Governo lançará nas redes sociais vídeos com foco no que chama de privilégios do setor público, destacando diferença no teto das aposentadorias
(Foto Marcelo Camargo Agência Brasil)
Jornal GGN – Até o final de fevereiro o governo irá gastar R$ 50 milhões em peças publicitárias para explicar ao público a reforma da Previdência. Só no ano passado, foram usados R$ 103,5 milhões para a mesma finalidade. Segundo informações da Reuters, na próxima semana, mais uma campanha será lançada nas redes sociais com o foco nos privilégios do setor público e a diferença do teto das aposentadorias de servidores e aposentados pela iniciativa privada.
O que a equipe de propaganda do governo não considerou é que o exemplo usado para atacar o sistema atual é semelhante a vida do presidente Michel Temer. O emedbista se formou em direito, trabalhou como procurador do Estado de São Paulo e aposentou-se aos 58 anos recebendo remuneração bruta de R$ 54 mil.
O vídeo produzido pela equipe de marketing apresenta uma personagem fictícia chamada João, formada em direito, que trabalhou como funcionário público e aposentou-se aos 50 anos com valor integral de R$ 35 mil. A propaganda conclui com: “Todos pela reforma da Previdência. Todos pela igualdade”.
No caso real, o de Temer, como hoje também ganha salário de R$ 30,9 mil como presidente, seu vencimento mensal sofre abate-teto e deduções e, em outubro, por exemplo, seu rendimento foi de R$ 22,1 mil.
Em outro vídeo produzido, o governo imita a conhecida propaganda do posto Ipiranga. Uma mulher para o carro e pergunta para um homem na estrada onde se encontra “gente que se aposentando com 30 mil reais”, ou “aposentados com 50 anos” e ouve como resposta “no posto da Previdência”. Mas, quando ela pergunta onde encontrar uma Previdência justa, a resposta é “aí só com a reforma da Previdência”.
Os novos vídeos vão ser divulgados com o slogan “Reforma da Previdência. Contra os privilégios, a favor da igualdade”. Entretanto, a única mudança que o pacote da reforma traz em relação ao funcionalismo público é a idade mínima que passaria a ser a mesma da iniciativa privada: 62 anos para mulheres e 65 anos para homens. Desde 2013, os servidores já se aposentam pelo teto do regime geral da Previdência. Isso a propaganda não conta.
Ainda em 2013, foi criado o fundo de previdência complementar dos servidores para garantir a aposentadoria acima do teto para quem entrou depois da mudança. A reforma de Temer também não altera esse ponto.
*Com informações da Folha e da Reuters
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Aposentadoria
Alardeiam tanto os prigvilégios. Porém, há de se considerar que o servidor público que aposenta com, por exemplo, R$ 11 mil, contribuiu sobre R$ 11 mil. No regime geral aposenta-se com, no máximo, cerca de 5,5 mil, contribuindo sobre tal valor, mesmo que aufira R$ 11 mil. Não seria justo que, contribuindo sobre R$ 11 mil, o servidor aposentasse com R$ 5,5 mil. Se for estabelecido o teto, a base de contribuição não pode ultrapassar tal limite. Deve haver, também, uma regra de transição para aqueles que contribuem há algum tempo. Caso contrário, os privilegiados de hoje tornar-se-ão os penalizados do futuro, pois contribuiriam sobre valores que jamais alcançariam qundo se aposentassem. No exemplo citado, o servidor estaria contribuindo em dobro.