Salles quer US$ 1 bilhão de ajuda internacional para reduzir desmatamento da floresta amazônica

As declarações de Salles foram feitas em entrevista à agência AFP, depois que os Estados Unidos pediram ao Brasil uma "ação imediata" para alcançar "resultados concretos" contra o desmatamento ilegal

Foto: José Cruz/Agência Brasil

da RFI

O ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse na sexta-feira (16) que se o Brasil receber US$ 1 bilhão de ajuda da comunidade internacional, o país poderá reduzir o desmatamento ilegal da floresta amazônica em até 40%.PUBLICIDADE

“Se tivéssemos esse recurso de US$ 1 bilhão (…) a partir de maio e por um período de 12 meses, seria possível se engajar em uma redução de 30% à 40% do desmatamento”, afirmou o ministro brasileiro do Meio Ambiente. Segundo ele, o montante serviria para reforçar a vigilância contra a destruição da floresta e, paralelamente, criar uma “alternativa econômica” para as 25 milhões de pessoas que vivem no local.

As declarações de Salles foram feitas em entrevista à agência AFP, depois que os Estados Unidos pediram ao Brasil uma “ação imediata” para alcançar “resultados concretos” contra o desmatamento ilegal. O apelo ocorreu em resposta à uma carta de sete páginas que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, enviou ao presidente americano, Joe Biden, na quinta-feira (15) pedindo recursos para erradicar o problema até 2030 – engajamento do Brasil previsto no Acordo de Paris sobre o Clima, assinado em 2015. 

Bolsonaro precisou que o objetivo só pode ser alcançado com recursos importantes e que ele espera contar “com todo o apoio possível” da comunidade internacional, empresas e a sociedade.

Os Estados Unidos, que organizam uma cúpula virtual sobre o clima nos próximos 22 e 23 de abril, com a participação de cerca de 40 países, entre eles o Brasil, saudaram a iniciativa do presidente brasileiro. 

“O fato de o presidente Bolsonaro ter confirmado o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal é importante”, disse o enviado especial de Joe Biden para a diplomacia climática, John Kerry. “Esperamos medidas imediatas e um diálogo com as populações indígenas e a sociedade civil para fazer com que esse anúncio se traduza em resultados concretos”, insistiu o representante de Washington, em uma postagem nas redes sociais.

President @jairbolsonaro’s recommitment to eliminating illegal deforestation is important. We look forward to immediate actions and engagement with indigenous populations and civil society so this announcement can deliver tangible results.— Special Presidential Envoy John Kerry (@ClimateEnvoy) April 16, 2021

“Mentira”, diz cacique Raoni

O cacique Raoni, internacionalmente conhecido por sua luta em defesa da preservação da Amazônia, chegou a reagir publicamente à carta de Brasília pediu ao presidente dos Estados Unidos para ignorar a promessa de Bolsonaro.

“Ele tem dito muitas mentiras”, disse o líder indígena no vídeo divulgado pelo Instituto Raoni nesta sexta-feira (16). “Se este presidente ruim falar alguma coisa para o senhor, ignore-o (…). Ele [Bolsonaro] está querendo liberar o desmatamento nas nossas florestas, incentivando invasões nas nossas terras”, acrescentou.

A política ambiental do governo Bolsonaro é frequentemente criticada pelos ecologistas, mas também por vários líderes internacionais. O Brasil já foi alvo de medidas de retaliação no exterior, na tentativa de chamar a atenção para a situação na Amazônia. 

Destruição da Amazônia aumentou 9,5%

Desde a chegada do líder da extrema direita brasileira ao poder, o desmatamento e as queimadas no norte do país atingiram níveis preocupantes. Entre agosto de 2019 e julho de 2020, a destruição da floresta amazônica aumentou 9,5% em relação aos 12 meses antecedentes.

Do lado dos líderes mundiais, o presidente francês, Emmanuel Macron, criticou abertamente a posição do governo Bolsonaro sobre a preservação do meio ambiente. Em setembro passado, antes de ser eleito, Biden também cogitou a imposição de sanções econômicas contra o Brasil se não houvesse uma desaceleração do desmatamento.  

Muito mais próximo dos ex-presidente norte-americano Donald Trump que do atual governo democrata dos Estados Unidos, Bolsonaro já indicou que pretende participar da cúpula virtual sobre o clima organizada por Biden na semana que vem. Salles garante que “o Brasil vai obter resultados” na luta contra o desmatamento da Amazônia. 

(Com informações da AFP

Redação

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