MST promove ‘chuva’ de sementes no bioma mais ameaçado do Brasil

Sendo o bioma mais rico em biodiversidade do mundo, a Mata Atlântica é o mais ameaçado de extinção.

Foto Juliana Barbosa

A Mata Atlântica, bioma mais diverso e mais ameaçado do Brasil, recebe uma chuva de sementes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A ação foi realizada em Quedas do Iguaçu, região central do Paraná, e foram 4 toneladas de sementes de palmito juçara, ameaçada de extinção, chovendo na mata.

Sendo o bioma mais rico em biodiversidade do mundo, a Mata Atlântica é o mais ameaçado de extinção. Na Semana Mundial do Meio Ambiente, o MST e órgãos públicos se unem para a semeadura de sementes de juçara, palmito também ameaçado de extinção.

A chuva para semeadura de palmito juçara aconteceu nesta quarta-feira, dia , em uma área de 67 hectares de reserva legal da comunidade de reforma agrária Dom Tomás Balduíno, nas encostas do Rio Iguaçu e da represa da Usina de Salto Osório.

A degradação da área se deu pelo monocultivo de pinus e eucalipto por uma empresa e hoje mais de 2,5 mil famílias vivem na região, mudando o quadro de extinção.

“Essa atividade movimenta todas as famílias, ela faz parte do anseio das famílias de voltar a ter esses tipos de ações que mostrem a participação delas, que estão aqui lutando e preservando. E pra mim é um dia muito especial pela minha identidade com a questão ambiental e com a preservação da espécie”, comentou Tarcísio Leopoldo, da Direção Estadual do MST e morador da comunidade Dom Tomás Balduíno.

Na ação organizada pelo MST colaboraram diversas organizações como Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA/PR), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Itaipu Binacional, Prefeitura e Câmara de Vereadores de Quedas do Iguaçu e Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

O comandante da PRF Juliano Kunen pilotou o helicóptero que espalhou a juçara pela mata. “Missão cumprida sem nenhuma intercorrência, dessa forma a gente se sente feliz em ter contribuído com a semeadura de tantas juçaras. E missão dada é missão cumprida!”. Filho de produtores rurais de Nova Prata do Iguaçu, município próximo ao local da ação, Kunen revelou um diferencial da missão: “Eu estou me sentindo em casa aqui, poder ver as margens do rio renascendo com o plantio, deixa a gente num misto de emocionado e satisfeito em poder contribuir”.

Além do ganho ambiental, a disseminação do palmito juçara reflete o avanço da utilização do seu fruto como fonte de renda, conforme explica Manuela Pereira, professora da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e coordenadora do Laboratório Vivam de Sistemas Agroflorestais da universidade. O projeto trabalha com 56 famílias, de 7 municípios da região Centro do Paraná. O desenvolvimento de produtos é o ponto forte do projeto que transforma os frutos da Mata Atlântica, como a guabiroba, o jerivá, o araçá, butiá e pitanga, em doces, geleias, sorvetes, polpas e balas.

“Os agricultores perceberam que deixar a juçara em pé é bem mais rentável do que extrair o palmito. Aqui no acampamento Dom Tomás já foi erradicado totalmente qualquer tipo de extração”. A fruta rende muito mais, porque a partir do 8º ano de vida, a árvore dá frutos anualmente, conforme explica a professora. No caso da extração do palmito, a árvore é cortada, por isso o avanço da ameaça de extinção da espécie.

Silmara Silva, presidenta da AMAST, enfatizou a importância da ação para geração de renda e autonomia para as mulheres. Para a camponesa, a festa “é um marco na história do Movimento” por mostrar o potencial de frutas nativas da floresta, muitas vezes consideradas “sem muito valor”. “A gente está mostrando como elas [ as frutas nativas ] podem ser usadas, vai estar valorizando e além de todo o processo que elas fazem ali, tem a questão ambiental também”, comentou.

Com informações do MST

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