Reforma da Previdência de Temer é retrocesso, alerta Gleisi Hoffmann

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) defende que a Reforma da Previdência, enviada pelo governo de Michel Temer ao Congresso, representa uma “barbaridade” ao trabalhador, considerando o alto nível de desemprego, o impacto no salário mínimo com a PEC 55, e as diferenças regionais de locais em que a expectativa de vida é ainda menor do que a idade prevista para se aposentar.
 
“Essa PEC atinge, principalmente, o lado mais pobre da população, aquele que mais precisa de previdência e da assistência social. Mas essa reforma da Previdência já está na boca, em todos lugares ela é comentada, porque ela é perversa”, disse a parlamentar em entrevista à Rádio Brasil Atual.
 
“Uma das coisas mais absurdas é a desvinculação do salário mínimo dos benefícios assistenciais e o fim da política de sua valorização. Hoje, 80% dos aposentados ganham salário mínimo, ou seja, sem a política de valorização nós vamos deixar a maioria das pessoas no Brasil com uma renda (a cada ano) menor”, informou, ainda.
 
Ouça a entrevista completa e, abaxo, a transcrição da Rede Brasil Atual:
 
 

Senadora, como está a mobilização contra a PEC 287, que piora a situação dos trabalhadores e aposentados?

Nós vamos retomar os trabalhas do Congresso no dia 1º. A Câmara vai votar primeiro essa proposta.

Essa PEC atinge, principalmente, o lado mais pobre da população, aquele que mais precisa de previdência e da assistência social. Mas essa reforma da Previdência já está na boca, em todos lugares ela é comentada, porque ela é perversa.

Uma das coisas mais absurdas é a desvinculação do salário mínimo dos benefícios assistenciais e o fim da política de sua valorização. Hoje, 80% dos aposentados ganham salário mínimo, ou seja, sem a política de valorização nós vamos deixar a maioria das pessoas no Brasil com uma renda (a cada ano) menor. 

Temos ainda a questão da idade. Hoje você pode se aposentar proporcionalmente e consegue se aposentar de uma maneira integral, mesmo com menos idade, pois é considerado o tempo de contribuição. Com a PEC, eles mudam a regra: as mulheres precisão ter 65 anos de idade e 30 anos de contribuição para se aposentar, mas sem o benefício previdenciário completo. Para a pessoa se aposentar integralmente, ela precisa contribuir por 49 anos. Isso vai pegar a população mais pobre, que precisa dessa assistência.

Tem regiões no Brasil onde a expectativa de vida é de 64 anos. Como essas pessoas se aposentarão?

Não vão, porque a PEC não pensa na diferença regional, então na região Nordeste, por exemplo, as pessoas morrerão trabalhando para se sustentar. Outra coisa que a PEC não pensa é o tipo de trabalho, porque é muito diferente ter 65 anos e trabalhar em um escritório para aqueles que vão trabalhar na roça.

A característica especial da aposentadoria rural, que poderia contar o tempo de trabalho, isso acaba, ou seja, ficará igual ao sistema de aposentaria dos trabalhadores do meio urbano.

Como a senhora vê o argumento do governo, que justifica essa reforma por conta do déficit da Previdência?

Se nós olharmos a Previdência contributiva pode se dizer que há um déficit, porque o total de pessoas que recebem os benefícios que são pagos dá uma diferença. Só que o nosso sistema previdenciário é montado no sistema de seguridade social. A Constituição de 88 prevê três pilares da seguridade social: a Previdência Social, a saúde e a assistência social. Esses três pilares são os responsáveis por diminuir a diferença de renda entre a população. Para isso, foram criados outros tributos: a Cofins, que é a contribuição sobre o faturamento, e a Contribuição sobre o Lucro Líquido das empresas. Isso serve para financiar esse sistema de seguridade.

Portanto, não dá para se falar em déficit, porque a nossa concepção é diferente. Se nós pegarmos tudo que a seguridade social arrecada e tudo que paga nesses três itens do pilar, não temos déficit.

O que eles querem é fazer com que a Previdência seja só contributiva, colocar um salário menor para dar aos cidadãos que não conseguiram contribuir, para ter mais recursos e pagar os juros da dívida. Ninguém é contra pagar a dívida, mas é errado esses juros altos fazerem um aperto na população e satisfazer o sistema financeiro.

Além disso, esse governo parte de um pressuposto de que todas as pessoas terão emprego durante toda a vida, então não teria problema de contribuir por 49 anos. Mas sabemos que isso não é verdade, olha a situação de desemprego. Não dá para apoiar essa reforma, é uma barbaridade o que estão fazendo.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Eu gostaria de saber a

    Eu gostaria de saber a opinião da Senadora Gleisi Hoffmann sobre as reformas promovidas pelo PT no governo federal que aumentaram a idade mínima pra se aposentar. 

  2. perfeito.
    nenhum argumento do

    perfeito.

    nenhum argumento do bonde golpista se sustenta 5min numa argumentação esclarecida.

    bora pro debate?

     chamemos interressados em defender essas propostas(são horriveis, então teremos q usar a carta da competencia e chamar pessoas oficialmente atribuidas nessa meta) e especialistas diverssos. transmite ao vivo, bota no toutube, espalha na rede.

    pra rua e pro debate!

    o povo é a chave, abriremos os portões.

    e dilma volta! pq não há opção fora o ridículo eterno de PGRs e STFs…o povo irá constranger estas figuras a agir de forma correta – ou pelo menos tentar.

    Brasil, re-DILMA-se!

     

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