Relato de sexo sem consentimento não foi apologia ao estupro, decide Ministério Público

Jornal GGN – O Ministério Público decidiu arquivar uma representação do deputado federal Jean Wyllys (PSOL) contra o ator Alexandre Frota. O artista usou um programa de televisão para relatar um episódio em que teria forçado uma relação sexual com uma “mãe de santo”, fazendo uso de sua “fama” como ator da Globo. No episódio, ele diz que abordou diretamente a mulher sobre sua vontade de penetrá-la e ela, segundo Frota, não consentiu verbalmente.

As falas de Frota revoltaram as redes sociais à época. O relato levantou debates sobre estupro. Mas ao analisar o pedido de Wyllys, o MP entendeu que não era o caso de apologia, apenas Frota narrando um caso de sua vida.

Do Conjur

Por entender que não houve apologia ao crime de estupro, o Ministério Público decidiu arquivar o procedimento aberto a pedido do deputado Jean Willys (Psol-RJ) contra o ator Alexandre Frota.

Segundo o parlamentar, a apologia teria acontecido durante uma entrevista de Frota ao humorista Rafinha Bastos, no programa Agora É Tarde, exibido pela rede Bandeirantes. A entrevista foi ao ar pela primeira vez em maio de 2014 e foi reprisada em fevereiro de 2015.

Durante o programa, Frota contou que um dia fez sexo com uma mãe de santo durante uma consulta e a fez desmaiar. Diante do relato, o deputado Jean Willys pediu que o ator fosse investigado por uma suposta apologia ao estupro.

Ao analisar o pedido, o Ministério Público classificou a atitude de Frota como reprovável, mas concluiu que não houve apologia ao crime. “Não se vislumbra o dolo de ‘fazer apologia’, no sentido de elogiar, louvar, enaltecer, exaltar um fato criminoso ou autor de crime. No caso dos autos, Alexandre não teve o ânimo de exaltar a sua conduta (reprovável), mas apenas narrar um episódio de sua vida”, diz o documento assinado pelo promotor de Justiça Paulo Sérgio de Castilho.

Para o promotor, admitir essa fato como crime de apologia poderia configurar cerceamento à liberdade de expressão. O promotor comparou o caso à decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF 187, que considerou constitucional as chamadas “marchas da maconha”, que para alguns seria uma hipótese de apologia ao crime.

A defesa do ator foi feita pelo advogado Paulo Iasz de Morais. Para ele, a manifestação do Ministério Público “afasta acusação injusta e infundada” contra Frota, e “preserva o princípio constitucional da liberdade de expressão”.

Veja o depoimento de Frota que motivou a representação (a partir dos 10 minutos):

https://www.youtube.com/watch?v=peQg34md27w width:700 height:394

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

View Comments

  • Não entendi porque tentar
    Não entendi porque tentar enquadrar como apologia e não como confissão de crime de estupro.

  • Apenas um caso na vida de Alexandre Frota...

    "o MP entendeu que não era o caso de apologia, apenas Frota narrando um caso de sua vida."

    Um caso de estupro! Oras!!

    Se no lugar da "mãe de santo" estivesse a mãe, ou a esposa, ou a filha do FDP que julgou a favor de Frota, a decisão seria bem diferente.

    FACÍNORAS!!!

     

    • engraçado...

      antes eu tinha colocado algo muito parecido e me pediram mais informações a meu respeito

      ............e se no lugar da mãe de santo estivesse uma freira..................

      nessa horas é que muito me estranho, não sem liberdade de expressão, mas sim de pensamento

  • cada hora decidem de um jeito...

    o que me leva a crer que justiça que depende da cabeça de cada um, e de influências, nunca será Justiça

    • psicologicamente, verdadeiros Apolos...

      para uns casos sim e para outros não

      ou muito me engano, ou sei casos em que defender a liberação das drogas foi considerado como apologia ao crime de tráfico

      tráfico é tudo; que tipo de vítima; que tipo de usuário; que tipo de uso; se do lar, mãe de santo ou freira

      • o sistem que implantaram em nome dos interesses da sociedade...

        é o mais fedorento monte de merda que um país já acumulou às nossas custas

  • Educação

    O  importante "especialista em educação" do atual governo não poderia ser punido. Como ficaria a escola "sem partido"? Imbuído de sua responsabilidade "republicana" o Ministério Público não poderia ter tomado outra decisão . . .

Recent Posts

Durante visita de Lula, Embraer anuncia investimentos de R$ 2 bilhões

Em São José dos Campos, Lula acompanhou a entrega de um jato comercial modelo 195-E2,…

1 hora ago

Fux pede vista e interrompe julgamento da desoneração da folha

Cinco ministros votaram a favor da manutenção da derrubada da medida. Com o pedido de…

1 hora ago

Dia Nacional da Empregada Doméstica, por Solange Peirão

Lenira Maria de Carvalho (1932-2021) é esta doméstica que permaneceu na profissão por mais de…

2 horas ago

Trump considera sanções contra países que deixem de usar dólar

Taxação cambial, tarifas e restrição a exportações estão entre punições avaliadas pela equipe do candidato…

14 horas ago

Governo federal confirma continuidade da homologação de terras indígenas

Força-tarefa composta por ministérios, Funai, AGU e Incra busca acelerar processo; quatro processos devem ser…

15 horas ago

A conexão Nuland–Budanov–Tadjique–Crocus, por Pepe Escobar

A população russa deu ao Kremlin carta branca total para exercer a punição máxima e…

15 horas ago