Casos prováveis de dengue ultrapassam marca dos 100 mil apenas em 2025

Camila Bezerra
Jornalista

Em cinco dias, quase 10 mil novos casos prováveis foram registrados, e o número de óbitos dobrou; a especulação imobiliária influencia o aumento de casos

Mosquito Aedes aegypti, que é o transmissor de todas as arboviroses que atualmente circulam no país, como a Dengue. | Foto: © 41330/Pixabay

O painel de monitoramento do Ministério da Saúde indica que, apenas em 2025, o país registrou 104.570 casos de dengue, 21 vítimas e 120 óbitos em investigação. 

Desde o dia 22, foram quase 10 mil novos casos prováveis registrados, e o número de óbitos praticamente dobrou (de 11 para 21).

Os dados que preocupam pesquisadores e o Planalto, que intensificou a campanha contra a doença e anunciou a distribuição de 6,5 milhões de testes rápidos para diagnóstico da dengue em todo o país. 

Para o pesquisador da Fiocruz Antônio Sérgio Fonseca, a situação é ainda mais alarmante devido à confirmação do sorotipo 3 da dengue, que não era observado desde 2007 no Brasil e que grande parte da população não tem imunidade a ele.

“Isso quer dizer que quem tem até 17 anos não foi exposto a esse vírus. Só aí, temos uma massa enorme de pessoas suscetíveis. São pessoas que nunca tiveram nenhum contato e muito menos a doença. Se o mosquito encontra vários suscetíveis, ele transmite mais facilmente de um para o outro. Então, com isso, se aumenta largamente o risco da disseminação”, afirmou o pesquisador ao podcast Repórter SUS.

Especulação imobiliária

Para prevenir novos casos, o pesquisador sugere uma velha prática já conhecida da população: evitar o acúmulo de água parada em qualquer tipo de recipiente, locais onde o mosquito faz criadouros. Além de residências, a recomendação é válida também para terrenos baldios e depósitos de lixo. 

No entanto, além das chuvas torrenciais que atingem cada vez mais as cidades, o pesquisador aponta a especulação imobiliária como novo fator que impulsiona o número de casos.

“No conjunto de coisas que interferem está a mudança urbana. Nós temos dois dois componentes dessa mudança. O primeiro está nos grandes aglomerados, em que você tem baixa qualidade de saneamento, baixa qualidade no armazenamento de água. São locais em que podem surgir criadouros. No outro lado da equação existe a especulação imobiliária, que também pode ter criadouros. Quando você tem essa especulação muito forte, se reduz os espaços de novas construções. Então cria-se menos espaço para construir melhores condições de moradia, com um planejamento urbano mais decente”, conclui Antônio Fonseca.

*Com informações da Agência Fiocruz.

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