Instituto que dá Bolsonaro reeleito no 1º turno já foi acusado de fraude

Clã Bolsonaro usa a pesquisa Brasmarket como vacina contra o Datafolha desta quinta-feira (15)

Às vésperas da divulgação do Datafolha, nesta quinta-feira (15), o senador Flávio Bolsonaro (PL) divulgou uma pesquisa presidencial feita pelo Instituto Brasmarket Inteligência em Pesquisa, a única onde Jair Bolsonaro (PL) aparece à frente de Lula (PT) e com chances de ser reeleito em primeiro turno. O instituto, no entanto, já foi acusado de fraudar pesquisas de opinião no passado.

Em 2000, a Brasmarket foi acusada por um prefeito de cobrar dinheiro para divulgar pesquisa que o mostrava como o “político mais popular da Grande Vitória”. O prefeito teria até comprado espaço de anúncio em jornais para acusar o instituto. A informação é da revista Veja, publicada em janeiro passado.

Ao lembrar do caso, Veja alertou aos leitores de que alguns institutos de pesquisas “trabalham ao gosto do freguês”.

Os dados da pesquisa presidencial

Feita por telefone e com uma metodologia diferenciada [leia mais abaixo], a Brasmarket presidencial – que não existiu em 2018, mas já está na sua terceira rodada em 2022 – aponta que Bolsonaro tem 43,5% de intenção de votos na pesquisa estimulada, contra 30,5% de Lula. Bolsonaro, portanto, teria votos válidos suficientes para ser reeleito no primeiro turno.

Veículos como O Antagonista, Jovem Pan, Correio Braziliense, MSN, entre outros, deram destaque à pesquisa Brasmarket.

Pesquisa Brasmarket divulgada em 15 de setembro de 2022

A pesquisa também foi disseminada em massa pelo bolsonarismo nas redes sociais, como uma vacina para mobilizar a militância contra os resultados de todos os demais institutos, que mostram Lula liderando a corrida presidencial.

O próprio Jair Bolsonaro, que há alguns dias mudou de discurso e admitiu que irá “passar a faixa” caso seja derrotado em 2 de outubro, agora começou a pregar a sua própria vitória no primeiro turno, e é com “60% dos votos”, disse Bolsonaro nesta quinta (15), durante viagem ao Rio Grande do Norte. 

15/09/22: Jair Bolsonaro diz que tem muito apoio popular e não há como ele não ser reeleito no 1º turno com 60% dos votos. Declaração ocorre no mesmo dia em que a pesquisa Brasmarket, contrariando outros institutos, dá vitória a Bolsonaro contra Lula já em 2 de outubro de 2022

O passado da Brasmarket

A Brasmarket tem sido utilizada pela família Bolsonaro ao menos desde o final de 2021.

A reportagem de Veja, divulgada em janeiro de 2022, revelou que ela é a “única pesquisa” em que os Bolsonaro acreditam.  

Pouco conhecida do grande público contemporâneo, a Brasmarket foi mais ativa nos anos 1980, segundo a CEO do instituto Ipec, Márcia Cavallari (ex-Ibope).

Anos mais tarde, foi vendida em franquias e o comprador de algumas delas, José Carlos Cademartori, passou a realizar as pesquisas que favorecem os Bolsonaro. À revista, ele negou vínculos políticos e avisou que faria estudos nas eleições de 2022 se encontrasse uma “fonte idônea” de financiamento. 

O GGN apurou que a mais recente pesquisa da Brasmarket, divulgada por Flávio Bolsonaro, custou R$ 50 mil e foi financiada pela Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ), cujo presidente é Fábio Queiróz.

Em junho de 2021, em nome da ASSERJ, Queiróz entregou em mãos a Jair Bolsonaro uma carta onde pedia para que os funcionários de supermercados fossem privilegiados na fila da vacinação contra a COVID-19. O encontro ocorreu durante almoço com diversos empresários, organizado pelo Movimento Rio Produtivo.

Metodologia diferenciada

Na pesquisa presidencial de 2022, feita por telefone, a Brasmarket superestimou, mais do que qualquer outro instituto que ganhou mídia com as pesquisas, a população de baixa renda entrevistada remotamente.

Mais de 80% dos entrevistados têm renda inferior até 2 salários mínimos, sendo que a faixa de 0-1 salário mínimo está na casa dos 60,1%. Datafolha, por exemplo, usou 51% de amostra cuja renda é de até dois salários mínimo. DataPoder, que também é feita por telefone, usa 46%.

Segundo a Veja, em 2006, o Tribunal Regional Eleitorado de Sergipe proibiu a divulgação de 3 pesquisas na eleição para governador, sendo duas delas feitas pela Brasmarket. O motivo foi que o instituto não teria informado claramente sua metodologia de pesquisa, os municípios pesquisados, sexo e faixa etária, o que fere a lei eleitoral.

Icaro Brum

8 Comentários

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  1. Quanto custa um golpe né? Toda vida existiu isso, mas em quase nada influenciava. Depois do mentirão, virou febre e ninguém mais sabe em quem confiar.

  2. Lógico, que deve acreditar no Instituto Brasmarket.
    Quem encomendou a pesquisa são empresários, e empresários não está ai para brincadeira.

  3. O importante é que a gadaiada está em festa. Dá gosto ver o entusiasmo. A vitória de bolsonaro, assim como o juízo final, é uma crença. Quem sabe acontecerá em grande glória. (que eu não veja!)

  4. É a primeira pesquisa Nacional desse instituto? Gostaria de saber para comparar com pesquisa de outras eleições presidenciais desse mesmo instituto de pesquisa. Eu nunca tinha ouvido falar.
    Eu achei de fato muito estranho.

  5. Partido Verde oliva + Milícia+ Fake News pesquisas tabajara + base radicalizada e armada + histórico de golpes – prevencao=%(?) Sucesso no golpe/revolução.

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