O Brasil há 10 anos: Lula na TV GGN

Lula relembrou o que era o Brasil para o mundo e os esforços por elevar a diplomacia brasileira na lista de países estratégicos. Confira este e outros trechos da entrevista

Jornal GGN – O ex-presidente Lula relembrou o que era o Brasil para o mundo e os esforços por elevar a diplomacia brasileira na lista de países estratégicos para o desenvolvimento global; criticou a “falta de projeto” do atual governo de Jair Bolsonaro; defendeu que o pobre tem que estar no Orçamento; lembrou dos ataques da Operação Lava Jato e debateu outros temas, em entrevista especial concedida a Luis Nassif, na TV GGN, nesta sexta (26). Abaixo, confira alguns trechos:

O ex-presidente introduziu a entrevista prestando solidariedade à Luis Nassif e ao Jornal GGN, que enfrenta uma forte perseguição judicial nos últimos meses. “Expresso minha solidariedade à liberdade de imprensa e de expressão, que nós defendemos a vida inteira no nosso país”, disse Lula. “Também quero expressar minha solidariedade aos parentes de 251 mil pessoas que morreram pela Covid-19 e 1.582 pessoas que foram vítimas ontem. É lamentável o que está acontecendo”, completou.

Cenário internacional

Lula falou sobre suas práticas pacificadoras que fizeram o Brasil ser reconhecido no mundo. “O Brasil não poderia se contentar com o funcionamento da geopolítica internacional e não poderia continuar sendo tratado de forma secundária…”

“Era preciso transformar o Brasil em um protagonista internacional, que fosse reconhecido na América do Sul, respeitado na África, na União Europeia, Rússia e China e nós trabalhamos (…) Criamos instituições multilaterais com o intuito de transformar o Brasil em um país grande. (…) Quando nós lançamos o Fome Zero e depois o Bolsa Família, tivemos apoios de figuras políticas mundiais importantes. Essa gente passou a me apoiar e o Brasil foi referência”, lembrou.

“Eu tive o prazer de fazer um discurso nas ruas da Palestina e tive o prazer de, no mesmo dia, fazer um discurso no Parlamento em Israel, e ser respeitado. O Brasil passou a ser respeitado e nós começamos a fazer as coisas dentro do país, como a acabar com a pobreza.”

“Foi um momento de exaltação do povo brasileiro e tudo isso que aconteceu eu devo a paciência e a generosidade do povo que compreendeu o que estava acontecendo no país e que o Brasil poderia ser respeitado. (…) Nós conseguimos ter uma política que teve a compressão de muita gente (…) Nós éramos protagonistas, falávamos em nome de muitos países, em nome de um continente e isso acabou”, disparou.

O metalúrgico e o índio

Lula comentou sua proximidade com Evo Morales: “Deus tinha sido generoso quando permitiu que um metalúrgico se tornasse presidente e ainda mais generoso com a Bolívia quando permitiu que um índio concalheio fosse presidente. Tanto o metalúrgico quanto o índio deram certo.”

“O Evo Morales fez a maior política de inclusão social na Bolívia, fez com que as reservas internacionais da Bolívia fossem maiores que o PIB e as economias da Bolívia cresciam 5%. Era uma coisa extraordinária”, afirmou.

“América para os EUA, e o resto?”

Ao falar sobre os EUA, Lula destacou a resistência americana sobre uma posição autônoma do Brasil. “Pergunte algum momento da história em que os americanos fizeram uma política que resultou em benefício para o Brasil: nunca! Eles nunca quiseram que o Brasil tivesse hegemonia.”

“América para os americanos significa: América para os Estados Unidos. E o resto? Fica empobrecido, sem direito a voz e muitas coisas”, disse.

Lula ainda ressaltou que, no período George W. Bush, a relação entre Brasil e EUA era mais favorável e flexível do que no período Barack Obama, “porque os democratas têm um problema no comércio exterior de protecionismo e isso dificultou muito”.

“O que fica de lição do nosso período de governo é que a hora que Brasil tiver um presidente civilizado e um Ministério das Relações Exteriores inteligente teremos um espaço extraordinário no mundo para fazer política”, apontou Lula.

Pobre no Orçamento

Na sequência das críticas ao governo de Jair Bolsonaro, Lula afirmou que “esse governo não sabe o que fazer, porque ele não tem projeto”. “A única coisa que esse governo sabe fazer é vender. Estão vendendo a nossa soberania”, completou.

“Se quiser resolver o problema no Brasil, tem que colocar o pobre no orçamento. Enquanto isso não acontecer não tem política econômica que dê certo”, disse o ex-presidente.

Lava Jato: condenada a condená-lo

Ao tratar sobre a perseguição da Lava Jato contra sua figura e da família para romper sua moral e criminalizar a política, Lula enfatizou que, para a força-tarefa de Curitiba, “não era preciso de um criminoso para poder punir, mas de uma imprensa”.

“A minha angústia é que eu estou dizendo que Sérgio Moro é mentiroso desde a minha primeira audiência. Na minha primeira audiência eu disse: ‘você [Moro] está condenado a me condenar’, porque a mentira já foi longe demais.”

“Eu gostaria que a Suprema Corte pudesse ler a investigação contra mim. E se eu estiver errado, que me condenem, eu mereço ser punido como qualquer cidadão que cometeu algum ilícito nesse país, mas eu tenho consciência da minha inocência”, completou.

O ex-presidente lamentou que o “aparato para combater a corrupção” construído em seu governo foi usado contra ele depois. “O que eu não tinha em conta é que isso se tornaria uma manifestação ideológica partidária, anti progressismo e anti esquerda”, disse.

Lula também comentou sua proximidade com a social-democracia, os sacrifícios familiares em troca da política, a força do Judiciário para derrubar um governo, seu modelo de gestão ministerial e mais. Assista à íntegra da entrevista:

Redação

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