O Brasil não merecia tanto negacionismo, afirma Otto Alencar

Entre outros temas, senador do PSD da Bahia fala sobre o trabalho da CPI da Pandemia em entrevista exclusiva a Luis Nassif

Otto Alencar, médico e senador pelo PSD da Bahia. Foto: Senado Federal.

Jornal GGN – Os sete senadores de oposição e independentes que estão trabalhando na CPI da Covid-19 irão manter seu trabalho mesmo com as pressões vindas da máquina pública, afirma o senador baiano Otto Alencar, líder do PSD no Senado Federal.

“O Brasil não merecia tanto negacionismo”, afirma Alencar em conversa exclusiva com Luis Nassif ao Jornal GGN, ao comentar sobre o que as investigações já descobriram até o momento, mesmo com os obstáculos criados pelo governo. Recentemente, a comissão recebeu uma série de documentos do Ministério da Saúde, que já estão no cofre para análise.

“Estamos nos valendo da assessoria do Senado Federal e do Tribunal de Contas da União. Temos, inclusive, o apoio já solicitado da Polícia Federal para olhar esses fatos todos que aconteceram”, explica Alencar. “Mas esses documentos já mostram tranquilamente que, dentro da administração no período (Eduardo) Pazuello, aconteceram coisas que certamente serão publicadas, e a imprensa e o país vão tomar conhecimento, de fatos completamente desnecessários para o enfrentamento de uma pandemia”.

Dentre os planos citados por Alencar, está a compra de Tamiflu (medicamento usado contra a gripe H1N1) por preço superfaturado. “Nós temos a vacina (contra H1N1), não precisa comprar (Tamiflu). Comprou e, pelo o que nós levantamos, por uma estimativa de preço mais alta que o mercado”. A compra excessiva de hidroxicloroquina, e não da vacina, também está em pauta.

“São sete senadores de oposição e independentes, como é o meu caso, que estamos enfrentando uma estrutura montada pelo presidente da República, e pressionando todos nós”, explica o senador. “Nós não vamos de maneira nenhuma recuar disso. Vamos continuar trabalhando, fazendo o nosso papel, mas é uma pressão muito grande da estrutura de governo, de ministérios – inclusive da própria CGU, do gabinete do ódio que é montado e comandado inclusive pelo filho do presidente da República, o Carlos Bolsonaro, que a toda hora está na rede social”.

Fake News e Gabinete Paralelo

De acordo com Alencar, a estrutura do poder federal montou “uma corporação de mentirosos para fake news, mas é muita fake news, de todas as formas que você possa imaginar. Eles fazem e colocam na conta dos que estão querendo investigar com isenção e imparcialidade. A pressão é muito grande”.

O senador também comentou os depoimentos ouvidos pela comissão nos últimos dias. “A própria doutora Luana Araújo falou a verdade – ao contrário do que aconteceu com a doutora Mayra Pinheiro, que não falou a verdade e assumiu a responsabilidade para livrar a pele do presidente – o Pazuello também não falou a verdade, mentiu também, omitiu e mentiu. E também, no depoimento da doutora Nise Yamaguchi, ela não respondia absolutamente nada”.

Segundo Alencar, eles querem dizer que não fizeram nada com essa estrutura negacionista. Mas fizeram. “Está muito claro que não queriam a vacina, existem 14 vídeos do presidente da república dizendo que não vai comprar a vacina. Inclusive, em uma delas, (Jair Bolsonaro) manda a interlocutora comprar a vacina na casa da mãe. Isso é muito grave, muito difícil de você assimilar uma coisa dessas”.

Otto Alencar ressalta que o gabinete paralelo foi o maior crime cometido. “Ele apostou na imunidade de rebanho, como fazer e ter condição de ter imunidade de rebanho em um país com 215 milhões de brasileiros?”, questiona o senador.

“O que eles fizeram: 95% dos casos de covid-19 são assintomáticos, leves ou moderados, 5% o curso é grave. Desses 5%, a depender do atendimento, pode vir a óbito 2 a 3%. Eles disseram não, vamos dar hidroxicloroquina porque a maioria fica boa até com água, vamos dizer que foi com hidroxicloroquina e deixa morrer o que puder morrer. Estamos perto de 500 mil óbitos, e em uma situação grave porque toda estrutura montada de atendimento na saúde, que a gente chama de capacidade instalada, está praticamente quase toda ela pra atender covid”.

O senador, que é médico formado pela Universidade Federal da Bahia, com pós-graduação em medicina do trabalho e saúde ocupacional pela UFBA e especialização em prótese do quadril pelo Hospital das Clínicas em São Paulo, cita ainda a falta de cobertura para outros casos, à luz dos trabalhos com covid-19. “E os outros casos? Doenças do coração, fígado, doenças infectocontagiosas, casos cirúrgicos, de traumatologia, de fraturas, traumatismo de crânio? Tudo isso fica em uma situação de pouco atendimento”.

Alencar cita ainda a questão do atraso de vacinas para outras doenças que são evitadas ou são redutíveis com tal imunização – “hepatite B, que está atrasada, as viroses da infância (sarampo, varíola), não está se vacinando”, alerta. “Ou seja, não se resolveu o problema da covid-19 com vacina, ficou com essa história do atendimento depois do comprometimento da saúde do paciente nos hospitais na UTI, e as outras doenças vão ter expansão. Pode ter certeza absoluta”.

Confira abaixo a íntegra da entrevista que o senador Otto Alencar concedeu ao jornalista Luis Nassif

Redação

1 Comentário

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  1. A direita traidora golpista prendeu (Lula) 100% inocente p/ganhar as eleições em 2018 mas “mascara” caiu. (Lula) das esquerdas a esperança do povo brasileiro viva as esquerdas e Lula presidente para termos a volta de gestões-públicas-privadas para todo povo brasileiro é Lula.

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