fracao de segundo.  Todo mundo que vota nele faria a mesma coisa.

    Eh levar o cordeiro ao sacrificio.  Eh “damn with praise”, de fato.  No pior sentido possivel.  QUE SE VIREM OS BRASILEIROS DA “NOVA CLASSE MEDIA”, ok?

    Eu ja cansei de assunto de brancos  (ou eh nouveaux blancs?).

    Alias, estou ouvindo agora a Barbara Rodrix, com sua voz fenomenal, vou dar link sem postar por nao ter condicoes agora de analizar esse envelope vocal fenomenal:

    https://www.youtube.com/watch?v=cUprkuuQvuY

    Do qual ouvi falar na coluna de Aquiles Reis.  Que somente faz review de brancos do eixo SP-Rio, sem um unico, nem unzinho comentario tecnico.

    Eu nao consigo lidar com uma populacao inteira disso nao!  Eles que se fodam.

    1. Concordo

      Também votaria nele, mas penso que ele não conseguiria governar direito. Seria melhor como articulador de um novo candidato por ele apoiado.

    2. 2018

      Depois desse golpe, alguém pensa que essa quadrilha imensa vai permitir uma eleição, ainda mais com o presidente Lula concorrendo?

      Ultimas Notícias: A Democracia foi até ali e não sabe quando volta.

      É o Brasil, aquele não foi sem nunca ter sido!

  3. Pois eu quero mesmo é ir

    Pois eu quero mesmo é ir embora d”Essa Porra”, Ame-A ou Deixe-A. Tou pensando no Iraque, Afeganistão ou Siria. Lá, pelo menos, as armas de guerra ainda são as mais convencionais, mais imediatas. As que estão sendo usadas aqui, o efeito imediato é pouco. mas o efeito futuro, será devastador.

  4. It depends on

    29/11 e 04/12. Bombas para uns…

    E para outros… Precisa desenhar?  publicado 04/12/2016 no Conversa Afiada


    Só pra comparar…

     

    1. E essa eh a razao que ,ilitares nao tem permissao nenhuma de governo nenhum do mundo de se aproximarem de sua propria populacao.

      Nem sequer nos Estados Unidos.

  5. As manifestações foram um fracasso, mas o jogo vai continuar

    Pela primeira vez no Brasil, um dos três poderes vai às ruas contra os outros dois – e fracassa. O que está em jogo?

    04/12/2016Bajonas Teixeirarenan-e-moro

     

     

     2089  59  0

     

    Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho

    Essa é a primeira vez na história do Brasil em que um dos três poderes, o Judiciário (unido à corporação do Ministério Público), sai às ruas confrontando diretamente os outros dois (Legislativo e Executivo). E tudo de forma tão evidente que, embora a classe média tenha sido a massa de manobra nas manifestações, o confronto de poderes não se deixa ocultar.

    E, ao que tudo indica, o fracasso foi retumbante. Mesmo com os números inflados divulgados pelos organizadores. Veja-se o exemplo de Brasília.  Esperava 125 mil, apareceram apenas cinco mil (número dado pelos próprios organizadores). Ou seja, menos um vigésimo do esperado ou menos de 5% do que era previsto. Em 13 de março, na maior das manifestações contra Dilma, com forte indução por parte de Moro e da Lava Jato, o número chegou a 100 mil. Tivemos hoje, portanto, 5% do que vimos em 13 de março.

    Em Belo Horizonte, apareceram 8 mil pessoas (em 13 de março, foram 100 mil). Em Salvador, 1.200 agora (em 13 de março, 50 mil). Recife divulgou a participação de 5 mil manifestantes (em 13 de março, foram 120 mil). A Globo está sendo bastante resistente em  dar os ‘números reais’. No caso do Rio, disse à pouco que a PM ainda não tinha divulgado os números.

    O fracasso das manifestações, é certo, aumentará o empenho da Globo em impor uma imagem vitoriosa da Lava Jato e do juiz Sérgio Moro. Sua situação vai se tornar, contudo, bastante ambígua porque, sem deixar de apoiar Temer, vai dar firme apoio aos que pediram nas ruas o “Fora Temer”. A mesma coisa para a Folha de São Paulo.

    Matéria Completa:http://www.ocafezinho.com/2016/12/04/pela-primeira-vez-no-brasil-um-dos-tres-poderes-vai-as-ruas-contra-os-outros-dois-e-fracassa-o-que-esta-em-jogo/

  6. O teatrinho está completo

    O teatrinho está completo heim! Gente na rua pela continuidade da lava jata como está, com poderes supremos e força total contra as corrupções! Lavajata sequer investiga e combate corrupções! Esses caras nunca tiveram competencia para agir! Vivem sentados em cima do saco aguardando ordens dos eua, e apenas prendem figuras dedadas / indicadas por demotucanos pioneiros nessas práticas e há séculos praticando licitações fraudulentas com vasta distribuição / divisão de propinas! É na cadeia em Curitiba que os corruptos fazem as delações seletivas / parciais e recebem as premiações com suas penas convertidas em liberdade, com alguns meses usando tornozeleiras, quando tem no estoque. Abaixo toda essa cambada e a continuidade com gente idônea e isenta não ligada à mafia do fhc clinton Trust Company!

  7. Podcast

    Se a imagem é feia, ruim e não acrescenta nada ao texto é melhor fazer um podcast do que um vídeo.

    Coitado do Aragão, parecia um hipopótamo acordando tarde num domingo…

    Pelo menos deu boas mordidas nos golpistas!

    Sacanagem!

    1. Tarde de domingo

      O que se faz numa tarde de domingo quando se é pai de duas. Criaturinhas de 3 e 5 anos? Brincar com elas no tapete da sala. E elas brincam conosco, subindo nos ombros, na cabeça… Sendo que o menor estava fazendo cocô nas fraldas e queria que eu o limpasse urgentemente. Durma-se com um barulho desses ainda tendo que ouvir que sou um hipopótamo que acorda tarde no domingo! Domingo fico em casa ou saio com os moleques e a vida coneça às 06:00 horas. Estava tentando ouvir minhas próprias palavras nesse rebu!

      1. É esplêndido (me recuso a

        É esplêndido (me recuso a usar a palavra que dá nome ao dominical da rede golpe) constatar que o GGN tem uma audiência qualificada como a do sr. Eugênio Aragão, especialmente pela interação destes ilustres colaboradores com os demais visitantes.

         

        Aragão, chegaste tarde demais a uma posição que te merecia desde o início. Quanta falta fez alguém com a lucidez e a coragem que tu tens no lugar daquele Zé da Justiça.

         

        Minha opinião é a mesma já há uns bons anos, talvez desde antes da crise do mensalão: a Globo é o elemento de desequilíbrio, de injustiça e regresso do nosso país. Pergunto: do teu ponto de vista, da tua experiência, o que o país deveria fazer para se livrar desse verdadeiro câncer?

  8. Uma pergunta:
    O que a Globo

    Uma pergunta:

    O que a Globo leva, com os super poderes para o ministerio publico?

    Sera’ que eles nao veem que, com todos os podres em que estao envolvidos, podem passar rapidamente de algozes a vitimas?

    Um juiz qualquer poderia mandar os irmaos Marinho para a cadeia, assim como fizeram com o Marcelo Odebrecht?

    Motivos nao faltam: a casa de paraty, sonegacao de milhoes de reais, etc.

    Ou sera’ que eles acham que conseguem controlar a furia da multidao quando esta se voltar contra eles?

     

    1. Não ser denunciada por todas

      Não ser denunciada por todas as suas falcatruas , trambiques, cambalachos e crimes, NUNCA, além de comandar o país, oferecendo massa para legitimar as arbitrariedades dos fascistas; são parceiros, um não sobrevive sem o outro.

    1. Esse e mais uns dois ou 3! Já

      Esse e mais uns dois ou 3! Já estivemos em situação pior; sem ninguém pra nos dar um norte Vamos em frente com o que temos pq a coisa tá feia.

      O pessoal já tá ficando confuso. Já vi gente que, antes, procurava o Amarildo e hoje, luta a favor de abuso de autoridade.

      O mais importante é ter gente esclarecendo o momento e os textos do Eugênio Aragão tem sido um presente pra militância que tá na resistência. Vamos espalhando no FB e no twitter.

  9. Iimperdível a entrevista do

    Iimperdível a entrevista do Aragão. Assistir na íntegra.

    Nota: nunca uso o verbo com o nome da tal revista criminosa. 

  10. Pessoal que tá no RJ

    Pessoal que tá no RJ :

     

    Estado de exceção X Democracia: O papel do ministério público e do judiciário. Wadih Damous convida o Sub Procurador Geral da República e ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, para debater questões atuais como Lava Jato, “10 medidas contra a corrupção”, responsabilização de juízes e procuradores e  judicialização da política.  Quando: Sexta-feira-feira (9/12), as 18p0m.  Onde: Auditório da Cândido Mendes – Rua da Assembleia, 10 – subsolo – Centro.

  11. Indenfensável golpe

     

    O sujo golpe contra Dilma/PT, contra a democracia, conduzido por indivíduos de péssima reputação, muitos deles, envolvidos em coisas erradas, ou com o peso de sérias acusações, já está deixando os próprios comandados da turma de preto, receosos e inseguros. E, não é para menos. Afinal, em apenas três meses, já é bem visível a redução do consumo, com aumento do desemprego e da violência, com lojas fechando, restaurantes esvaziando, com integrantes da classe média pedindo esmola pelas ruas, e outras mais, configurando rápida deterioração da economia.

    A crença empresarial e do povão, aparentemente depositadas nos golpistas, vai sendo rapidamente evaporada. A essa altura, se por absurdo a grande mídia “livre” resolve abrir espaço geral para grandes jornalistas independentes, grandes economistas, juristas e políticos nacionalistas, profundos conhecedores de nossa história, exporem livremente os seus pontos de vistas sobre os propósitos intreguistas da quadrilha que tomou conta do Poder pelo golpe, em duas ou três semanas, pela revolta do povo, os golpistas abandonariam o Brasil. Possivelmente, para os EUA. 

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