
Jornal GGN – Após ter sido chamada de “descontrolada” pelo ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner do Rosário, a senadora Simone Tebet (MDB), representante da bancada feminina na CPI da Covid, disse que o Senado “se engrandeceu” em sua resposta enérgica ao ataque machista. A sessão foi suspensa e inúmeros senadores manifestaram solidariedade à representante do estado de Mato Grosso. “O Senado se engrandeceu. Todos os senadores que estavam aqui fizeram defesa da mulher brasileira. Aqui se respeita a todos de maneira igual. A classe política é tão criminalizada por setores da sociedade que é importante reconhecer. Foi espontâneo e coletivo”, disse Tebet.
Na visão da senadora, o episódio tem “caráter educativo”. “Quando a mulher se insurgiu contra o fato de que, para trabalhar, ela precisava de autorização do marido, e para casar, de autorização do pai, ela passou a ser taxada de histérica, louca e descontrolada. Essa palavra ainda está no inconsciente de quem acha que mulheres são inferiores. Jamais digam que quando as mulheres elevam sua voz, ela é histérica e descontrolada. Não: ela exerce seu papel com firmeza e com o dever de representar outras mulheres.”
Presidente da CPI, o senador Omar Aziz lamentou que poucos senadores da base do governo Bolsonaro tenha tentando minimizar o caso ou tratado a reação dos demais colegas contra o machismo como “um circo”. “infelizmente não foi unanimidade a defesa das mulheres.”
A senadora Eliziane Gama também agradeceu à postura dos senadores homens que saíram em defesa de Tebet. “Chamar mulher de descontrolada, histérica, usar a palavra ‘calma’, é uma fala misógina, machista e inaceitável. O ataque a ela [Tebet] foi um ataque a mais de 50% da população brasileira e a outras 12 senadoras. Mas não é uma palavra que vai nos fazer calar e recuar. Estamos participando ativamente da CPI.”
O senador Randolfe Rodrigues acrescentou que a conduta do ministro do CGU reflete muito do caráter machista do governo Bolsonaro. “O que o machista não aceita é uma mulher diante dele o questionado. É um traço da sociedade reproduzido pelo presidente da República, seus ministros e filhos. Hoje pela manhã, um deles [Eduardo Bolsonaro] reiterou o ataque à senadora Simone. Reiterou o machismo. Ao invés de dar apoio às políticas afirmativas, a gente vê desrespeito do governo. Ontem tinha um Bolsonaro na ONU e um bolsonarinho aqui. A falta de educação, a vergonha que passamos na seara internacional, o machismo, tudo foi reproduzido aqui [na CPI, por Rosário].”
Em suas redes sociais, Eduardo Bolsonaro chamou Tebet de “Maria Rosário do Senado”, em alusão aos ataques que a deputada federal do PT sofria por parte de Jair Bolsonaro na Câmara.
Leia também: Ministro do CGU apela, diz que Tebet é descontrolada e Otto Alencar rebate o chamando de moleque
RECOMENDADO:
ASSISTA TAMBÉM:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Já imaginou se ele retruca com a ‘sublime’ citação do $érgio Reis:
“Não tenho medo de ser preso. Não sou frouxo. Não sou mulher”?
A Tebet está pagando o machismo com que tratou Dilma no golpe.