Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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Tenentismo e Procuradorismo e o Partido do Estado, por Aldo Fornazieri

Tenentismo e Procuradorismo e o Partido do Estado

por Aldo Fornazieri

Continuando um artigo anterior (A Lava Jato e a rebelião do procuradorismo), é certo dizer que as rebeliões tenentistas da década de 1920 – Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (1922), Revolução de 1924, Coluna de Manaus e Coluna Prestes – eram sintomas de uma crise maior: a crise das oligarquias, a crise da República Velha. O desfecho daquela crise foi a Revolução de 1930 e o fim da política do Café com Leite.

De início, os tenentes lutaram pela dignidade e pela honra das Forças Armadas, ofendidas pelos políticos. Logo depois, dirigiram-se contra o governo central e contra governos locais, particularmente contra o governo de São Paulo. A vitória de Arthur Bernardes em 1922, por fraude eleitoral, derrotando Nilo Peçanha, apoiado pelos militares, amplia o descontentamento e faz eclodir a rebelião do Forte. Derrotados neste episódio, logo depois, os tenentes passam a falar em nome de “interesses nacionais”. Viam a República Velha dominada por oligarquias, desmoralizada pelas fraudes eleitorais, tomada pela corrupção administrativa e o povo explorado e abandonado à sua própria sorte.

O tenentismo foi audacioso na ação e moderado na demanda. Os pontos programáticos que emergem dos seus manifestos, declarações de líderes e compilações de estudiosos podem ser situados em dois vértices: 1) Plano político: Moralização e republicanização da República, justiça eleitoral, fim das oligarquias e voto secreto; 2) Plano econômico e social: legislação trabalhista e social, educação obrigatória, política industrial nacional e defesa dos interesses nacionais. A corrupção administrativa, a fraude eleitoral, a liberdade de impressa, a limitação do poder Executivo, autonomia e ampliação do Poder Judiciário e o fim do sistema político vigente eram pontos centrais, mobilizadores dos pronunciamentos armados.

Como notam Hélio Jaguaribe e Francisco Iglesias, a década de 1920 vai representar também o aparecimento da luta ideológica. No nível do Estado a política continua personalista, corrupta e fisiológica, mas passa a ser confrontada por pensamentos e ideias ideológicos que emergem de grupos sociais ou se desenvolvem no próprio Estado, como é o caso dos tenentes e de outros setores. De qualquer forma, o tenentismo irá produzir consequências políticas importantes em três momentos posteriores: na Revolução de 1930, aliando-se a Vargas e à Aliança Liberal; à deposição de Vargas em 1945; e, finalmente, o Golpe Militar de 1964  fermentou em ideias tenentistas.

As razões do procuradorismo

O procuradorismo surge num contexto bastante diverso daquele do tenentismo. Se lá o regime oligárquico era ignominioso contra o povo e a situação social era deplorável, o procuradorismo se apresenta exatamente após um caso bem sucedido de inclusão social, recuperação e distribuição de renda e redução da pobreza, que se expressou nos dois mandatos de Lula e no primeiro mandato de Dilma. Mas ele surge também no exato momento em que o modelo petista apresenta fortes sinais de esgotamento e começa a sofrer contestação nas ruas, cujo momento nascente é 2013.

Então, quais seriam as razões do procuradorismo? Ao contrário do tenentismo, os problemas sociais, a questão da dominação das elites, a questão nacional e os rumos estratégicos do país não motivam a rebelião dos procuradores, juízes e policiais federais.  O procuradorismo é motivado pela ideologia moralizante de coloração conservadora, típica das classes médias, e por razões políticas relacionadas a forma corrupta generalizada de financiamento das campanhas de quase todos os partidos, pelo alto custo do presidencialismo de coalizão (mensalões etc.), pela mercantillização do Congresso Nacional que se vende a empreiteiras e a outros setores para aprovar leis que beneficiam grupos privados. Parlamentares compram mandados nas eleições via financiadores e vendem leis e favores aos seus benfeitores.

O procuradorismo se forjou em várias operações de combate à corrupção política e administrativa, destacando-se o escândalo do Banestado, a operação Satiagraha, a operação Castelo de Areia, os Mensalões tucano, petista e do DEM e, finalmente, a Lava Jato. O que se viu nessas operações foi o enorme tamanho da corrupção, articulada em quatro tempos: a) partidos financiados ilegalmente por empresas, particularmente empreiteiras; b) concessão de benefícios lesivos aos interesse público a empreiteiras e outras empresas; c) distribuição de propinas, não só para campanhas, mas para manter o apoio de parlamentares e partidos a governos de plantão; d) compra de leis no Congresso para beneficiar empresas privadas, numa prática de inominável violência contra a soberania popular e a representação política. Financiamento de campanhas, compra de apoios e enriquecimento pessoal foram se misturando de forma explosiva.

A disfuncionalidade do sistema político e partidário, o alto custo da democracia e a imoralidade sistêmica desenvolveram a percepção individual e coletiva entre procuradores, juízes e policiais federais de que era preciso reagir ao estado de coisas vigente. O desinteresse e a apatia do Congresso em promover  reformas do sistema político estimularam o ativismo político do Judiciário de forma acentuada.

 Na medida em que a luta política foi se tornando cada vez mais também uma luta pelo controle de um imenso estoque de propinas, esquemas de corrupção e disponibilidade de cargos, recursos e verbas, o embate foi se afunilando cada vez mais entre dois campos,  liderados pelo PT e pelo PSDB. No meio de ambos, uma massa crescente de partidos, desfibrados de ideologias e programas, dispostos a servir a um e a outro campo, conforme o pagamento.

A polarização política, somada ao não interesse de  reformar o sistema, potencializou a judicialização da política. Desde os governos FHC, passando pelos governos petistas, viu-se o STF e o Judiciário em geral crescentemente demandados pelos partidos, pela sociedade civil e por instâncias governamentais para resolver conflitos. Com isso, o STF passou a ter um papel legisferante aumentado e, num jogo de omissões e intervenções, passou a integrar a rebelião dos procuradores. A forma como foi julgado o mensalão petista, as várias disciplinações eleitorais, a proibição do financiamento privado de campanhas, etc., foram ações que se colocaram em linha com a ideia dos procuradores de forçar uma mudança do sistema.

O Partido do Estado

O esfacelamento do sistema político-partidário adicionado à crise econômica criaram aquilo que Gramsci chamava de crise de interregno: as elites não conseguem mais governar e as forças da mudança não têm organização e capacidade para imprimir uma alternativa e promover as transformações. Diante desse impasse, agravado pela crise moral, pelas investigações da Lava Jato e pelas mobilizações das ruas, surgiu aquilo que podemos chamar do Partido do Estado. Esse Partido, composto por procuradores, juízes e policiais federais, orienta-se por uma forte ação moralizadora e quer salvaguardar o Estado como o mediador universal dos conflitos. Quer purgar o Estado dos males da corrupção, vista não só como causa da ineficiência pública, mas também como desorganizadora da economia. A ideologia moralizante pode ser percebida nos despachos e entrevistas de Moro, nas declarações de procuradores, juízes e federais.

A rigor, é possível dizer que, em tese, nas crises de interregno, é forte a tendência de aparecimento de Partidos do Estado. Eles surgem para dar uma solução de continuidade às crises políticas. Os golpes militares são golpes de Partido do Estado que reage contra as disfuncinalidades do sistema político colapsado. O Partido do Estado volta suas ações contra quem detém o poder central. Tendo em vista que, hoje, o Partido do Estado não é fundamentalmente fardado, ele usa outros expedientes, legais e excepcionais, para se impor. No passado recente a sua forma visível era a farda. Hoje é a toga. Pode ser uma combinação de ambas.

Num primeiro momento o Partido do Estado se voltou contra o governo do PT e colaborou para a promoção do golpe. O PT havia ajudado a promover a dissolução das ideologias em crise. No governo, o PT tornou-se uma espécie de partido da conciliação geral, onde quase todos os demais partidos cabiam. Aqueles que não cabiam – o PSDB e seus aliados – não cabiam por motivos ideológicos, mas pela  razão e relação amigo/inimigo. O PSDB se move pela mesma lógica. A dissolução ideológica retirou as trancas e os ferrolhos morais do PT e, como bem percebeu o próprio Lula, o partido se tornou igual aos demais.

O Partido do Estado agora volta-se contra o PMDB. Os aliados de ontem são os inimigos de hoje. O procuradorismo quer afastar os corruptos do governo. O governo peemedebista, secundado pelo PSDB, quer acabar com a Lava Jato. Se as investigações não forem paralisadas, o PSDB e outros partidos também passarão a ser alvos da fúria moralizante.

O procuradorismo, expressão do Partido do Estado, é uma espécie de bonapartismo sem um Luis Napoleão Bonaparte no comando de um governo. Sergio Moro e Deltan Dallagnol são de  Bonapartes simbólicos. Chegam diretamente às massas através das mídias. As classes médias, em particular e os manifestantes nas ruas outorgaram-lhe o título de imperadores da cruzada moral. A questão a saber é a seguinte: tal como o tenentismo, o procuradorismo se ligará à atividade político-partidária? Esta crise, é preciso frisar, não é de curta duração, pois é um sistema todo que precisa ser reformado. A rebelião do procuradorismo  produziu  e produzirá muitos efeitos políticos. Se a crise continuar a destroçar partidos e lideranças, representantes do Partido do Estado se verão na contingência de se transformarem em alternativa política.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política.

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

29 Comentários

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  1. FALTOU ao Mestre

    deixar CLARO o evidente e GROSSEIRO PARTIDARISMO do sr Moro, que está sempre a reboque em eventos do seu partido PSDB e congeneres.

    E como isto faz A diferença, né?

  2. Fornazieri catando nobres razões no “procuradorismo lavajateiro”

    Fornazieri catando nobres razões no “procuradorismo lavajateiro”

    Toda uma tese montada para tentar apontar nobres razões no “procuradorismo” (?) corrupto dos fura-teto. Toda uma tese construída sem citar a REDE GLOBO, INIMIGA DO BRASIL E DO POVO BRASILEIRO, que é a fundação corrupta desse procuradorismo de merda, anti-povo e anti-nação. Fantástico..

    Corrupção na Petrobras: 6 bilhões (vá lá) em 8 anos, R$ 750 milhões por ano.

    Liminar de Luiz Fux, do Partido do Estado “moralizador de Fornazieri”: R$ 863 milhões por ano só de auxílio-moradia para os membros do “procuradorismo moralizador”. Qua qua qua. Ficar por aqui mesmo, já é o bastante.

    Conta outra, Fornazieri.

    1. Conjunção de fatores

      Um coisa não exclui a outra. 

      O golpe veio de uma conjunção de fatores. Várias forças políticas confluiram seus interesses para tirar o PT do poder, golpeando a democracia. Não houve uma reunião entre todos os golpistas, só entre alguns como, por exemplo, Globo e Cunha.

      Bem por este estado de coisas é que agora, afastado o PT, começam estas forças a brigar entre si. Cunha vai para a cadeia e Cabrais são jogados ao mar, salários além do teto são revelados e por aí vai, ou melhor, vamos, todos, em diração ao brejo.

       

  3. Raio X completo
    Diria que esse texto do professor Aldo é quase brilhante, se não fosse pela ausência do fator essencial que estar por trás desse imbróglio todo, ou seja, o movimento das peças no XADREZ político/econômico mundial.

    Faltou mencionar que o “Tio Sam” tem fome e o nosso país não o servia como de costume e por isso, Ele resolveu dar “às cartas” e montou a estratégia de retomada do “campo”, via o atual “modus operandi” de sempre, só que com um detalhe diferente: A TOGA.

    Então professor, qual o motivo da ausência, nesse texto quase brilhante, do fator X (Tio Sam) no contexto atual da nossa crise ?

    1. O motivo da ausência

      Eu respondo pelo AF: ele não citou o fator Tio Sam no contexto atual da nossa crise porque tal fator não existe.

      Vocês ficaram traumatizados com o golpe de 1964 e insistem em rever o cenário daquela época no presente, como um pesadelo que se repete. Mas no contexto do mundo globalizado pós-guerra fria, não há mais o mínimo motivo para EUA influir nos rumos de nossa política interna.

      O trauma paralisa o tempo e faz você viver no passado.

  4. Artigo fraco, como tem sido a regra

    Prezados,

    Para não fugir à regra, AF escreve mais um artigo fraco, pseudo-histórico, com uma pseudo-ciência social e política, usadas como falso verniz. O articulista sequer menciona que o golpe tem seu alto comando no exterior, nos EUA especificamente. O articulista foi incapaz de articular idéias com base nos fatos já comprovados, que são as espionagens da NSA, da CIA, do FBI, da ilegal cooperação dos integrantes da Fraudea Jato com o DOJ dos EUA etc. O ataque à Petrobrás, que está sendo fatiada e privatizada, a revogação da lei de exploração do Pré-Sal, o ataque ao programa nuclear brasileiro (com a prisão do almirante Othon),  a paralisação da construção do submarino nuclear, a venda da Mectron aos israelenses, o ataque sistemático às empresa de engenharia brasileiras (essa que eram competitivas no exterior), nada disso parece fazer parte do objeto de estudo desse “cientista” social e político. E o desmonte do Estado Brasileiro? AF sequer menciona isso

    AF se perde numa análise retrospectiva da república bananeira e mergulha nas intrigas, disputas e corrupções nas esferas de poder tupiniquins, como se interesses do império não fossem os verdadeiros controladores do golpe em curso no Brasil. Mais um artigo  fraco da lavra de AF.

  5. É mesmo? E o não vem ao caso

    É mesmo? E o não vem ao caso com relação ao PSDB. E a campanha dos policiais federais em favor do Aécio? E os vazamentos seletivos para derrubar o governo Dilma? Sem essa de partido do estado. O que existe é um bando de procuradores mal formados, partidários e que se movem sem qualquer ética e respeito pela Justiça. E o pior, sem qualquer respeito pelo país que lhes emprega. São deslumbrados e despreparados. Esse Deltan Dallagnol é uma afronta ao Estado com seu fanatismo religioso. O Careca esteve envolvido com a submersão da Castelo de Areia. Havia grandeza no tenentismo, nesse “procuradismo”  há apenas ruptura institucional, clara ligação com interesses americanos e subversão de valores democráticos.

    O ativismo político do Judiciário brasileiro não tem interesse e nunca terá em combater a corrupção. São títeres de mais um movimento autoritário em que o Brasil e seu povo não são sequer considerados. O interesse dos americanos em destruir um pais lider  no Sul da América vem em primeiro plano, depois vem o interesse da plutocracia e das corporações financeiras. O tiro na Petrobrás, empresa que alavancava a economia nacional foi certeiro. Não são moralistas de classe média, são traidores da pátria que simpatizam com o Psdb, partido político que tem a mesma ideologia de desrespeito ao país e seu povo. Os tenentes lutavam por mais educação, esses aí contribuiram para a Pec 241 que vai congelar os gastos em educação durante 20 anos, professor.

     

     

  6. “Se as investigações não

    “Se as investigações não forem paralisadas, o PSDB e outros partidos também passarão a ser alvos da fúria moralizante.”

    Há controvérsias. a “fúria moralizante” é uma coisa, a “fúria morolizante” é outra. Esta última tem partido, dois, o PSDB e o pig. E é Tio Sam desde criancinha. É isso que a define. Luta contra a corrupção é desculpa.

    Agora, sem dúvida que dentro do corpo dos procuradores (Moro é juiz de direito e procurador de fato) como um todo, há os que são moralizantes de verdade. Se for o caso, vão também contra o PSDB.

    Talvez isso explique porque o Gilmar agora posta-se contra a lava a jato. É possível que o Moro esteja perdendo o controle dos vazamentos e delações. A fúria geralmente é incontrolável.

  7. Caro Aldo, não diria que este artigo é uma continuação, mas ….

    Caro Aldo, não diria que este artigo é uma continuação, mas sim uma reflexão bem mais corretamente colocada das diferenças entre os dois movimentos, uma reflexão meio superficial, mas incorrendo em uma quantidade de erros menor do que o primeiro texto, mas ainda existentes

    Diria mais, este artigo substitui o anterior que possuía uma grande quanqitdade de desvios, diminuindo esta quantidade, porém ainda presente.

    Continua com um sério e absoluto erro, querer vincular 1920 com 1964, a única semelhança era que os dois utilizavam uniformes, fora disto ZERO. Vou colocar algumas diferenças BÁSICAS que retiram QUALQUER tentativa de vinculação.

    1) Tenentismo era um movimento de TENENTES, logo oficialato mais básico do exército sem vinculações como o poder. 1964 de general para baixo nem entrava.

    2) Tenentismo era um movimento endógeno, 1964 tinha fortíssimas componentes exógenas (vide o embaixador norte-americano e a operação Brother Sam.

    3) A MAIS IMPORTANTE: Tenentismo queriam derrubar as estruturas, 1964 queriam conservá-las.

    4) Há no tenentismo forte vinculação com reivindicações para o povo, 1964 quis bloquear estas reivindicações.

    5) ……

    Poderia colocar mais umas dez características que demonstram a sua COMPLETA E ABSOLUTA AUSÊNCIA DE QUALQUER SIMILARIDADE.

    Não é em hipótese nenhuma aceitar 1964 como tendo alguma dependência, vinculação, ….com 1922, a afirmação só atrapalha e desqualifica o texto. 

    1. Tenentes, com o tempo, viram generais

      Não tem nada a ver o tenentismo dos anos vinte com o golpe de 1964? Então, o que os generais de 1964 estavam fazendo nos anos 20 e 30?

      Uma leitura atenta da História aponta uma nítida continuidade entre o positivismo do século 19, o tenentismo dos anos 20 e sua apoteose final, o governo militar de 1964. Cada momento teve o seu contexto específico, mas de modo geral os militares conspiradores eram indivíduos descrentes da soberania popular, que acreditavam ser a ditadura a única forma de governo capaz de romper com o passado de atraso e levar o país ao desenvolvimento, sem as peias do liberalismo. Desde o tempo de Benjamin Constant eles propunham uma “ditadura científica” constituída por gestores iluminados, apolíticos e de formação puramente técnica, estilo de governo que em 1964 concretizou-se sob o nome de tecnocracia.

      O tenentismo era um movimento endógeno, e 1964 tinha fortes componentes exógenas? Insistir nessa tese é repetir a surrada caricatura dos militares de 1964 como simples marionetes dos EUA, o que nunca foi verdade: a ideologia que os orientava tinha raízes antigas e endógenas, e eles muitas vezes foram contra os ditames de Washigton, como no caso do acordo nuclera com a Alemanha.

      O tenentismo queria derrubar estruturas, e o governo de 1964 queria conservá-las? Mas se era assim, então por que o governo de 1964 revogou a contituição de 1946? Tanto quanto os tenentes (que nada mais eram do que eles mesmos mais jovens) os generais de 1964 queriam demolir as estruturas vigentes a fim de instaurar a “ditadura científica” que propunham desde o século 19.

      E por fim, tenho dúvidas de que os tenentes dos anos 20 tinham mesmo forte vinculação com as reivindicações do povo. Eles nunca foram democratas, e só viam o povo como massa a ser conduzida.

      1. Meu caro quanto aos elementos exógenos, lembro ….

        Meu caro quanto aos elementos exógenos, lembro os constantes treinamentos dos oficiais no Panamá, o governo fantasma de Magalhães Pinto que chamava Kennedy de nosso presidente e já tinha o reconhecimento prometido imediato, a aliança para o progresso, e por fim e mais evidente, e uma frotilha até com um porta-aviões eram tudo isto, o que?

        Solidariedade do povo norte-americano?

        Quanto a visão do povo brasileiro pelos tenentistas como mera massa a ser conduzida esta escrito no depoimento dos tenentistas ou foi uma conclusão sua?

        Uma coisa é um movimento de uma geração, que forjou militares de direita e um Luis Carlos Prestes e outros, outra coisa eram velhos generais que não tiveram nenhum protagonismo relevante de 1922 até 1930. Claro que eles eram tenentes, e em 1964 eu era jovem e tinha cabelo! Qual a lógica de associar alguns generais que eram tenentes na década de 20 como tenentistas. Um é um posto no exército outra é a denominação de um movimento político no exército. Causa e efeito,por favor!

  8. Vou fazer um teste aqui no

    Vou fazer um teste aqui no blog pra ver até onde eu conheço a turma do solzinho, professor Aldo, incluso. Eita povo infantil.

    NÃO vou ler o texto e vou fazer um resumo:

    Lá vai: O judiciário e o MP “viraram” fascistas por culpa do petê. Depois volto pra ler o texto.  

    1. …é pior Cristiana… agora

      …é pior Cristiana… agora eles são os mocinhos… nem o Reinaldo Azevedo pode competir com o Aldo que em tudo culpa o PT…   é a direita travestida de um lustro de esquerda… que usa isso para viver em alto estilo no meio liberal…  

  9. Caro Prof. Aldo,
    O combate à

    Caro Prof. Aldo,

    O combate à corrupção é uma mera desculpa que estes procuradores  e o respectivo juiz utilizam para promoverem o desmanche de nossa economia e de nosso estado democratico de direito.

    Não se engane. Eles não se atreverão a investigar a corrupção demo-tucana, e na improvável hipótese de fazê-lo serão detonados.

    O senhor parte do princípio, a meu ver equivocado, que existe alguma moralidade, ou pureza de espírito, no judiciário como um todo. Isto é um erro.  O nosso judiciário como um todo ( juizes, procuradores, polícia, etc ) é na verdade o mais corrupto de todos os poderes de nossa república. Os nossos juízes historicamente eram escolhidos pelos poderosos do momento, as nossas polícias historicamente não eram mais que jagunços deste poderosos, os delegados ídem, os promotores ídem. 

    Eles só agem em defesa de quem tem o poder (político, econômico e militar) e sempre em detrimento do povo e do trabalhador. 

    Se hoje eles tomam a forma ( aparente ) de um poder moralizante contra a nossa elite política e econômica, é porque eles estão em conluio com um poder maior: o poder imperial dos EEUU e do grande capital financeiro. Mas note bem: ELES CONTINUAL AGINDO EM FAVOR DE QUEM TEM O PODER e em detrimento do nosso povo e do trabalhador.

    Por isso eles não vão investir contra a corrupção demo-tucana pois estes serão preservados para atuarem como capachos, interventores do grandes poder externo.

    Obrigado.

  10. É verdade. O procuradorismo

    É verdade. O procuradorismo surgiu aí do nada e hoje atinge grandes proporções! Esse procuradorismo só seria suportável em uma ditadura, o que no nosso Brasil é inaceitável! Viva o temer!

  11. Cara vc tava fumando o que

    Cara vc tava fumando o que quando escreveu isso dos caras do MP, Judiciário e PF estarem preocupados com corrupção?

    Perguntinhas:

    1- Qual a posição MP/JUDICIÁRIO/PF com relação ao helicóptero com MEIA TONELADA DE COCAÍNA?

    2 – QUal a posição MP/JUDICIÁRIO com relação aos SUPERSALÁRIOS?

    3 – Qual a posição MP/JUDICIÁRIO com relação ao CASO BANESTADO?

    4 – Qual posição MP/JUDICIÁRIO com relação a aposentar JUIZ BANDIDO, tipo prender uma menina de 14 anos numa cela com 30 homens e ela sendo estuprada durante uns 30 dias?

    5 – Qual posição MP/JUDICIÁRIO/PF participando de um golpe de estado que tá DESTRUINDO A ECONOMIA BRASILEIRA E A SEGURANÇA NACIONAL? 

    Tudo que envolve Judiciário e MP é o que de mais corrupto há neste país.

  12. Procuradorismo
    Caro Ptof. Aldo,

    Veja que na sua reflexão vc reporta a movimentos anteriores, da década de 30, e observe que o mote é sempre o cambate a corrupção. O que foi feito de lá pra cá? Qual instrumento esses sucessivos governos criaram para combater a corrupção? Nenhum! No governo de esquerda que se criou mecanismo de cimbate a corrupção, aliado a isto também se promoveu a inclusão social. Isso ninguém pide negar. Vir com discurso de que medidas com as políticas dd inclusão é o responsável peli deficit fiscal é só duscurso para enganar os incautos. A elite, a burguesia sempre de licupletou com a exploração do povo. A ascensão do povo no governo de esquerda provocou um inquietação na classe dominante, que se uniram, firmaram um consórcio para derrubar um governo que não estava permitindo a retomada do poder, portanto, era imprescindível para eles, uma vez que não conseguia derrotar nas urnas, era criar factóides para depor o governo. Sem nenhum puder, sem benhum espírito nacionalista ctiaram situações de toda natureza, prejudicando milhares de pessoas para justificar a saída de Dilma Rousseff. Pontencializaram a crise econômica aprofundando a crise política. Portanto, não há preocupação nenhuma em combater a corrupção, isto é retórica. Apearam do poder quem tinha esse compromisso, para quê? Para continuarem fazendo uso dis mandatos, da política para aumentar o seu patrimônio pessoal. Esta é a verdade que os aliados golpista não vão admitir.

  13. São contra o processo de distribuição de renda

    Nada mais do que isso.

    O que significa a volta do processo de concentração de renda.

    A luta anti-corrupção é fachada, apenas uma falsa justificativa, principalmente considerando a aliança ou preferência com PSDB, que em nada difere dos demais grandes partidos, neste quesito.

    O tenentismo dos anos 30 tinha um plano mais elaborado de construção de estado centralizado, de organização da sociedade e da economia, o fim das oligarquias regionais.

    Os atuais não tem ideologia, apenas o interesse de impedir o avanço da distribuição de renda, para manter o atual status sócio-econômico.

    Eles sabem que com o fim da miséria, da pobreza, e o aumento da renda das famílias mais pobres, vão ter que lavar a própria roupa, cozinhar a própria comida, fazer a faxina em casa, e ter que levar os filhos para a escola.

    São  estes os temores, mesquinhos, nada além disso.

     

     

  14. Eu só não entendo pq a turma

    Eu só não entendo pq a turma do solzinho não assume, de uma vez, que se identifica, completamente, com o moralismo falcatrua do MP. Ou falta coragem ou personalidade…  Sinceramente, acho essa turma meio velha pra ainda ser tão bobinha. Troço chato.

  15. Prezado AldoBom diaDilma

    Prezado Aldo

    Bom dia

    Dilma recebe um governo com 80% de aprovação e 3/4 do congresso a sua disposição!

    Como ela NÃO aceita sentar-se com a máfia legislativa, submissa as elites e oligarquias que os elegeram, derrete e é retirada do cargo com 8% de aprovação e somente 1/5 de apoio do congresso!

    Me explica uma coisa:  ” Ela é tenente ou procuradora” ?!?!?

    Abração !!!

     

  16. Procuradorismo
    Resumindo, o movimento desencadeado em 2013 tinha como objetivos: a) devolver o controle do Estado à direita, b) interromper os avanços sociais, c) manter os privilégios das classes dominantes e INVIABILIZAR o PT como maior partido de esquerda do Brasil e reverter a imagem de Lula como o maior e melhor presidente do Brasil.

    1. O movimento de 2013

      O movimento de 2013 não teve líderes nem seguia nenhum script, foi uma explosão de descontentamento difuso que sinalizou o instante em que a ficha caiu, e o pessoal viu que as promessad do PT eram fantasia.

  17. Quando termina o mandato do

    Quando termina o mandato do Janot ?

    O Temer vai abrir mão de escolher o próximo PGR ?

    Saberemos em breve, se o MP seguirá sua jornada em busca independente ou se voltará a ser o que sempre foi, um órgão subalterno, engavetador de denúncias e crimes dos políticos.

     

  18. Arrivismo seria a melhor

    Arrivismo seria a melhor definição para esse movimento, duvído até que a tal ideologia moralizadora os definiria, o comportamento, as atitudes e a remuneração dessa gente não quadra com o moralismo, talvez apenas com o falso moralismo das classes privilegiadas ou ao velho moralismo político udenista. O protagonismo momentâneo dessa gente é a ante-sala de seu ostracismo político, aplainado o caminho para o projeto de poder tucano,voltam todos ao seu lugar burocrático e social privilegiado. Foram as dificuldades eleitorais do PSDB e o fortalecimento político do PT aos olhos de seus adversários que empurraram toda a oposição para a solução e pela opção da “judicialização da política” e finalmente para a aventura do golpe. A experiência do julgamento do mensalão mostrou o caminho das pedras. A politização do Judiciário era portanto a consequência necessária dessa opção mas este veio primeiro que aquele, e só se entende pelo primeiro. Não era difícil encontrar sócios e o casamento de interesses com um estamento burocrático com a situação social e seu histórico que todos conhecemos.

  19. Muito bom rememorar o

    Muito bom rememorar o Tenentismo e traçar paralelo com o Procuradorismo. Mas sabe-se que dentro do MPF ha divisões e o Procuradorismo é apenas uma faceta da instituição. A mais forte hoje, sem duvida, e a mais perigosa porque até aqui ela se mostrou autoritaria, ideologica e pouco transparente. Em todo caso, as lições do Tenentismo é que mais à frente podemos, mais uma vez, pagar caro por esse arroubo de uma certa classe corporativa, que pensa que pode limpar a politica e dar a ela a cara que tem o MPF. E ess reflexo no espelho pode não ser tão bonito como querem os procuradores.

  20. “A disfuncionalidade do

    “A disfuncionalidade do sistema político e partidário, o alto custo da democracia e a imoralidade sistêmica desenvolveram a percepção individual e coletiva entre procuradores, juízes e policiais federais de que era preciso reagir ao estado de coisas vigente.”

    Como contar um monte de mentiras, mesmo somente se dizendo a verdade (cf. Washington Olivetto).

    Não houve p. de reação alguma PELA MORALIDADE! As máfias aliadas ao tucanismo, ou neo-udenismo continuam a roubar escandalosamente as prefeituras, secretarias estaduais, ministérios, estatais, o diabo, porque sabem que basta acionar os canais “competentes” e negociar as propinas como se fez nos séculos XVII, XVIII, XIX e XX e estamos resolvidos.

    Quer encher-me os olhos de folhas?

  21. Por favor, não emporcalhem os momentos heroicos de nossa históri

    Por favor, não emporcalhem os momentos heroicos de nossa história.

    Já no primeiro texto que li de Aldo Fornazieri, ainda sem má vontade que me despertou agora, felicitei o autor e tentei intervir chamando a atenção das diferenças dos movimentos. Outros comentaristas foram mais críticos e colocaram de forma mais enfática os erros cometidos.

    Após no segundo texto, apesar de serem corrigidos alguns erros, volta o articulista a tentar firmar sua posição de uma analogia do tenentismo com o atual procuradorismo, que na base considero um verdadeiro insulto aos bravos tenentes que pagaram com a vida a comparação com procuradores que não pagarão nem com a perda de seus empregos e além disto um verdadeiro enxovalhamento a nossa história.

    Analogias no estudo da história é um instrumento poderosíssimo, entretanto estas analogias para terem validade devem necessariamente passar pelo filtro da realidade de cada momento em que os eventos se passam. O clássico “O 18 de Brumário de Luís Bonaparte” de Marx é uma das analogias mais conhecidas e utilizadas por historiadores tanto marxistas como não, porém a obra mais mostra as diferenças entre os dois Napoleões do que tenta insistir em comparar de forma acrítica em função do nome dos Imperadores e do golpe que realizam.

    Nos dois textos procura-se insistir nas semelhanças entre os movimentos, que de semelhante tem somente o “ismo” nos fim das palavras, inclusive chegando o autor em uma de suas respostas a uma crítica chamar a atenção que dentro do exército tenentes viram generais, algo que só seria surpreendente se generais virassem tenentes.

    O quadro institucional e a realidade das duas sociedades que alterou em 94 anos (2016-1922) é absoluto, fazendo que estas duas épocas pareçam momntos de países diferentes. Não é levado em conta esta diferença, há um mecanicismo infantil que tenta estabelecer semelhanças a onde não existem.

    Em 1922 tínhamos uma república federativa, oligárquica rural, não industrializada, sem partidos que almejassem a representar as classes trabalhadoras, com direitos civis da população praticamente inexistente. Em 2016 tem-se uma e república federal altamente centralizada, ainda oligárquica, mas com princípios mais democráticos, urbana, industrializada, com vários princípios de direitos civis desenvolvidos e partidos que tentam representar as classes trabalhadoras. Logo qualquer comparação entre estes dois períodos carece de qualquer semelhança mesmo em pequenos detalhes (até o nome do país mudou!).

    Só citar lado a lado Tenentismo e Procuradorismo me causa nojo. A sociedade, como acima exposto, eram duas sociedades distintas, e o mais grave e mais ofensivo aos tenentes. Compar os tenentes de 1922 com os procuradores de 2016 é de uma pobreza analítica que um professor de Sociologia e Política jamais poderia fazer, está parecendo as analogias que se lê no YouTube principalmente entre o nazismo e o socialismo, pois afinal o partido nazista tinha na sua denominação a palavra socialismo!

    O objetivo e a convicção dos tenentes de 1922 e os procuradores de 2016 são completamente antagônicos, os primeiros procuravam ampliar a democracia e por ela estavam dispostos a morrer, os segundos procuram reduzir o sistema democrático e pelas suas convicções nem estão dispostos a caminhar muito e ter uma bolha no pé. Os primeiros agiram totalmente contra o regime vigente numa luta fora da constituição que desejavam modificar, os segundos procuram através de ardis legais ampliarem os seus poderes dentro de um quadro institucional existente.

    Sobre a composição social dos grupos bem lembrou o comentarista Álvaro:

    “Os tenentes de 1920/1930 vinham do povo. Eram a parcela da população que tentava ascender socialmente pelo ingresso na oficialidade do Exército, a “ala” popular das Forças Armadas, com alguma abertura para gente pobre…….. Os procuradores de hoje são essencialmente concurseiros que puderam estudar nas melhores escolas superiores para, depois, obter as melhores classificações nas disputas pelos cargos públicos de altos salários. São, portanto, meritocratas, individualistas e sem nenhum pingo de consciência nacional ou popular.”

    Em resumo, utilizando uma expressão popular, a única semelhança entre os Tenentes de 1922 e os Procuradores de 2016 é o branco dos olhos.

    Devido à insistência do autor em procurar repetir a semelhança entre pessoas que se poderia se dizer sem exagerar que uns podem ser classificados como “heróis da pátria” e outros nem direi como os denomino, não aguentei mais, qualifico o texto como uma desonestidade intelectual de alguém que na posição que ocupa no meio acadêmico JAMAIS poderia cometer tal crime. Crime pois comparar heróis com indenomináveis, e isto é um crime intelectual.

    Por mais que a visão dos tenentes fosse uma visão militar para a solução dos problemas políticos, coisa que não é de se estranhar sendo os mesmos tenentes, temos que lembrar que foram estes tenentes que propiciaram a revolução de 1930, traída ou não por Getúlio Vargas, mas isto seria motivo para outro artigo

    Ao se alinharem estes tenentes frente às tropas oficiais e sofrendo as consequências mortais disto eles não estavam pensando em 1930, 1964 ou 2016, mas sim no dia que foi o último para alguns.

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