Xadrez dos notáveis da República de Bolsonaro: os empresários do lixo, por Luis Nassif

Nos últimos anos, o setor de reciclagem foi alvo de duas operações da Polícia Federal, que identificou esquemas de lavagem de dinheiro e suborno a políticos em empresas de coleta de resíduos: a Operação Descarte e a Operação Vento Levou.

Peça 1 – cenas do último capítulo

No “Xadrez do caso Paraguai e as jogadas ambientais de Ricardo Salles” descrevemos as operações duvidosas do Grupo Leros (que tentou a jogada com a energia de Itaipu) e o Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, quando era Secretário do Meio Ambiente do governo de São Paulo. Mostramos também a profusão de empresas abertas por diretores da Leros, indicando possível manobra para disfarce de acionistas.

Vamos, agora, entender como Ricardo Salles irá preparar políticas federais de interesse expresso da Leros.

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Em vários comentários, alertei para o novo tipo de empresário que ganhou espaço no governo Bolsonaro. Não se trata mais de empresas da economia formal, mas de um grupo que transita entre empresas offshore, CNPJs variados, familiaridade em montar acordos políticos em áreas reguladas.

Peça 2 –  a viagem para o Paraguai

Começamos nosso jogo pelos passageiros do avião que levou os brasileiros ao Paraguai, para conseguir a cota de energia paraguaia da ANDE – a Eletrobrás paraguaia =, em um escândalo que ameaça derrubar o presidente Mário Abdo Benitez.

Joselo Rodriguez é um jovem advogado, representante do vice-presidente paraguaio. Bruno Emannuel aparece apenas em um concurso dos Correios. Deve ser alguém em cargo comissionado, um trainee.

Interessam as quatro figuras restantes: o suplente de senador Alexandre Giordano (PSL-SP), o advogado Cyro Dias Lage Neto e Adriano Deguimendjian, presidente do Grupo Leros. E o dono da aeronave, A. L. B.

Os três à direita do gráfico têm em comum ligações diretas com empresas de reciclagem de lixo: Giordano com a Multi Resíduos (clique aqui), Cyro como advogado da Ambilixo (clique aqui) e da Tupy (clique aqui) entre outras, e Adriano presidente do Grupo Leros, que tem a empresa Legos Green Tech, também do ramo.

O quarto, empresário A. L.B., o “Maranhense”, é o dono do avião que transportou a tropa (clique aqui). A empresa proprietária do avião é AEGEA Saneamento e Participações S.A. Aliás, as empresas de Alexandre Siqueira Chiofetti, um dos sócios da Leros, também é nas Ilhas Virgens Britânicas. Lucena é figura carimbada. Já foi preso por trabalho escravo (clique aqui), envolvido na Operação De Volta aos Trilhos, do Ministério Público Federal de Goiás (clique aqui).

Eles representam a nova elite econômica que ascende com Bolsonaro e o PSL: os empresários do lixo. E sua porta de entrada é o Ministério do Meio Ambiente, do Ministro Ricardo Salles.

Peça 3 – o setor de reciclagem de lixo

Nos últimos anos, o setor de reciclagem foi alvo de duas operações da Polícia Federal, que identificou esquemas de lavagem de dinheiro e suborno a políticos em empresas de coleta de resíduos: a Operação Descarte (clique aqui) e a Operação Vento Levou (clique aqui).

Alexandre Giordano é presidente da Abratres (Associação Brasileira de Transporte de Resíduos)(clique aqui). E, como tal, interlocutor frequente do então Secretário de Meio Ambiente de São Paulo, futuro Ministro Ricardo Salles (clique aqui). O principal mercado, para essas empresas, são os aterros sanitários.

Peça 4 – a gestão Ricardo Salles

Ricardo Salles talvez tenha sido o primeiro Ministro moderno a assumir o cargo com seus direitos políticos suspensos. Tal suspensão se deveu a uma condenação pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, por acusação e manipulação de uma planta, enquanto Secretário do Meio Ambiente de São Paulo, visando beneficiar empresas em áreas de preservação ambiental.

Sua gestão à frente do MMA, como lembrou o Estadão,  consistiu em exonerações em massa, extinção de conselhosperda de órgãos para outros ministérios e desmonte de estruturas e de políticas ambientais (clique aqui). As denúncias de desmonte da agenda verde se tornaram recorrentes (clique aqui).

O único setor a merecer atenção foi o Programa Nacional Lixão Zero, não concidentemente atendendo aos interesses dos três empresários que rumaram para o Paraguai e protagonizaram o maior escândalo moderno da história de um país acostumado a escândalos.

No dia 30 de abril, Salles lançou em Curitiba o Programa Lixão Zero (clique aqui). O programa prevê a liberação de R$ 750 milhões para prefeituras que criarem centros de coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos (clique aqui).

Em maio, bloqueou 86% do orçamento do Fundo Clima, dedicado a apoio a pesquisas visando a redução do efeito estufa. R$ 357 milhões bloqueados foram desviados para o Lixão Zero (clique aqui). O contingenciamento de todos os recursos da pasta acabou comprometendo todos os programas.

Por prudência, recomenda-se ao Ministério Público Federal, Polícia Federal, Controladoria Geral da República, acompanharem de perto os passos de Ricardo Salles. Inclusive por seu histórico à frente da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo.

Pode ser que não aconteça nada de irregular. Pode ser que aconteça;

Luis Nassif

11 Comentários

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  1. Essa gente que chama o PT de quadrilha. Como já disse, Bolsonaro foi colocado na presidência para que o pior que esses tipos possam, enfim, tomarem o Estado para si. Tolos são aqueles que chamam Bolsonaro de bozo. Ele é quem está gargalhando, com o filho cabeça oca embaixador nos Estados Unidos. Nada menos.

  2. Pode ser que não aconteça nada… Esse Nassif é um pândego. Mas dá para entender, as circunstâncias agora são outras. Tudo fede a merda e a lixo . E os narizes dos componentes da elite da PF, do Ministerio Publico e da CGU já se acostumaram com o cheiro do governo que colocaram no poder.

  3. Ou o presidente e seus familiares não tem nada com isto e como homem zeloso, que tem mostrado que corta o mal pela raiz, quando algo vai contra seus valores de probidade, que demita o ministro. Senão, o chorume vai feder bastante…

  4. COMUNICADO À PRAÇA.
    Que não me levem a mau a minha não notada ausência nos comentários do Blog.Antes de me considerar um intelectual,sou antes de mais nada um homem de respeito,sério,de bem.Não me sinto confortável produzir comentários de qualquer natureza,enquanto o País estiver entregue a um indecente,um sujeito que não se dá o respeito,um boca imunda,um desqualificado,desequilibrado,desprovido de alguma virtude inerente ao ser humano.Não gasto meu tempo em comentar situações chulas,imorais,fétidas,oriundas do que há de mais cafajeste na alma humana.Entendo isso como um ciclo,um fenômeno incontrolável que se abate sobre a humanidade,de tempos em tempos,mas nem por isso posso deixar de registrar de forma veemente os erros,as vezes primários,crassos,que cometemos enquanto Poder.A Presidenta Dilma não é a culpada de tudo,assim como Lula,porém e a bem da verdade,carregam sobre seus ombros,alguma parcela de culpa que nos levou a esse estado de morbidez.O Poder nos enebria,nos cega,nos torna condescendentes com malfeitos,nos faz acompanhantes de calhordas tipo Antonio Palocci,e nos faz excluir homens do quilate de um Paulo Lacerda.Quanto nos custou a indicação de dois cretinos,que por ironia do destino teem o mesmo nome:Luiz,o Fux e o Barroso,maus caráter,pulhas,trapaceiros togados,em detrimento de figuras acima de qualquer suspeita ou de condutas ilibadas,postadas a um palmo diante do nosso nariz.Que saibamos,todos nós,sem exceção,aprendermos com os nossos erros,para em um futuro mais próximo,possamos legar aos nossos filhos e netos,um Brasil melhor daquele que recebemos de nossos pais.Au revoir.

    1. Dermeval respeito a sua opinião, e você está certo sobre alguns erros que o PT cometeu, mas eles não são os únicos responsáveis.
      As elites, o PIG, uma parte da esquerda (sem ser o PT) e algumas castas bastantes conhecidas tiveram também culpa. Isso sem falar de uma boa parte da população.
      Esse “mi, mi, mi” de colocar tudo culpa no PT já deu.

  5. Quando investigaram os transportes coletivos no RJ apareceu o Barata e a Assembleia legislativa do Rio de Janeiro. Quando investigarem os transportes coletivos e o lixo em outros estados verão valores inacreditáveis.

  6. Cocô e lixo:deviam estar no brasão do novo governo.
    Senhores golpistas: o que fizeram a este país foi uma desgraça que não tem tamanho. Golpistas, globo, stf, empresários e generais do cabide de emprego: que dívida vcs têm com o país; dívida, infelizmente, impagável.
    Que desgraça!

  7. É tradição que os EUA apoiem o que de pior existe nos países que pretendem dominar. Estas pessoas podem fazer o que bem entenderem em seus “governos”, desde que sejam submissos aos interesses geopolíticos e econômicos ianques. Estamos vendo nascer a versão brazileira daquilo que foi a Nicarágua somozista?

  8. Deve ser coincidência mas…….uma das áreas de predileção de “negócios legais” do crime organizado, mundo a fora, é justamente o lixo……mafias variadas na Itália,EUA, Europa do leste, Japão, Rússia e por ai vai…se “cavocar” esse lixâo ai, vai sair cada ratão gordo…..

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