Família Dallagnol recebeu indenização por gleba com sobrepreço estimado em R$ 147 milhões

Incra apresenta cálculo de sobrepreço de mais de R$ 147 milhões no valor que está sendo pago.

Deltan Dallagnol. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A família do ex-procurador Deltan Dallagnol foi acusada de irregularidades que envolvem R$ 147 milhões em acordos para a desapropriação das terras da Gleba Japuranã, em Nova Bandeirantes (MT). O valor pago na desapropriação é 66 maior que o do triplex atribuído ao ex-presidente Lula.

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) tenta derrubar os acordos na Justiça Federal. Para calcular o sobrepreço de mais de R$ 147 milhões no valor que está sendo pago, o Instituto contabilizou as sobreposições de terras e a divisão dos imóveis, em meio à ocupação por posseiros e ao desmatamento.

Pai, tios e primos do ex-procurador da República Deltan Dallagnol, antigo coordenador da Operação Lava Jato no Paraná e atual pré-candidato ao Congresso, recém-filiado ao Podemos, estão entre os donos de 17 fazendas investigadas pela autarquia.

Família Dallagnol

Ao todo, o Incra calcula ter pago R$ 159 milhões em 14 processos judiciais de desapropriação das fazendas. Os números constam em uma ação que o órgão tenta a devolução de R$ 14,5 milhões pagos ao tio de Deltan, Xavier Leonidas Dallagnol, e sua esposa, Maria das Graças Prestes. A área total da gleba é de 36 mil hectares.

As informações são do observatório De Olho nos Ruralistas, que aponta ainda que os lotes dos tios e primos do ex-procurador foram obtidos na ditadura militar, sendo eles os principais proprietários da gleba Japuranã.

Mais recentemente, o pai de Deltan, Agenor Dallagnol, também passou a se envolver no universo fundiário. Agenor já é réu em um processo no qual o Incra pede a devolução de R$ 8 milhões, baseado em suspeita de que teria se beneficiado de corrupção dentro do órgão.

Disputa na Gleba Japuranã

A gleba é palco de uma disputa entre o Incra e esses proprietários desde os anos 90 e afeta diretamente a vida de 399 famílias que estão na área. Segundo o relatório do Instituto, deste total, 307 têm perfil para serem beneficiadas por um projeto de reforma agrária. Elas ocupam 97,5% do terreno, o que causa mais um problema: a falta de preservação das reservas legais.

No laudo, o Incra contesta não só o valor pago a cada um dos proprietários, mas outras diversas irregularidades como a divisão do imóvel em diversas propriedades – que propiciou a sobreposição de registros. E também irregularidades no pagamento de benfeitorias indenizáveis, isto é, as melhorias na infraestrutura do imóvel gerada pelos proprietários. Estas foram avaliadas em R$ 43,4 mil, o que corresponde a menos de 10% do total que estava sendo pago aos antigos proprietários. O caso ainda tramita na Justiça.

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3 Comentários

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  1. Na época da ditadura militar houve muita falcatrua com terra, terra ‘vendida’ por andar; havia cartório que pegava fogo de vez em quando para dar fim à papelada.

  2. Apesar do valor estratosférico,este seria o menor dos problemas gerados por essa gente de bem que se aninhou em Curitiba. O prejuízo causado ao país é incalculável tanto em valores monetários como no resultado disso na vida das pessoas. Daquelas que conseguem continuar a viver,óbvio.

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