Os algoritmos usados pelas fake news na análise de Magaly Prado

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Novo livro da jornalista e pesquisadora aponta estratégia usada para disseminar mensagens falsas em redes sociais

Pixabay

O funcionamento dos algoritmos usados para a disseminação das fake news é semelhante ao que as agências de propaganda sempre fizeram, segundo análise da jornalista e pesquisadora Magaly Prado.

Doutora em comunicação e semiótica, Magaly é autora do livro “Fake News e Inteligência Artificial: o Poder dos Algoritmos na Guerra da Desinformação” (Edições 70), onde explica o funcionamento de tais mecanismos.

Em entrevista exclusiva à TV GGN 20 horas, Magaly explica que tanto os perfis nas redes como nos grupos de mensagens são avaliados para se realizar uma abordagem no âmbito político.

“Vamos pensar no grosso das redes – Twitter, TikTok, Instagram, Facebook. Eles fazem uma análise desse perfil, coisa que a propaganda sempre fez – ver quem é, qual é a faixa etária, se tem instrução, se não tem instrução”, diz Magaly.

O segundo passo é colocar esses perfis em bolhas. “Por exemplo: quem é indeciso – normalmente os mais vulneráveis, aqueles que não têm informação precisa, aqueles que são até menos inteligentes, que não estão atrás de uma informação precisa, aqueles que não têm”.

Um ponto importante ressaltado por Magaly neste caso é a invisibilidade da informação dentro do guarda-chuva da desinformação – “é uma das características, que também é não informar a verdade”.

Estudo de perfil para direcionamento de discurso

Para definir o direcionamento do discurso, é feito um estudo do perfil para apurar quais são as crenças dessas pessoas.

“Vamos supor: se a pessoa está indecisa, eles vão estudar aquele perfil e vão ver quais são as crenças dessas pessoas, o que elas reclamam, onde elas estão descontentes, chateadas, e aí eles vão bolar o discurso deles para incutir e direcionar para determinados grupos, que seriam os clusters”.

A próxima fase é o envio do material para esse público. “Hoje em dia é uma superindústria da desinformação, as pessoas são remuneradas e tudo mais”.

“Eles vão enviar (conteúdo) para tentar modular o pensamento dessas pessoas e consequentemente modular o comportamento delas”, pontua Magaly. “Então, elas acabam – no caso de uma campanha de propaganda política, seria para votar no candidato X ou Y”.

“Você separa, faz análise, raspa os dados, tem os dados dos amigos também, e hoje em dia a gente sabe que é muito mais fácil, pois as pessoas dão os dados, fornecem os dados muito mais do que antigamente”, ressalta a pesquisadora.

Pesquisa feita no longo prazo

Segundo Magaly, sua pesquisa teve início em 2017, logo após a questão das eleições norte-americanas e Donald Trump, além da movimentação em torno do Brexit.

“Lógico que a gente sabe que as fake news sempre existiram, lógico que com outra escala, outro alcance, hoje com a internet a gente tem um volume muito maior”, diz a jornalista.

“A gente tem uma disseminação muito mais rápida, muito veloz e não dá para comparar com este tipo de informação – não é nem informação, é a mensagem falsa”, pontua Magaly Prado.

“Não gosto de chamar de notícia porque a gente, como jornalista, sabe que não combina se é fake não é news, notícia tem apuração, tem ética por trás, tem toda a checagem e também não é a informação, porque informação informa”.

Veja mais sobre o assunto na íntegra da TV GGN 20 horas

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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