Mesmo sendo errado, Lava Jato discutiu comprar equipamento espião com ajuda de Moro

Nas conversas, procurador alerta que era errado solicitar que dinheiro de delação premiada fosse desviado para esta finalidade

Jornal GGN – A Lava Jato em Curitiba discutiu no Telegram comprar um equipamento espião de celular para a força-tarefa com ajuda de Sergio Moro. Parte dos recursos seria proveniente de acordos de delação premiada ou de leniência homologados pelo então juiz.

“A Paula já esta providenciando a compra do equipamento com o dinheiro liberado pelo Moro”, escreveu o procurador Januário Paludo em setembro de 2017.

Um procurador identificado como “Paulo” respondeu no chat que a equipe pensava em “comprar o Celebrite, que o Rio está usando e gostando, mas colocar essa compra direto num acordo de
colaboração vindouro.”

Januário Paludo disse que seria “juridicamente complicado” fazer o colaborador “doar” o equipamento no âmbito de seu acordo, embora a manobra fosse espelhada no procedimento adotado pela Lava Jato do Rio de Janeiro.

A equipe do Rio inseriu a “doação” de “dois kits com equipamentos e softwares para extração e análise de dados de celulares ao Ministério Público Federal e 1 (um) kit idêntico à Polícia Federal” no acordo do colaborador Enrico Vieira Machado, que foi penalizado em mais de R$ 2,6 milhões.

O procurador Athayde então explicou como o Rio de Janeiro conseguiu pactuar a aquisição. “Na homologação foi pedido a autorização para q o colaborador adquirisse o big data como parte do pagamento da multa, com base em preço definido
em ‘ata de registro de preços’ em vigor.”

“Pode ter dado certo, mas não está certo. hehe”, escreveu Januário. Ainda assim, o procurador decidiu dar encaminhamento. “Mas já que voces tem isso, vejam como eles [força-tarefa do Rio] licitaram. Pregão, ata, etc.”

A conversa aparece nas páginas 1 e 2 do arquivo que a defesa de Lula recebeu de um perito que está analisando as mensagens apreendidas pela Polícia Federal na Operação Spoofing.

conversas

 

Redação

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